Helena perdeu seus pais em um trágico acidente, ainda muito nova. Desde então, trabalha duro para sustentar a casa e oferecer uma vida digna à sua irmã, Alice.
As dificuldades a fizeram ter sede de vitória e traçar um plano para sua vida: se formar...
— Agora você pode me explicar o que foi aquilo? — Pergunto, enquanto almoço com Caíque. — Aquilo o quê? — Ele finge não entender, dando um gole em seu suco.
Reviro os olhos.
— Por que você me beijou daquele jeito no meio do corredor? — Vi que você estava nervosa. — Dá de ombros. — Tentei ajudar. — Ah, claro. Me beijar foi uma ótima ajuda! — Me desculpe. Eu agi por impulso... Enfim. — Você já pensou se alguém tivesse nos visto? — E o que tem de mais nisso? Estamos na minha empresa e somos casados. — Ah, é... — Reflito. — Faz sentido.
Caíque sorri.
— Mas mesmo assim, você não pode ficar me beijando desse jeito! — Ok. Me desculpe. — Tudo bem. — Cutuco um tomate cereja com o garfo. — Você é completamente imprevisível, sabia? — Isso é bom? — Não. É... Confuso. Não sei o que esperar de você. Nunca sei. — Então, não espere nada. Se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que não devemos esperar nada de ninguém. As pessoas têm o dom de nos decepcionar. Agora, quando você não espera nada, às vezes, pode se surpreender. Ou pelo menos, não se machucar. — Quem é você e o que fez com Caíque? — Encaro-o, chocada.
Ele ri.
— Engraçadinha. — Eu nunca vi você fazendo isso. É no mínimo, inédito. E um pouco assustador também. — Sorrio torto.
Caíque estala a língua.
— Tem muita coisa que você nunca me viu fazendo. Não sou só um badboy marrento e mimado, como você pensa. Tem muita coisa que você não sabe sobre mim, Helena. — Então me conte. — Apoio o rosto nas mãos. — Outro dia. — Ele se levanta e me estende a mão. — Está na hora de você voltar ao trabalho.
Suspiro, mas cedo, lhe acompanhando.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
— Jorge, há quanto tempo você trabalha aqui? — Dezoito anos. — Então, você conhece bem a família Gama, não é? — Razoavelmente. — Ele maneia a cabeça, sorrindo. — Posso te fazer algumas perguntas? — Claro. Espero que eu tenha todas as respostas. — Ele cruza as mãos em cima da mesa. — Como é a relação entre Caíque e o pai? — Os dois são muito parecidos, mesmo que não admitam isso. São corajosos, espertos e cativantes. Mas orgulhosos, muito orgulhosos. Por isso, essas semelhanças mais os afastam do que os unem. — Eles têm muitos desentendimentos? — Quase diários. — Suspira. — Uma pena. — Caíque já deu muito trabalho, não é? — Realmente. Já se envolveu em mais encrencas do que você possa imaginar. — Que tipo de encrencas? — As mais diversas. Brigas, bebedeiras, rachas de carro. — E sempre saiu impune de tudo isso? — Nem sempre. Já passou algumas noites na delegacia. Uma vez por desacato, outra por direção perigosa e a última e mais séria, por embriaguez e atropelamento de uma garota. — Como é? Ele... — A menina correu risco de ficar paraplégica, mas agora está bem. Caíque pagou uma indenização à ela e cumpriu quatro meses de serviços comunitários. — Meu Deus! Ele quase tirou a vida de uma pessoa? — Ainda quer ouvir essas coisas sobre seu marido? Isso talvez manchará a imagem perfeita que você tem dele. — Acredite. Ele está longe de ser perfeito para mim.