Oficial

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Caíque e eu selamos o contrato.

Nele consta, entre algumas exigências de seu pai, nosso tempo de permanência casados. E, se algum de nós dois quebrá-lo, a multa a ser paga é exorbitante.

Traduzindo, não posso nem sonhar em desistir desse plano maluco.

Agora estou aqui, pronta para ser apresentada à família Gama como a futura esposa de Caíque.

— Essa roupa está boa? — Paro em frente à Alice, que assiste TV no sofá, com um vestido midi preto, colado ao corpo, mas nada vulgar. Sensual e discreto, "na medida", como minha mãe dizia.
— Meu Deus! Você está maravilhosa! — Ela boquiabre-se. — Tudo isso é para conhecer os "sogros"?
— Tenho que causar uma boa impressão, não é? — Dou de ombros.
— Dá uma voltinha. — Ela sorri, animada.
— Ah, fala sério, Alice.
— Vai, Helena. Para de ser chata!

Reviro os olhos, mas acabo cedendo, girando lentamente e terminando com uma reverência.

— Se beleza fosse crime, você pegaria prisão perpétua. — Alice faz um ok.
— Essa funcionou com o Israel? — Dou uma risada e vou para o banheiro, retocar o batom.
— Minhas cantadas sempre funcionam com ele!

Pouco depois, a campainha toca.

— Deixa que eu atendo! — Alice se levanta do sofá num pulo e vai atender a porta. — Oi Caíque. — Ouço-a cumprimentá-lo.
— Alice, tudo bem? 
— Tudo ótimo. Entra, a Lena está terminando de se arrumar.
— Com licença.
— Irmã, o Caíque chegou! — Alice avisa.
— Já estou indo! — Dou uma última checada no espelho, antes de ir para a sala.

— Uau! — Caíque me olha da cabeça aos pés. — Você está linda!
— Obrigada. — Dou um pequeno sorriso. — Li, estou indo. Qualquer coisa é só me ligar, ok?
— Pode ir tranquila. O Israel já está vindo ficar comigo.
— Juízo vocês dois, heim?
— Esse é nosso sobrenome. — Pisca.
— Espero que o nome não seja "sem".
— Deixa de neura. — Revira os olhos. — Vai com Deus, irmã.
— Fique com Ele. — Jogo um beijo.
— Até mais, Alice.
— Até, Caíque. E vê se cuida bem da minha irmã, ok?
— Pode deixar. — Ele sorri.

Deixamos o apartamento e nos encaminhamos para o estacionamento, onde o carro de Caíque, um belo Audi R8 branco, está.

— E então, como nos conhecemos mesmo? — Pergunto a Caíque, já no caminho para sua casa.
— Você se mudou para o meu prédio e nos conhecemos quando fui recepcioná-la.
— Contaremos a verdade?
— Nessa parte, sim.
— Ok. E o namoro?
— Começou algumas semanas depois.
— Então já estamos namorando há, aproximadamente, cinco meses?
— Isso. Assim, minha mãe não estranhará tanto esse casamento repentino. Eu já venho preparando o terreno, falando de você para ela há alguns dias, então acho que convencerá.
— Espera aí. — Encaro-o. — Sua mãe não sabe?
— Sobre o casamento? Não. Por isso estamos fazendo toda essa encenação, temos que convencê-la de que realmente estamos apaixonados e queremos nos casar. Se fosse por meu pai, não precisaríamos fazer nada disso. Era só entrarmos na igreja e posarmos para as fotos. A imagem é só o que importa para ele.
— Nossa. Essa história está ficando cada vez mais bizarra.

Caíque sorri, sem humor.

— Minha mãe é a única pessoa que se importa de verdade comigo. Ela não aceitaria que eu me casasse por dinheiro.
— É a única pessoa lúcida nessa história toda então.

Caíque suspira.

Seguimos o restante do caminho em silêncio.
O nervosismo me impede de emitir qualquer outra palavra, então decido repassar todo o plano mentalmente.

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