Você não está sozinha

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— Helena, eu estava aqui pensando... — Antony retoma, após alguns instantes de silêncio.
— No quê?
— Se o casamento de vocês faz parte de um contrato, como fica agora? Vocês simplesmente picam o papel e desfazem o acordo ou acontece como em um divórcio normal?
— Ah, Deus, eu me esqueci completamente disso. — Pouso a mão na testa. — Quando assinei o contrato, concordei com uma cláusula maluca.
— Que seria?
— Se um de nós dois quiser romper o contrato de casamento antes da data, tem que pagar uma multa para o outro.
— E de quanto é essa multa? — Antony dá um gole em sua bebida.
— Quinhentos mil.

Ele se engasga.

— Como é?
— Quinhentos mil reais. Valor absurdo, né?
— Menina, com esse dinheiro eu resolvo minha vida!
— Nem me fale. — Suspiro.
— Helena... Quem sabe sobre essa cláusula?
— Só a Alice. Bom, e agora você.

Antony morde o lábio.

— O que foi? — Indago, vendo sua expressão preocupada.
— Nada... Só uma teoria louca.
— Que teoria? Fala logo, Antony!
— E se, sem querer, Alice tenha comentado sobre isso com alguém?
— Alguém como a Lívia?
— Exato.

Passo a mão por meu rosto.

— Mas se Lívia soubesse, com certeza já teria contado para Laila.
— E se Laila já sabe e está apenas esperando o momento exato para se aproveitar dessa informação?
— Como assim?
— Ela pode estar querendo fazer ainda mais a cabeça do Caíque contra você. Confiando que você não romperá o acordo, ela fará Caíque acreditar que, além de o trair, você queira esse dinheiro. — Faz uma pausa. — Faz sentido, não faz?
— Faz todo o sentido, Antony. Meu Deus! — Pouso as mãos na cabeça. — Você é muito bom nisso, sabia?
— Obrigado, querida. — Ele pisca.
— Então, me ajuda. O que eu faço agora? Rompo o acordo e me afundo em uma dívida que nunca conseguirei pagar?
— Não. Deixe que ele pense que você é uma vadia interesseira.
— É sério isso? — Encaro-o, incrédula.
— É. — Dá de ombros. — Bom, pelo menos por enquanto. Ou você tem um plano melhor?

Nego, de ombros baixo.

Em seguida, analiso meu celular.

— Nosso vôo sai em menos de uma hora.
— Melhor irmos para o aeroporto, então. — Antony faz sinal para a garçonete. — Tivemos emoções demais para um só dia.
— Concordo plenamente.

Antony pede a conta e logo após pagarmos, pegamos um táxi até o aeroporto.

— E lá vamos nós, de volta ao caos paulista.
— É tudo o que eu quero agora. — Suspiro, me acomodando na poltrona do avião.
— Sempre fico melancólico em despedidas.
— Mas não nos despedimos de ninguém.
— A cidade não conta para você?
— Para você, conta?
— É claro. Gramado é como aquela prima divertida que sempre nos apresenta os amigos mais interessantes. Faz muita falta.

Dou uma risada e encosto minha cabeça em seu ombro.

— Graças a Deus Alice te obrigou a vir comigo.

Antony sorri, segurando com carinho minha mão.

Antony sorri, segurando com carinho minha mão

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