Nascer de novo

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— Por favor, alguém nos ajude! — Adentro, completamente em pânico, a recepção do primeiro Pronto Atendimento que encontro em nosso caminho. — Por favor, ele está morrendo!
— Ok, tenha calma, moça. — A médica plantonista vem ao meu encontro, comovida com meu desespero. — Quem está morrendo?
— Meu amigo... — Choro.
— E onde ele está?
— Aqui... Aqui, no carro. — Guio-a a passos rápidos até chegar a Leo, que permanece inconsciente no banco de trás, com Harry ainda comprimindo seu ferimento.
— Preciso de uma maca aqui, urgente! — A médica grita, após analisar brevemente o estado de Leonardo. — Vítima de arma de fogo, com sinais de choque hipovolêmico.
— Meu Deus... O que isso significa? É grave?
— Poderia ser pior. — Ela me olha e, em seguida, fita Harry. — Onde você aprendeu a fazer isso?
— Fui escoteiro. Aprendi primeiros socorros.
— Bom trabalho, garoto. Você, provavelmente, salvou a vida desse rapaz.

Após alguns segundos, surgem dois enfermeiros com a maca, retirando Leo do carro e o levando corredor adentro. Harry e eu os seguimos, até sermos barrados por um deles.

— Nós assumimos daqui.
— Vai ficar tudo bem com o amigo de vocês. — A médica nos lança um olhar acalentador e em seguida, entra em uma sala de cirurgia.

— Meu Deus! — Me encosto na parede e cubro a boca, numa tentativa frustrada de abafar meu choro.
— Ei. — Harry apoia gentilmente sua mão em meu ombro. — Não fique assim, ele vai ficar bem. Ele sempre fica.
— E se... Se dessa vez for diferente?
— Shh... Vamos pensar positivo, ok? Vem cá, você precisa se acalmar.

Harry me leva até um banco, onde me oferece água e aguarda em silêncio ao meu lado por notícias de Leo.

Depois de algum tempo, já mais controlada, resolvo ligar para Nathan.

Finalmente, Helena. Estou esperando o endereço até agora.
Than, eu... Eu preciso de você.
O que houve? Aconteceu algo à Alice?
Não... Quer dizer, não sei. Otávio armou uma emboscada para nós e...
Como assim, emboscada? Onde você está, Helena?
Estou no Pronto Atendimento...
Você está machucada? Meu Deus!
Não, Than...
Estou indo para agora mesmo, me passe o endereço!
Nathan, calma. — Soluço. — Eu estou bem. Quem não está é o Leo.
O Leonardo? O que aconteceu?
Ele levou um tiro... Than, eu acho que ele não vai aguentar. — Choro.
Você está sozinha ?
Não... Estou com o Harry.
Quem é...? Ah, deixa para . Passe o celular para ele.

Faço o que Nathan pede e enquanto eles conversam, só penso em Leo e Alice.

— Helena? Ei! — Harry estala os dedos na frente de meus olhos, chamando-me a atenção. — Seu amigo está vindo para cá.
— Ah, ótimo. — Respondo automaticamente e prendo meus cabelos em um coque. Nem noto que tenho o sangue de Leo seco em minhas mãos. — Meu Deus, Harry!
— O que?
— Sua mãe deve estar louca, procurando por você.
— Tem razão. — Ele faz uma careta, olhando o celular. — Vou ficar de castigo eternamente por isso.
— Eu preciso te levar embora, agora mesmo.
— Nem pensar. Eu não vou a lugar algum enquanto meu amigo estiver naquela sala, correndo risco de vida.
— Ok. Mas sua mãe pode me acusar de sequestro, sabia?
— Ela não vai. Vou ligar e inventar uma boa desculpa.
— Boa sorte com isso.
— Valeu. — Ele sorri rápido e se afasta para ligar.

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