Emilly Altermann, uma vampira que é melhor amiga de um lobisomem, tem uma vida normal de rebeldias contra os seus pais e os seus irmãos. Sua vida dá uma reviravolta ao descobrir que ao invés de só uma vampira - que já não é nada comum - ela é metade...
A vida é algo completamente patético. Fiquei tão preocupada em acabar com o meu tempo de calmaria, que ele acabou antes mesmo do esperado. Talvez tudo seja uma ilusão e você mesmo se iluda pensando que está tudo bem e que você terá um final feliz. Tudo é uma grande ironia, as vezes parece que o próprio universo conspira contra você mesmo sabe. Quando parece que você vai conseguir, uma grande e redonda merda aparece para ferrar com tudo. Simplesmente eu não estou entendendo mais nada. Eu iria para o sul para salvar a minha mãe antes mesmo de algo acontecer a ela, e quando estou a véspera de fazer isso algo faz mal a ela. Na visão do Daniel ela desaparecia, mas talvez isso seja flexível, talvez poderia estar dizendo que ela morreria, mas vampiros não morrem, somos imortais Não entendo absolutamente nada que está acontecendo. Talvez o problema seja eu. Talvez essa minha ideia de achar que eu devo e posso salvar a tudo e a todos, talvez seja isso que estrague tudo.
Ou simplesmente seja eu que estrago tudo.
Minha vontade neste momento era desaparecer, ou simplesmente nunca ter existido. Mas não, eu já nasci com uma diferença que ninguém no mundo inteiro tem, já nasci carregando um fardo que ninguém poderia carregar por mim. Muitas vezes a palavra "especial" é usada para caracterizar alguém, mas no meu caso a palavra decente é "diferente", isso que eu sou, eu não sou a droga de uma salvadora ou de uma heroína!. Eu sou só uma pessoa que achava que podia mudar o mundo sozinha, mas não posso. Talvez eu possa ferrar o mundo sozinha, acho que eu sou mais propensa a fazer isso.
Falam que a esperança é a última que morre, e isso é verdade. Estou há tanto tempo com ela que não tinha percebido até este momento. Eu fiquei lado a lado com ela desde que tive de enfrentar o Heitor, mas agora eu nem sei mais se ainda a tenho.
Minha mãe está adoecida e ninguém sabe o que é, até porque vampiros não adoecem nem morrem. Ainda não sei se ela irá desaparecer ou não, e ainda adiei a minha viajem faz quase um mês para esperar a minha mãe melhorar mas até agora nada.
Eu vivo completamente sem esperança, não acredito que um "milagre" possa acontecer na minha vida. Talvez isso seja uma consequência de tanto acreditar que eu poderia resolver qualquer problema . Hoje eu finalmente consigo ver que eu sou só uma pessoa entre bilhões de outras, a única diferença entre nós é que eu sou metade vampira e metade lobisomem, mais nada.
Agora o que eu mais queria era desaparecer, porque eu não aguento mais as pessoas a minha volta dizendo "Vai ficar tudo bem" ou "Eu sinto muito". Não vai ficar tudo bem. Eu estou cansada de ser iludida com essas falsas esperanças. Agora, a parte que eles sentem muito pode ser verdade; sinto muito por você ser diferente, sinto muito por não saber o que a sua mãe tem, sinto muito por você não poder fazer nada para mudar isso, sinto muito.
Eu que sinto muito por não ser a droga de uma heroína.
Eu que sinto muito por estragar tudo.
Eu que sinto muito por desistir.
Isso mesmo, eu vou desistir.
Eu não aguento mais carregar um fardo que não é meu.
Simplesmente cansei, cansei de toda essa merda!.
Cansei de esperar, isso nunca combinou comigo.
Eu vou ver o feiticeiro e não volto sem uma resposta, quer ele queira quer não queira.
Arrumo as minhas roupas e objetos pessoas, aproveitando que Harry ainda dorme, não estou bem para uma despedida. Olho para ele de relance e vejo seus cabelos negros que já estavam grande espalhados pela cama; — assim como ele — seu abdômen a amostra, e a sua calmaria enquanto dorme.
Se eu conseguisse pelo menos dormir.
Calma é o que ultimamente me falta, eu simplesmente ando para um lado e para o outro mal-humorada. Nunca tive o costume de ficar parada em um lugar por muito tempo, mas não tive escolha.
"Querido Harry, eu não aguento mais esperar por uma solução ou por um simples milagre; eu vou ao encontro do feiticeiro e não venha atrás de mim, isso é algo que eu tenho de fazer sozinha. A esperança já me fugiu e o pensamento de que tudo dará errado está quase me dominando, então preciso ir o quanto antes. Me desculpa por não me despedir, eu não aguentaria, já estou muito frágil e talvez isso me fizesse desistir. Fique bem e se cuide, eu te amo, fale para a minha família que eu os amo e principalmente que eu amo a minha mãe, fale para eles que eu finalmente irei atrás das minhas respostas, mas não conte sobre a minha mãe desaparecer. Eu te amo muito, e estou fazendo isso não porque sou uma heroína, mas por mim, eu sou um furacão de destruição e usarei isso ao meu favor. Adeus.
Com amor, Emilly Altermann."
Eu teria de ir agora, para que talvez eu consiga não desistir.
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Deixo o pequeno bilhete em cima da bancada da cozinha e me direciono a cama:
— Eu te amo — sussurro e dou-lhe um beijo na testa.
Antes de abrir a porta de casa para ir atrás de minhas respostas, eu paro e olho para o chão. Eu não estaria simplesmente indo embora, eu estaria indo em direção as respostas que sempre atormentaram a minha vida, as questões que sempre me assombraram. E quando voltasse para casa eu finalmente teria paz.
Mas será que eu gostaria dessas respostas?!. Será que eu aguentaria o fardo de saber tudo sobre mim e ainda saber se minha mãe vai desaparecer ou não?. Seria uma resposta que eu só poderia responder após falar com o feiticeiro. Será que um dia eu poderia ter uma família?. Talvez tudo dê certo, ou talvez tudo dê errado.
E cara, eu estou torcendo para que tudo dê certo.
Meu coração dói ao pensar que eu teria a chance de voltar para casa de mãos vazias. Porém eu tenho de arriscar, pelo menos estou arriscando só a minha vida, só a de uma pessoa sem importância.
Espero que todos fiquem bem enquanto me jogo de cabeça nessa aventura maluca e suicida. Dói não poder me despedir de todos que amo, mas tenho de protegê-los, é o melhor a fazer.
