O cheiro de desinfetante entrava nas narinas do rapaz. Tentava abrir os olhos, suas pálpebras estavam pesadas. O barulho do eletrocardiográfico o incomodava. Percebeu-se que estaria num quarto de hospital. A luz o cegou por instantes, enquanto entreabria os olhos lentamente.
Olhou em volta, não lembrava como chegara ali. Tentou se mover, tentando sair dali. Arrancou do corpo os cabos do eletrocardiográfico, o oxímetro de pulso e o cateter do braço. Estava nervoso, tudo o que queria era sair mais depressa possível. A única coisa que conseguiu causar fora o barulho estridente dos aparelhos.
_ Chamem a Doutora. – Gritava uma auxiliar de enfermagem- O paciente 15 acaba de acordar do coma.
_ Quero sair daqui! – O rapaz gritava. Irritado.
_ E está nervoso. - Outra auxiliar – O que faremos enfermeira Kaori?
_ Segurem-o! Enquanto os outros aplicam o calmante.
Dois auxiliares seguraram ambos os pulsos do garoto, outros dois pressionavam o dorço deste contra a cama. Três outros tentavam aplicar o calmante. Ele, cansado e desnorteado, não pode impedir.
_ Está sem acesso. Vamos ter que dar intramuscular, o segure mais um pouco.
Aos poucos sentiu seu corpo pesar novamente, era uma sensação de imponência, seus batimentos cardíacos foram abaixando, esse era o efeito de um calmante.
_ Doutora Inoue! – Enfatizava a enfermeira chefe – Tivemos que calmá-lo.
_ Tudo bem, obrigada – Falou, sempre com uma voz doce.
O rapaz, imediatamente reconheceu aquela voz. Direcionou o olhar rapidamente para os pés da cama, o que resultou numa leve tonteira. Viu uma bela moça com madeixas alaranjadas e olhos tempestuosamente gentis.
_ Olá, como está se sentindo? – Dirigiu-se ao rapaz, aproximando-se até chegar ao lado de sua cabeça.
_ Como cheguei aqui? – Sua voz saiu baixa e meio grogue.
_ Você sofreu um acidente de moto à três semanas.
_ Três semanas? – Repetiu incrédulo. – Então isso quer dizer...
_ Você estava em coma. Um coma natural, como se seu próprio corpo desligasse para reparar.
Fechou os olhos para assimilar o que estava acontecendo, depois abriu e olhou novamente para moça.
_ Não me lembro do acidente, ou antes, dele.
_ Provavelmente você teve uma amnésia temporária. Mas você lembra-se de algum fato da sua vida?
_ Não. Sinto-me vazio. Não me lembro de nada, nem do meu nome.
_ Ichigo. Este é o seu nome.
Olhou supresso e ao mesmo tempo desconfiado para a moça.
_ Eu o socorri naquele dia. - Ela respondeu olhando diretamente o garoto.
_ Hmm...
_ Vejo que você já chegou aqui Orihime. – Um rapaz magro de óculos chegava ao bloco. - Como está o paciente?
_ Está progredindo o tratamento, Dr. Ishida. – virou para responder
_ Que bom. – parou de braços cruzados ao lado da moça. - Agora podemos fazer a tomografia para ver se houve algumas outras sequelas.
_ Algumas outras sequelas? – Ichigo entrou na conversa. Um pouco espantado.
_ Sim, se houve algum trauma no cérebro. – explicava o Doutor - Esse diagnostica só é possível fazer no paciente depois de despertado no coma.
_ Você teve sorte no acidente, a sua coluna não sofreu nenhum tipo de traumatismo. - Tentava tranquilizar o rapaz ao perceber o seu olhar de preocupação.
_ Ichigo. - Ishida ia saindo do bloco. - Pode ficar tranquilo, tudo ocorrerá bem.
_ Vou prescrever o exame, você fará ainda hoje.
_ Doutora... - A chamou. - Essa amnésia por acaso é permanente?
_ Não – Aproximou-se dele ficando ao seu lado novamente. - É temporária. Você pode lembrar aos poucos ou em um estalo. Pode ser uma palavra ou objeto fará lembrar-se de tudo. Isso é comum ocorrer após de algum acidente.
Ficou um tempo pensativo, tentou falar alguma coisa.
_ Ah! Que coisa minha! – Orihime fez um movimento de "palmface" que contrariou o rapaz. - Esqueci-me de apresentar, me chamo Inoue Orihime. – Sorriu gentilmente.
_ Obrigado. - respondeu o rapaz.
_ Huh? – Encarou-o diretamente.
_ Por ter me salvado naquele dia.
_Ah! Não precisa agradecer. - Interpretava os sinais vitais do rapaz. – O importante é que você está bem.
O silêncio reinava enquanto ela o examinava. Ele apenas observava suas feições, traços finos e delicados, parecia como os de um anjo. Tentava lembrar-se se a conhecia de algum lugar, mas não adiantou nada. A sua memória estava vazia.
_ Bom. Não tem nada com o que se preocupar, está tudo bem. – ela toca a mão do rapaz para trocar o oxímetro de dedo. – Melhor você descansar um pouco, afinal você teve um dia agitado. Pela manhã estará fazendo seus exames. Descanse.
_ Obrigado. - aperta um pouco a mão da moça.
_ Então até mais. - soltou a mão e retirou do bloco.
Ichigo observa o local antes de adormecer um pouco, acostumar com ambiente seria o melhor a se fazer naquele momento. Mesmo estando ali a três semanas, aqueles barulhinhos era um incômodo.
O CTI estava tranquilo, apenas umas auxiliares conversando:
_ Você ficou sabendo? O paciente 15 saiu do coma.
_ O primo da Doutora?
_ Vê como ele é sortudo? A própria prima socorrê-lo. Praticamente o salvou.
_ É mesmo. Aqui serão que eles são descentes de irlandeses para terem cabelos ruivos?
_ Huh? Não sei.
As duas foram se afastando. Somente uma parte da conversa o deixou intrigado: "primos". Aquilo poderia ser um ponto inicial da sua busca.
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Trouble Maker
FanfictionKurosaki Ichigo, um homem envolto a segredos, que após um acidente, esquece completamente de quem era no passado e dos perigos que o cercavam. Vendo-se obrigado a agarrar a última luz que se abrira para ele, sua prima de primeiro grau, Inoue Orihime...