Me ajude a lembrar

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O despertador avisa que é hora de levantar. Me espreguiço e vou arrastando os pés até o banheiro.

Logo que termino o banho, meu celular toca.

Oi, Li.
Irmã, como você está?
Estou bem.
Você ainda não aprendeu a mentir, sabia?

Suspiro.

Eu vou ficar bem, logo logo.
— Odeio te ver assim, Lena. Deu tudo errado, não é?
Deu. Caíque não acreditou em uma só palavra minha.
É um idiota mesmo. — Alice resmunga. — E por que é que você não me ligou para buscar vocês no aeroporto?
Não quis te incomodar, Li. Você tem suas coisas para resolver.
Você é minha prioridade. Entende isso?

Sua fala me faz sorrir e logo em seguida, me culpar por achar que Alice pode ter contado sobre o meu contrato de casamento para Lívia.

Antony me ligou logo que vocês chegaram e me contou o que houve. Ele me disse que você precisava de um tempo, e, por isso, não te liguei antes. — Alice retoma. — Mas sinto que há algo a mais.
Algo a mais? — Engulo em seco. —Como o quê?
Algo que vocês não querem me contar.
Neura sua, Li.
Tem certeza?

Suspiro.

Tenho sim.
Certo. — Ela também suspira. — E então, como está sendo morar com o Than?
Ótimo. Nathan é um anfitrião incrível.
Você nem cogita voltar a morar aqui, irmã?
Por enquanto, não. Preciso colocar minha cabeça no lugar. Você me entende?
Claro que entendo.
Logo eu me ajeito, Li. Prometo. Agora preciso desligar. Nos falamos mais tarde, tudo bem?
Claro, Lena. Um beijo.
Beijo. Eu te amo.
Eu te amo também, Lena.

Desligo o celular e olho as horas.

Estou atrasada.

Corro para me vestir e saio aos tropeços em direção à cozinha, onde Nathan me espera.

— Você tem que ir trabalhar todos os dias bonita assim? — Ele me examina, enquanto termino de calçar meus sapatos no meio da cozinha.
— Bonita, sério? Mal penteei meus cabelos.
— Mesmo quando você acaba de acordar, descabelada e com o rosto inchado, ainda é linda.

Sorrio, servindo-me de café.

— Estava conversando com Alice.
— Eu ouvi. — Nathan passa requeijão em uma torrada e me oferece. — Quero dizer, não ouvi a conversa de vocês. Eu só...
— Eu entendi. — Sorrio e mordo a torrada. — Estou pensando em ir até o apartamento depois do trabalho. Você quer ir comigo?
— Claro. Mas... Você quer ir hoje?
— Não se for te atrapalhar.
— Imagina, você não me atrapalha, Le. É só que... Estive pensando em seu conselho e...
— Você quer visitar a Marina.
— É. E queria muito que você fosse comigo.
— É claro que eu vou. — Dou um último gole em meu café. — Combino um outro dia com Alice.
— Obrigado, Le.

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