Encontros

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— Você vai ficar sem falar comigo até quando? — Caíque me pergunta, enquanto dirige.
— Eu não estou sem falar com você.

Ele ri, sem humor.

— É a primeira palavra que trocamos desde que deixamos o hotel. Vai me dizer o que está acontecendo ou não?
— É você quem tem que me dizer.
— Eu? Do que você está falando?
— Onde você estava às duas da manhã?
— Como assim, onde eu estava? Eu estava dormindo.

É a minha vez de rir.

— Ok. — Me viro para a janela.
— Ah, qual é? Helena! — Ele para o carro. — Ok. O que você quer que eu diga?
— Não sei. Talvez... "Ah, Helena, me perdoe por te preocupar à toa. Eu perdi o sono na madrugada e resolvi jogar uma partida de bilhar."

Ele baixa a cabeça e suspira.

— Ah, droga. Você viu, não é?
— Infelizmente. Juro que preferia não ter visto.
— Helena, eu... Que merda! Olha, me perdoa...
— Você é livre, Caíque. Pode transar com quem quiser. Só não precisa mentir para mim.

Ele fica em silêncio.

— E nem sei porque fiquei tão chocada. Sempre soube da sua fama.
— Merda. — Caíque encosta a cabeça no volante. — Não queria ter feito isso.
— Ah, eu vi como você estava sendo obrigado a beijá-la. — Ironizo. 
— Eu fiz por medo. — Ele trava o maxilar.
— Medo? De quê? Não ser mais tão desejado?
— De estar apaixonado por você. —Ele me olha. — Isso nunca aconteceu comigo antes.
— Aí por medo de estar apaixonado, você vai lá e transa com a primeira que aparece? Qual o sentido disso?
— Eu precisava provar a mim mesmo que ainda estava no controle de tudo. — Ele dá partida no carro. — E se te interessa saber, não transamos.
— Não?
— Não.

Mordo o lábio, segurando o riso, e me ajeito no banco.

— Família, cheguei! — Abro a porta do apartamento com um sorriso no rosto

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— Família, cheguei! — Abro a porta do apartamento com um sorriso no rosto.
— Bem vinda, Senhora Gama. — Alice faz uma reverência.
— Palhaça. — Dou uma risada e a abraço. — Oi Camélinha! — Me sento ao seu lado no sofá, e lhe aplico um beijo na bochecha.
— Oi meu amor.
— Cunha, entra aí. A casa é sua. — Alice convida Caíque e completa: — E não é no sentido figurado.
— Obrigado, Alice. — Caíque sorri. — Oi dona Camélia, como vai?
— Vou bem filho, graças a Deus.

Ele beija sua mão.

— À propósito, preciso te agradecer direito por tudo o que fez por mim. Mal conversamos desde que saí do hospital.
— Não tem nada que me agradecer. Tenho certeza que a senhora faria o mesmo por mim.

Camélia sorri.

— E aí, como está a vida de casado? — Alice cutuca Caíque com o cotovelo.
— É... Estava indo bem. — Ele cerra os lábios e me olha.

Eu desvio meu olhar e começo a conversar com Camélia.

— Como você está se sentindo?
— Estou ótima, filha. Me sinto dez anos mais nova.
— E como estão as caminhadas?
— Progredindo. Já estou dando três voltas completas no quarteirão!  
— Olha só! Estou orgulhosa!
— Irmã, nós já voltamos. — Alice avisa, indo em direção à porta e puxando Caíque pela mão.
— Onde vocês vão?
— Caíque vai me ajudar a escolher alguns ingredientes para novas receitas. Ele é fitness, já percebeu? — Ela pisca, antes de sair.
— Doidinha. — Camélia comenta, sorrindo.

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