Helena perdeu seus pais em um trágico acidente, ainda muito nova. Desde então, trabalha duro para sustentar a casa e oferecer uma vida digna à sua irmã, Alice.
As dificuldades a fizeram ter sede de vitória e traçar um plano para sua vida: se formar...
— Isso é tão estranho, não é? — Caíque pergunta, olhando para fora da janela do carro, enquanto seguimos para a festa. — Se você está se referindo a estarmos com uma aliança no dedo e vestidos assim... Sim. Isso é muito estranho.
Ele sorri.
— Sabe Helena, por mais que nosso casamento não tenha sido real, pelo menos para nós, eu me emocionei.
Ergo uma sobrancelha.
— Não me olha com essa cara, estou falando sério.
Sorrio fraco e foco meu olhar para fora. Caíque, por sua vez, segura minha mão, me forçando a encará-lo.
— Quando vi você entrando por aquela porta meu coração disparou, minhas pernas bambearam. — Ele retoma. — Você é a noiva mais linda que eu já vi na vida. — Espero que você já tenha ido a muitos casamentos. — Brinco. — Você realmente sabe como estragar um momento. — Ele ri, com uma ponta de desapontamento na voz. — Helena... Posso te perguntar uma coisa? — Claro. — Você pensou em desistir, não pensou? — Eu? — Não estou vendo outra Helena por aqui.
Suspiro.
— Ok, confesso... Eu travei. E por um minuto pensei em sair correndo sem rumo por aí, o mais longe possível daquela chuva de olhares e opiniões sobre mim. — Ia ser curioso... "Uma noiva em fuga pelas ruas de São Paulo." — Caíque estampa no ar. — Daria uma ótima primeira capa. — Para de ser chato. — Dou um leve tapa em seu ombro, rindo. Ele me acompanha. — Eu fiquei apavorada. — Eu também fiquei. Tive medo de você dizer "não". — Teria sido seu primeiro? — Isso não vem ao caso. — Ele desvia o olhar. — Mas, o que te fez mudar de ideia? — Simas. — Sorrio. — Tivemos uma conversa aqui, dentro do carro. Ele me encorajou e fez a gentileza de me acompanhar até o altar. Acho que eu não teria conseguido ir até lá sozinha. — Simas é uma ótima pessoa. — É sim. — Olho Simas, que dirige tranquilamente, e sussurro: — Acho até que ele merece um aumento.
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— Palmas para os noivos! — Vasco nos recepciona calorosamente assim que adentramos o salão, que, por sinal, está impecavelmente bem decorado. — Seu pai está tão feliz. — Comento, enquanto sorrio para os convidados, que brindam conosco. — E pela primeira vez, eu sou o motivo. — Caíque sorri amargamente. — Seria cômico, se não fosse trágico.
Fico em silêncio.
— Mas na verdade, ele está feliz mesmo por manter a honra dos Gama, agradar os acionistas e a alta cúpula da cidade. Eu sou apenas um detalhe.
Suas palavras me fazem sentir pena, muita pena. Caíque por um momento me parece apenas um menino desamparado, que implora por carinho.
Talvez o dinheiro e o poder não sejam realmente tudo nessa vida.
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