— E se ele não acreditar? — Hesito, parando de andar.
— Aí ele vai provar o que eu sempre soube. — Nathan me abraça de lado. — Que é um tremendo idiota.Sorrio.
Seguimos a passos firmes até a entrada de minha casa.
Quando abro a porta, porém, meu coração se desfaz em mil pedaços.
A sala está completamente destruída. Os quadros e vasos quebrados, nossos retratos jogados pelo chão.
— Helena! — Lúcia deixa o aspirador e vem aflita em minha direção. — O que houve dessa vez?
Meus joelhos cedem. Me sento no sofá e choro compulsivamente.
— Obra do Caíque? — Nathan questiona, olhando em volta.
— Ele estava completamente fora de si. Fazia muito tempo que não o via daquele jeito. — Lúcia conta. — Vocês brigaram, querida? — Ela se senta ao meu lado, acariciando minhas costas.Apenas consinto com a cabeça.
— Para onde ele foi?
— Não sei, Nathan. Só sei que depois desse estrago ele subiu, fez as malas e saiu. Isso não tem muito tempo.
— Ele foi embora... — Soluço. — Sem ao menos dar uma chance de eu me explicar?
— Calma, Le. — Nathan me consola. — Vai ficar tudo bem.
— Não vai não, Than. — Seguro meu rosto entre as mãos. — Aquela vadia conseguiu o que queria. Acabou!
— É sério que você vai desistir assim? — Nathan levanta meu rosto até o seu. — Caramba, Le! Onde está aquela menina que nunca desiste?
— Ela está cansada de lutar. — Seco com violência as lágrimas de meu rosto com as costas da mão.Em seguida, me levanto e subo as escadas em direção ao nosso quarto.
Ao chegar, encontro o closet de Caíque praticamente vazio. Tudo o que restou nele foi uma camisa jogada ao chão, a mesma camisa que ele vestia em nossa primeira noite de amor.
Pego ela e aperto-a junto ao peito. O cheiro de Caíque ainda permanece nela.
Me sento no chão e mais uma vez, choro. Sinto como se faltasse um pedaço de meu coração. Pedaço esse, que Caíque levou junto em suas malas.
Respiro fundo, tentando me recompor.
Falho.
Ainda em prantos, pego duas malas e tiro todas as minhas roupas dos cabides, jogando-as de qualquer jeito dentro delas.
— Le? — Nathan aparece na porta do quarto. — O que você está fazendo?
— Arrumando minhas malas. — Fecho a primeira. — Não faz sentido eu ficar aqui. Essa casa é do Caíque, não minha. Quem tem que sair sou eu.
— E para onde você vai?
— Ainda não sei. — Respiro fundo. — Pensei em ir para o apartamento, mas o prédio também é dele, então...
— Vamos para minha casa. — Nathan decreta. — Assim você esfria a cabeça e depois decide para onde ir ou o que fazer.
— O que eu faria sem você? — Baixo os ombros.
— Eu realmente não sei. — Nathan sorri, enquanto me ajuda a fechar a outra mala. — Vamos?Consinto com a cabeça e o sigo.
— Minha querida. — Lúcia estende os braços, logo que me vê. — Tem certeza que quer fazer isso?
— Não posso mais ficar aqui, Lúcia. — Abraço-a.
— Você vai fazer muita falta, Helena. Você foi, de longe, a melhor patroa que já tive.
— E você se tornou uma grande amiga.Lúcia se solta do abraço e segura minhas mãos.
— Tenho certeza que logo tudo se resolverá.
— Espero que sim. — Sorrio fraco. — Bom, até mais Lúcia.
— Até, Helena. Vá com Deus.

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Plano B
RomanceHelena perdeu seus pais em um trágico acidente, ainda muito nova. Desde então, trabalha duro para sustentar a casa e oferecer uma vida digna à sua irmã, Alice. As dificuldades a fizeram ter sede de vitória e traçar um plano para sua vida: se formar...