Ouço barulho de carros passando pela rua, mas, por mais que eu tente, não consigo ficar de pé. Me sinto zonza, enjoada e minhas mãos estão trêmulas.
O que está acontecendo comigo?
Olho em volta, sem reconhecer o local.
Esta não é minha cama, tampouco meu quarto. E por que diabos estou só de lingerie?Ouço um barulho de água próximo, provavelmente de um chuveiro. Isso significa que há mais alguém comigo.
Sorrio aliviada, com a certeza de que é Caíque, mas meu sorriso logo desaparece quando a porta do quarto é abruptamente escancarada.
— Helena? — Caíque me encara, em um misto de surpresa e decepção.
— Caíque? Mas você não...? — Paro subitamente de falar quando um cara loiro sai do banheiro apenas de toalha, parecendo tão surpreso quanto eu.
— Opa! Você não disse que teríamos visita, morena.
— O quê? — Encaro-o inconformada, cobrindo meu corpo com o fino lençol branco. — Do que é que você está falando? Aliás, quem é você? Eu nem te conheço!O cara me olha, ofendido.
— Como assim, não me conhece, Helena? Está louca? — Ele gesticula. — E esse cara, quem é?
Caíque solta um riso sem humor.
— Eu? Eu sou só o marido dela.
— Marido? — O cara corre os olhos de Caíque para mim. — Você nunca me disse que era casada.Dou uma risada, um pouco por nervosismo, um pouco por desespero.
— Isso não pode estar acontecendo. — Posto as mãos na cabeça, com meus olhos marejados. — Não pode.
— Quer saber? Para mim chega. Eu vou embora! — O cara recolhe suas roupas do chão com pressa. — Se entendam aí. — Sai do quarto, batendo a porta.Caíque segue me olhando fixamente.
— Ca... Você não está acreditando nisso, está? — Ajoelho-me na cama, tentando alcançá-lo. Ele porém, se afasta.
— Não me toca, Helena. — As lágrimas correm por seu rosto.
— Caíque, pelo amor de Deus! Eu nunca vi aquele cara na minha vida! — Minha cabeça parece estar prestes a explodir, mas me mantenho firme.
— É, eu percebi mesmo. — Ele ri sem humor, olhando para meu corpo.
— Caíque... — Peço entre soluços. — Por favor, acredita em mim!
— Acreditar em quê, Helena? Olhe só para você. — Ele me fita com repulsa.
— Ca... Eu não faço ideia de como vim parar aqui! — Choro. — Eu só sei que estava com Lívia no Coffee Lab...
— Coffee Lab? — Ele me interrompe. — Você não disse que estaria com Alice no shopping?
— Eu... Eu menti para você sobre isso, mas...
— Você mentiu sobre muitas coisas, pelo visto. — Caíque seca com violência as lágrimas que insistem em escorrer de seus olhos.
— Eu não fiz nada! — Meus joelhos cedem. — Por favor...
— Vista suas roupas, vou pedir um táxi para você. — Ele se vira para a porta, prestes a sair.
— Caíque!Ele se volta para mim.
— Não faz isso comigo. Não me deixa, por favor. — Imploro, entre lágrimas.
— Olhe só como a vida é engraçada. — Ele sorri amargamente. — Eu sempre tive uma má reputação. Todos achavam que eu partiria seu coração. Mas, na verdade, foi você quem partiu o meu.
— Não! Eu não fiz isso, eu não te traí! Por favor, olha para mim! — Me aproximo, segurando seu rosto. — Eu te amo, Caíque. Te amo muito!
— Um pouco tarde para me dizer isso, não acha? — Ele segura o choro. — Eu perdi a conta de quantas vezes desejei ouvir isso de você, Helena. Um simples "eu te amo". Me pegava pensando em como eu me sentiria ao ouvir isso. E agora... — Respira fundo. — Essas palavras só me causam dor.
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Plano B
RomansaHelena perdeu seus pais em um trágico acidente, ainda muito nova. Desde então, trabalha duro para sustentar a casa e oferecer uma vida digna à sua irmã, Alice. As dificuldades a fizeram ter sede de vitória e traçar um plano para sua vida: se formar...