Helena perdeu seus pais em um trágico acidente, ainda muito nova. Desde então, trabalha duro para sustentar a casa e oferecer uma vida digna à sua irmã, Alice.
As dificuldades a fizeram ter sede de vitória e traçar um plano para sua vida: se formar...
Encaro seus olhos azuis fixamente quando nossas bocas se separam.
Estou ofegante e ele também.
— O que isso significa? — Significa que eu te amo, Helena. — Então, você acredita em mim?
Caíque desvia o olhar e suspira.
Meu coração se parte em mil pedaços. Tento segurar o choro, em vão.
— Tudo bem, Caíque. — Seco rapidamente as lágrimas que escorrem por meu rosto. — Você tem todo o direito de não acreditar. Afinal, do que vale minha palavra diante de tantos fatos, não é?
Ele engole em seco.
— Ainda está tudo muito recente, muito confuso, Helena. Eu preciso de um tempo para digerir toda essa história.
Dou um sorriso amargo.
— Ok. Se jogue nos braços de Laila enquanto "digere toda essa história"! — Me viro. — Eu não estou me jogando nos braços da Laila! — Ah, é claro que não. — Ironizo, me voltando para ele. — É na cama mesmo, não é? — Vai querer falar mesmo sobre isso? É sério? — Caíque me encara. — Na verdade, não. — Ergo as mãos e, antes de sair, afirmo: — Não quero falar sobre mais nada! — Helena! Helena, volta aqui!
Ignoro seu pedido e saio a passos firmes. Logo, Antony me encontra.
— Ai, essa carinha. — Ele segura minhas mãos. — Deu tudo errado? — Tecnicamente, não. Eu vim para contar a verdade a ele e foi isso o que eu fiz. — Mas vocês não se acertaram, não é? — Não. — Suspiro. — Mas isso não estava nos planos mesmo. - Encolho os ombros. — Ah, minha querida. Eu sinto muito.
Consinto com a cabeça.
— Eu estou bem.
Antony me olha, como quem não acredita.
— Juro. Estou bem mesmo. — Se você está dizendo... — Ele ergue as mãos.
Olho em volta e suspiro.
— Bom, não tem nenhum vôo para São Paulo agora e eu quero ficar o mais longe possível desse hotel. Para onde vamos? — Para o melhor curador de dor de cotovelo e corações partidos do Sul. — Erguendo o indicador ao ver minha expressão, completa: — Não que você precise. — Ok. — Dou uma risada. — E onde fica esse curandeiro poderoso? — Você já vai conhecer. Vamos pegar um táxi. — Antony me puxa pela mão.
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— Um pub? — Desço do táxi, analisando a fachada moderna. — O martini daqui é esplêndido. — Antony faz um sinal para eu o seguir. — São três da tarde, Antony! — É happy hour em algum lugar do mundo, amor.
Sorrio, balançando a cabeça em negação, e sigo com Antony para dentro.
Nos acomodamos em uma mesa e fazemos nossos pedidos. Eles não demoram a chegar.
— Tem certeza que não quer provar? — Antony estende sua taça de martini. — Não, obrigada. — Sem graça. — Ele revira os olhos. — Bom, vamos fazer um brinde. — À que, precisamente? — À vida. E as pancadas que ela nos dá. — É justo. — Brindo. — Antony, obrigada por ter vindo até aqui comigo. — Por nada, querida. Apesar do motivo não ser dos mais agradáveis, foi bom ter saído um pouco do caos de São Paulo. — Do caos de São Paulo ou do caos que alguém de São Paulo anda causando? — As duas coisas. — Suspira. — Alice te contou, não foi?
Consinto com a cabeça.
— Minha vida amorosa é um dramalhão mexicano. — Antony lamenta. — Um cara bem resolvido, financeiramente estável e com vários pretendentes invejáveis se apaixona logo pelo modelo de olhos azuis, metido a pegador, que insiste em se manter no armário. — Ele circula com o dedo a base da taça. — Lamentável. — Há quanto tempo vocês estão nesse relacionamento? — Mais tempo do que eu gostaria. — Faz bico. — O que posso fazer se ele é meu ponto fraco? — Pior sou eu que fui me apaixonar por um contrato. — Apoio o rosto nas mãos. — Contrato? — Ai, droga. Falei demais. — Mordo o lábio. — Por favor Antony, você não pode contar isso para ninguém. Ninguém mesmo! — Fique tranquila, querida. Seu segredo está bem guardado. — Obrigada. — Sorrio fraco. — Mas é isso. Caíque e eu temos um contrato de casamento. — Como isso aconteceu, exatamente? — Você já deve ter ouvido sobre sua má fama... — Com certeza. Riquinho metido a besta, que se acha superior a tudo e todos. — Pois é. E devido a isso, o pai dele o obrigou a se casar e desfazer essa má fama. Era isso ou ser deserdado. — Entendi. Mas... Como foi que você se meteu nisso? — Longa história. Está a fim de ouvir? — Claro. Mas antes preciso de outro martini. — Ele ergue a mão, chamando a atendente.
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— Isso daria um ótimo filme. — Antony comenta, após ouvir toda a história. — Só não teria um final feliz. — Nem sabemos o final dessa história ainda. Deixe de ser pessimista, mulher! — Ele dá um gole em sua bebida. — Mas, e quanto à garota? — Qual delas? — A que armou todo esse circo e que agora, provavelmente, está lá pegando seu marido. Você vai deixar por isso mesmo? — O que você sugere que eu faça? — Dê à ela uma dose de seu próprio veneno. Ela armou para você, certo? Arme para ela. — Eu não sou muito boa nisso. Acho que já deu para perceber, não é? — Tem razão. Deixe comigo, sei exatamente o que fazer.
Suspiro.
— Sabe Antony, acho melhor deixar isso para lá. — Por que? — Ele já deixou bem claro que não acredita em mim. E sinceramente, não quero mais provar o contrário. Eu me apaixonei, foi incrível, mas acabou. — Então, você vai simplesmente desistir?