— Que tipo de favor o dono daqui lhe deve mesmo? — Pergunto, enquanto adentramos o Hotel Unique sem nenhum constrangimento, como da última vez.
— Ah, um bem grande. — Leo responde. — Venham.Subimos os quatro em silêncio pelo elevador até a suíte.
— Os hóspedes devem estar horrorizados. — Harry comenta, se jogando em uma poltrona próxima.
— Por que? — Alice segura os braços na frente do corpo.
— Olhe bem para nós. Você, — aponta para ela — toda roxa. Helena descabelada e suja, Leo não preciso nem comentar. Convenhamos, eu sou o único que se salva deste quarteto.
— Por que foi mesmo que eu não te deixei na Liberdade? — Leo indaga, com as mãos na cintura.
— Nossa, malvado.Leo sorri de canto e vai até o banheiro, onde despe sua camisa e analisa o curativo recém feito.
— Como está? — Paro na porta, me referindo ao ferimento.
— Anestesiado.
— Você é louco, sabia?
— Você não fica muito atrás, também.Sorrio, cruzando os braços.
— Acho que nunca vou conseguir agradecer por tudo o que você está fazendo por mim. Por nós.
— Você não tem nada o que me agradecer, Helena. Na verdade, sou eu quem devo fazer isso.
— Você, me agradecer? — Sorrio. — Pelo quê?
— Por me mostrar que a vida vale a pena. — Ele também sorri. — Você reavivou uma parte de mim que estava adormecida há muito tempo, Helena.Baixo meu olhar, sentindo minhas bochechas corarem.
— Leo, eu...
— Não diga nada. — Ele segura meu rosto com ternura. — Só me prometa que nunca deixará esse brilho em seus olhos se apagar. Por nada, nem ninguém.
— Eu prometo. Se você prometer também.Leo sorri e me puxa para um abraço apertado e quase fraternal. Nosso momento, porém, é interrompido por uma ligação em meu celular.
— Sinto arrepios só de ouvir esse toque. — Harry reclama.
— Deve ser o Otávio. — Analiso a tela, que mostra "Número Desconhecido". — Atendo ou não?Leo confirma com a cabeça.
— Certo. — Respiro fundo, antes de atender e colocar no viva voz.
— Alô.
— Olá, Helena.
— Otávio.
— Você é realmente corajosa.Você e seu leal amigo, Leonardo. Não pensei que teriam tamanha audácia. Estou ligando para lhes parabenizar.
— Ah, que gentil. — Ironizo.
— Suponho que você esteja muito feliz, agora que sua irmã está segura. Em comemoração, quero lhe fazer um convite: junte-se a nós hoje à noite. Garanto que passaremos horas muito agradáveis.
— A nós? Quem?
— Ora, a mim, seu esposo e seus sogros. Traga também o garoto, Leonardo. Sei o apreço que vocês tem por essa família, portanto não posso e nem devo deixá-los de fora desse momento que será tão importante para todos. Estejam hoje, às dez horas, na rua Magnólia, 507. E não tragam mais amigos, é uma reunião íntima, ok? Até breve, Helena.Desligo e troco um olhar preocupado com Leo.
— Vocês não estão pensando realmente em ir, estão? — Alice vem até mim, apavorada.
— Nós precisamos. — Leo responde. — É nossa chance de acabar com isso de uma vez por todas.
— Nós quase morremos! — Ela chora. — O que vocês querem? Irem até lá para esse louco terminar o que começou?
— Alice, se Leo e eu não formos, o que você acha que Otávio fará? — Enxugo suas lágrimas com carinho. — Ele transformará nossas vidas em um inferno ainda maior! Eu não posso permitir isso, entende? Isso tem que acabar! E vai ser hoje!
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Plano B
RomanceHelena perdeu seus pais em um trágico acidente, ainda muito nova. Desde então, trabalha duro para sustentar a casa e oferecer uma vida digna à sua irmã, Alice. As dificuldades a fizeram ter sede de vitória e traçar um plano para sua vida: se formar...