Capítulo 22

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— Vamos, Emilly? — Igor perguntou assim que terminei de me despedir de todos.

Não queria ir sozinha com ele, principalmente pelos fatos recentes, mas ele conhecia o Heitor melhor que eu e poderia me ajudar a criar planos — pois era bom nisso.
Paro por alguns segundos e suspiro, não tinha ideia do que viria pela frente, eu nunca tinha enfrentado alguém assim e também não conhecia as táticas, poderes ou habilidades do Heitor, porém sabia que não seria nada fácil o derrotar.

Olhei para o rosto de cada um, lembrando de toda a história que já passei com cada um deles.

Com a Isabel, já teve a história com o Igor, no qual aconteceram muitos enganos, teve o dia que lutamos e eu a amarrei na floresta e a levei para casa.
Com John, teve a história da humana que ele amava onde ele me mostrou toda a história que teve com ela. O dia que invadimos o casamento do Harry — foi bem engraçado por sinal — e o dia que o tirei bêbado de um bar.
Com Harry — ah, Harry — tivemos uma história tão grande que vou resumir. Primeiro, nos gostávamos mas não era tão claro nosso sentimento, além de ser impossível o nosso amor já que somos de famílias opostas, — até agora — já nos jogamos semi-nus de uma colina, o casamento dele que eu impedi, o dia que eu pensei que ele estava namorando a Isabel, o dia que pensei que ele estava morto, é, bastante coisa.

E agora eu iria para longe de todos eles, para salvá -los — irônico não?.

Ainda estava hesitante em ir sozinha com o Igor, mas acho que já deixei claro as minhas intenções com ele. Perigoso? Sim será, e muito, mas as vezes temos de nos sacrificar por coisas ou pessoas que amamos, é a lei da vida.Eu estou literalmente perdida.


— Já está escurecendo, melhor pararmos e montarmos um pequeno acampamento — comandou Igor preocupado.

Parei para pensar, e é verdade, não seria uma má ideia descansar depois de horas de caminhada.

— Está bem — respondi e tirei a mochila que eu carregava para tirar os sacos de dormir que estavam dentro dela.

Igor tirou a sua mochila e tirou a mini barraca que continha lá dentro. Ele sentou-se no chão e suspirou — ele já sabia que seria chato fazer isso.

Depois de dez minutos tentando montar uma mini, MINI barraca, Igor já estava totalmente de mal humor.

— Posso? — perguntei irônica.

Ele confirmou ainda de costas. Sentei no chão com toda a minha paciência e em vinte segundos consegui montar a barraca e pôr os sacos de dormir lá dentro. Olhei para ele com ironia e o mesmo riu.

— Emilly, sempre com espírito de liderança — comentou rindo.

Dei de ombros e entrei na barraca. Tiro a minha jaqueta e apago a lanterna, que tirando a lua era a única luz presente na floresta.
Me viro e entro no saco de dormir, um pensamento nostálgico invade a minha mente.

"— Emilly, você vai cair! Cuidado! — grita mamãe preocupada e desesperada, enquanto sua filha pestinha — no caso eu — corria em volta de um lago que estava quase congelado devido ao sereno da noite.

Não, mamãe, está tudo bem! — respondo com inocência antes de algo, ou alguém me empurrar no lago.

Enquanto eu vou me afundando em um grande nada azul, que ao certo não se sabe até onde vai, onde a linha do horizonte é só uma pequena linha que não distingue a intensidade do mar.
Eu olhava para a luz do luar, um céu tão lindo,  pelo menos esse era o lugar mais bonito que eu poderia morrer, a lua, as estrelas e as duas imensidade azul, o céu e o mar.

Acordo com meu pai — que eu ainda pensava ser meu pai — forçando a mão contra o meu abdômen, — como fazem para tirar água do pulmão de alguém — eu estaria morta ou estava tendo alucinações?!.
Finalmente cuspo toda a água salgada que estava em meus pulmões, vejo o rosto de desespero de mamãe, olho para ela e sorrio.

Emilly, não faça mais isso! — briga autoritária e ao mesmo tempo triste. — Eu quase morri de preocupação — disse ainda nervosa — Eu não sei o que eu faria sem você — disse me abraçando e passando a mão em meus cabelos dourados."

Nem eu sei o que eu faria sem você mãe."

Abro os olhos rapidamente tentando afastar essas lembranças, nada que me lembre o Heitor vai me fazer bem. Quando abro os olhos dou de cara com Igor deitado num saco de dormir ao meu lado, com seus olhos observando-me minuciosamente.

— Que foi? — sussurro.

— Só estava te olhando, você é muito bonita quando está distraída — disse com um pequeno e tímido sorriso.

Sorrio de volta, não era comum receber um elogio, principalmente de uma figura masculina, e principalmente a essa hora da noite.

— Obrigada, você também não é nada mal — agradeço e caio na gargalhada.

— Palhaça — responde segurando o riso.

— Sério, você é bonitinho — digo olhando em seus olhos.

— Pode parar já — diz fazendo uma cara de irritado.

Fico calada olhando para eu rosto, não consigo parar de olhá-lo, seu rosto é como um imã para meus grandes e claros olhos azuis.
Viro as costas para ele e fecho os olhos na tentativa de dormir.



— Emilly, levanta — chama autoritário.

Abro os olhos que ficaram um bom tempo fechados enquanto eu pensava na minha situação. Uma luz forte invade minha visão, o sol já havia saído.
Forço meus olhos a focarem e depois de segundos consigo ver um Igor, sem camisa, e com o sol o cercando atrás — totalmente sexy.

— Vai ficar me olhando ou vai levantar donzela? — pergunta grosseiro .

— Adoro grosserias pela manhã — respondo levantando e usando a minha super velocidade, passo por ele chocando os nossos ombros.

Ele respira fundo e pega em meu braço, não olho para ele, apenas me solto e vou para fora da barraca. O sol veio com todas as suas forças.
Tiro minha jaqueta e jogo em sua direção.

Corro em direção ao lago para tentar alongar os músculos.

— Vai aonde? — ouvi sua voz distante.

— Vou me jogar — respondi deixando um mistério no ar. Eu ia mesmo me jogar, só que no lago.

Chego perto do lago e ponho a ponta do pé na água, — é, eu fiz isso — sinto um frio percorrer meu corpo e instantaneamente cubro-me com meus braços.
Tiro a blusa e a calça — não consigo entrar em um lago com roupa, é muito clichê.

Me jogo com as costas na água, ouvindo o estalo que a água solta assim que acontece o contato das duas matérias.
Sinto o vento bater em meu rosto e me afundo na água. A sensação é inexplicável, parece algo simples como um mergulho, mas para mim é diferente, eu nunca tenho um momento de paz ou de calmaria, então quando paro um pouco me sinto calma.
Fico submersa por alguns segundos até ouvir o barulho de alguém aproximando-se — merda, eu estava seminua — me encolhi embaixo do píer e me escondi ali até saber quem era que estava ali.

— Ah! — grita.

— Meu Deus, Igor, qual o seu problema? — pergunto com a mão no coração, como se ele ainda batesse.

Algo que não acontecia há mais de um século.

— Vem, já encontrei a localização do Heitor — comenta sério.

— Só tem um problema, — digo rindo — estou sem minhas roupas — ele ergue a sobrancelha.

— Aqui está — diz tirando a sua camisa e me dando para eu me vestir.

Agradeço com um gesto e visto sua camisa que fica enorme em mim.

— Nossa como você está sexy — diz rindo.

— Venha, vamos — puxo ele para voltarmos para o mini acampamento.

Mariposa (Série Vampira e Presas) - Livro Um (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora