A proposta

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— Eu... O quê? — Pergunto, surpresa e confusa.
— Você é perfeita!
— Sou perfeita para quê?
— O que você pensa que está fazendo, cara? Ela nunca aceitaria isso. — Caíque se levanta e vem até nós.
— Isso o quê?
— Não custa tentar. — Paulo encolhe os ombros, virando-se para Caíque.
— Será que vocês podem responder minhas perguntas? — Indago em tom de irritação.
— Com licença. — Uma mulher tenta passar pela porta da lanchonete.
— Ah, é claro. Me desculpe. — Dou-lhe passagem. Em seguida, me volto para os dois. — Olha Paulo, eu realmente não sei do que vocês estão falando, mas eu estou com muita pressa agora e...
— Helena, por favor, nos escute. Prometo que será rápido. — Paulo me olha com súplica. — Por favor.
— Ok, tudo bem. — Cedo, baixando os ombros. — Se for rápido.
— Será! — Paulo sorri. — Por favor, sente-se aqui.

Sigo os dois até a mesa.

Me sento de frente para Caíque e Paulo e coloco minhas compras sobre a mesa.

— Bom, não sei se você sabe, mas o nosso amigo aqui é filho de um dos maiores CEO's do País. — Paulo dá um tapinha orgulhoso no ombro de Caíque. — Só que nosso querido amigo não é muito adepto à vida séria e responsável que seu pai tanto almeja para ele.
— É, já ouvi falar disso. — Dou um gole em meu cappuccino.
— Será que podemos deixar esses detalhes de lado? — Caíque intervém. — A questão é que meu pai bloqueou todos os meus bens. Tudo, sem exceção. E só os recuperarei se me casar e me tornar o homem responsável e capaz de cuidar dos negócios da família, como ele quer.
— Que fase, heim amigo? — Cerro meus dentes. — Mas... Onde é que eu entro nessa história?
— Não é óbvio? — Paulo sorri.

Encaro-o, surpresa.

— Espera aí. Deixa eu ver se entendi direito. — Coloco meus cabelos atrás das orelhas. — Vocês estão me propondo um casamento? Um casamento falso, onde eu ajudarei Caíque a enganar todo mundo?
— Enganar é uma palavra muito forte. — Paulo faz uma careta. — Nós só iremos provar que Caíque mudou e é completamente capaz de administrar a empresa.
— E vocês acreditam que um casamento pode provar isso?
— Sim! — Os dois consentem.
— E eu serei a esposa que opera milagres?
— Exatamente. — Paulo sorri.
— Vocês só podem estar de brincadeira. — Rio pelo nariz, ironicamente. — Isso nunca daria certo!
— Por que não?
— Porque acredito que, sejam lá quem vocês querem convencer, não sejam tão tolos assim. De um dia para o outro, o cara que vive em baladas, arrumando briga e pegando todas, arranja uma noiva e decide se casar? Não faz o menor sentido, Paulo!
— Claro que faz. Além disso, as pessoas adoram ver a redenção dos caras maus.

Reviro os olhos.

— O meu futuro está em suas mãos, Helena. Eu lhe dou o que quiser se me ajudar.
— Sinto muito, Caíque... Mas não posso fazer isso.
— Por favor, Helena. Considere nossa proposta.
— Eu não posso me casar, assim, de uma hora para outra, Paulo. Além disso, nós mal nos conhecemos.
— Melhor ainda. — Paulo sorri torto. — Vai por mim.

Caíque olha Paulo com o semblante fechado.

Eu suspiro.

— Como isso funcionaria?
— Simples: vocês engatam um namoro perfeito, digno de filme, e por não conseguirem mais viver longe um do outro, resolvem oficializar a união o mais breve possível. — Paulo explica. — Isso convencerá a todos.
— Entendi. E quanto tempo durará esse contrato? Afinal, será um contrato, certo?
— Certo. — Caíque responde. — Será apenas por um ano. Depois cada um segue seu rumo.
— Isso é loucura. — Faço um gesto negativo com a cabeça.
— Na verdade, é fantástico! Vantajoso para todos os lados. — Paulo rebate.
— Eu preciso pensar. Isso não é um convite para tomar sorvete... Minha liberdade está em jogo.
— Será um casamento de fachada, Helena. — Caíque me lembra. 
— É, mas de um ano.
— Pense bem. Eu posso te oferecer uma vida de princesa, mesmo depois de nos "separarmos".
— Olha Caíque, a vida de princesa não me interessa. Eu nem mesmo me encaixo nessa definição. — Rebato. — O que eu estou me perguntando é: por que eu? Você tem a mulher que quiser aos seus pés. Qualquer uma se mataria por essa chance.
— Helena, você é a esposa perfeita! Íntegra, trabalhadora, inteligente e confiável. — Paulo enumera nos dedos. — Soube disso no momento em que você começou a dar aulas para o meu irmão. — Sorrindo, completa: — E meu amigo aqui também tem uma quedinha por você.

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