Spotted Snow

Camisolas e pegadas

A metade inferior do corpo de uma das mulheres estava sendo arrastada mais profundamente nos labirintos para seu ninho para comê-la. Havia coisas muito piores espreitando sob a Mansão do que a própria Condessa. Servindo como limpeza para as refeições da Senhora. Até o sangue no chão empoeirado é lambido por línguas cobertas de verrugas. Corpos longos e pálidos escalando uns sobre os outros, olhos brancos cegos afundados profundamente dentro de crânios grotescos. Cordas vocais esquerdas tagarelando rasgadas, felizes por terem outra refeição para se divertirem. Mãos magras e gananciosas tateavam na escuridão enquanto as velas derrubavam e pisavam. Nenhuma das criaturas ousou tocar na Senhora e na gata enquanto elas saíam da caverna. Parecendo se curvar diante da Condessa, em reverência. Elas podem ter sido bestas irracionais, mas os instintos de quem estava no topo da cadeia alimentar ainda ecoavam. 

As criaturas eram feias, com certeza. Minhas orelhas achataram-se contra meu crânio enquanto um rosnado profundo saía do meu peito, a cauda se esticando para fora. Elas caíram do teto como baratas e correram de quatro até os corpos deixados pela Senhora. No entanto, nenhuma fez um movimento em nossa direção, até mesmo batendo a cabeça no chão enquanto passávamos em uma reverência. 

"Arranhe gatinho. Eles são inofensivos enquanto eu estiver aqui." 

A voz da Lady não me deixou espaço para discordar, meu rabo relaxou e se enrolou em volta do meu tronco, orelhas em pé em posição de sentido. Olhando para minha mão, ela ainda a segurava, tendo entrelaçado seus dedos entre os meus. Minha mão parecia tão pequena na dela. Calor frio vazando da dela. 

"Sim, senhora." Murmurei. 

Inalando pelo meu nariz, seu cheiro inundou meu cérebro, o cheiro de ferro e neve. Mesmo encharcado em sangue, seu cheiro natural o dominou. Isso enviou uma onda de calma sobre mim. A cena que eu tinha acabado de assistir ainda estava fresca em minha mente, um arrepio na minha espinha com o quão à vontade eu estava perto do sangue. Uma pontada de culpa passou por mim, já querendo me juntar à Senhora para uma de suas "refeições" novamente. Sua sede de sangue era inebriante, colocando todos os meus desejos primitivos em suas correntes para mostrar a ela que eu poderia enfrentá-la sem medo. O outro lado de mim queria apenas ter aquela natureza predatória voltada contra mim, ter suas presas em mim, suas garras rasgando minha pele dolorida. Preso à sua mercê, dando luta suficiente para fazê-la me agarrar com mais força, me colocando no meu devido lugar. 

Meu nariz se alargou enquanto eu balançava a cabeça para me livrar dos pensamentos menos que apropriados para a Lady. Um gato de fazenda camponesa como eu, só poderia sonhar acordado com tais maravilhas. Outro banho frio esta noite. 

Estando tão perdido em minha cabeça e na pressão constante das mãos da Lady nas minhas, quase esbarrei direto na bunda coberta de um vestido amplo quando ela parou diante de um beco sem saída. Minha cauda chicoteou para fora, disparando para fora, parando meu impulso, meu nariz a poucos centímetros de sua parte traseira. Dando um grande passo para trás, sua mão tendo deixado a minha, eu me amaldiçoei e olhei para o chão. 

O som áspero de engrenagens de metal chegou aos meus ouvidos, o chão tremia sob meus pés. Olhando para cima, uma grande parte da parede estava deslizando para o lado, do outro lado, um gigantesco quarto principal estava diante de mim. Minha boca se abriu para meu horror. A Senhora estava olhando para trás e para mim por cima do ombro. 

"Feche a boca, gatinha. Senão, posso ficar tentada a fazer o mesmo." Sua voz era provocante, mas ainda firme. 

Minha boca se fechou com tanta força que meu maxilar doeu, minhas orelhas se mexendo em aborrecimento com a leve dor. Sem me dar mais um pensamento, a Senhora virou a cabeça e entrou em seu quarto. Não tendo que me abaixar para passar pela entrada da parede. Depois de uma segunda hesitação, entrei também, puxando a ponta do meu rabo para dentro com gosto, pois a porta já havia começado a deslizar para casa a uma velocidade alarmante.