Helena perdeu seus pais em um trágico acidente, ainda muito nova. Desde então, trabalha duro para sustentar a casa e oferecer uma vida digna à sua irmã, Alice.
As dificuldades a fizeram ter sede de vitória e traçar um plano para sua vida: se formar...
Bato à porta do escritório de Paulo e enquanto aguardo, analiso os nós de meus dedos, ainda decidindo se estou fazendo a coisa certa.
— Alice! — Paulo sorri, logo que abre a porta e me vê parada à sua frente. — Achei que você não viria. — Na verdade, eu não ia mesmo vir. — Seguro meus braços na frente do corpo. — Mas Helena tem um incrível poder de persuasão. — Por isso eu serei eternamente grato à ela. — Ele sorri, me dando passagem. — Relaxa, você vai arrasar. — Ou vou ser arrasada. — Entro no escritório, o mais descolado que já vi na vida, diga-se de passagem. — E se o... Dono, ou sei lá o quê dessa marca, me odiar? — Acho impossível. — Eu não. — Alice, vai dar tudo certo. Confie em mim. — Ele segura meus braços gentilmente, sorrindo.
Retribuo rápido seu sorriso e concordo com a cabeça.
— Ok. — Venha, vou te apresentar o estúdio.
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— Finalmente o lindo rosto salvador da pátria chegou! — Um rapaz bonito, de cabelos castanhos, bigode e cavanhaque bem desenhados e incrivelmente estiloso, caminha elegantemente em nossa direção. — Ah... Oi. — Sorrio, tímida, e olho para Paulo. — Alice, este é Antony, stylist da agência. — Ele nos apresenta. — Traduzindo, sou o responsável por deixar você maravilhosa. O que não é uma tarefa lá muito difícil. — Antony sorri. — Agora chega de papo. Vamos ao trabalho? — Vamos.
Troco um último olhar com Paulo antes de seguir Antony.
— Boss falou muito bem de você, sabia? — Ele sorri, apontando o trocador para mim. — Boss? Quem é Boss? — Ora, quem mais poderia ser? O Paulo! — Ah... Sim. — Dou uma risada. — Ele falou de mim? — A manhã toda. — Antony sai, mas logo volta com um vestido preto fluído com uma grande fenda lateral e sandálias de salto marsala nas mãos. — Vista isso. — Ok. — Fecho as cortinas do trocador. — Mas... O que exatamente ele falou? — Que você era perfeita para a campanha. Linda, exótica e delicada. — Você considera exótica um elogio? — Pergunto, enquanto luto com o vestido que teima em não me entrar. — Ei, Antony... Tem certeza que esse vestido é meu número? — É claro, querida. Por quê? — Ele abre a cortina e se depara com uma Alice completamente vencida pelo vestido malvado. — Meu Deus! — Então acho que ele encolheu. — Resmungo, com o rosto coberto pelo vestido. — Espere aí, vou te ajudar. Levante esse braço... — Faço o que ele pede. — Agora é só puxar aqui, ajeitar aqui atrás e... Voilà. — Ufa. — Arfo, com as mãos na cintura. — Obrigada. — Por nada, ma chérie. — Antony pisca. — Ah... Você por acaso viu...? — Sinto-me ruborizar. — Seus seios? É claro. E por sinal, são lindos. Mas não são atraentes para mim... Se é que você me entende. —Ele gesticula. — Ah. — Sorrio. — É claro. — É tão bonitinho esse seu jeito. — Ele me fita. — Que jeito? — Pergunto, calçando as sandálias. — Inocente. Não aparece uma assim como você por aqui há séculos. — E isso é bom? — É sim. Assim como exótica.