Mariposa (Série Vampira e Presas) - Livro Um (Concluído)

Capítulo 45

Finalmente eu poderia ter as respostas que tanto almejava.
Tudo se resolveria com  algumas simples respostas.

— Sim. — digo calmamente — Mas antes, eu não sou boba, e muito menos o Senhor. Qual será o preço, o que você irá pedir em troca? — pergunto hesitante.

— Emilly, Emilly, Emilly — diz calmamente — Você nunca pode ser subestimada — diz e dá um sorriso — Ainda não sei, tudo em você me agrada.

Engoli em seco as suas palavras.

Será que o Elliot estava certo quando disse que ele poderia querer a minha essência?!

E o pior, tenho tantas perguntas mas não consigo organiza-las para poder ter as respostas certas.

Parecia tudo tão fácil antes de chegar aqui. Eu tinha tudo planejado, como chegaria aqui, o que falaria e o que perguntaria.

Agora parece que um nevoeiro escureceu a minha mente.

Não faço ideia por onde irei começar.

— Pelo visto você está muito perdida, Emilly — diz de um jeito cômico —Então enquanto você pensa eu começo a contar o que você quer saber, sobre os seus pais e o filho que eles me entregaram —olha em minha direção e eu confirmo com um balançar de cabeça.

—Por mim tudo bem —digo calmamente.

Ele respira fundo e prossegue.

— Há muito tempo atrás, eu me relacionei com um mulher, uma que assim como eu era feiticeira, nós não tivemos um caso duradouro pois tínhamos idéias e opiniões diferentes. 

"A irmã dessa feiticeira estava se relacionando com um lobisomem e o maior problema era que a irmã dela era de descendência vampiríca, mas ela ainda ão sabia disso. Nessa época isso era considerado mais errado do que nos dias atuais, eles poderiam ser mortos, Emilly. O maior problema era que eles exalavam amor e paixão, e isso era altamente preocupante. A mulher que eu estava me relacionando estava muito preocupada com a sua irmã e o perigo em que ela estava envolta, e isso estava refletindo em nossa relação. A pior parte foi quando ela disse-me que eles dois queriam ter um filho e que eu precisava ajudá-los, porém eu não podia simplesmente os ajudar, eu não sou uma pessoa boa, e eu sempre penso no meu lado, então eu disse que só poderia os ajudar se eles me dessem essa criança."  

Então era verdade, o Elliot estava me dizendo a verdade.

E o pior, o feiticeiro pediu mesmo o filho deles, todavia, por quê?.

"Ela não aceitou a minha proposta, então tudo começou a dar errado. Ela terminou comigo, então eu fiquei enfurecido e acabei envolvendo os seus pais na minha história, eu os ajudei e fiz com que pudessem ter o filho que tanto queriam,e  ele seria meu de qualquer jeito." 

"Você não sabe o quanto a essência de uma criança que nasce de um amor verdadeiro é forte, você pode usar para poções quase que impossíveis. Tudo estava indo conforme o meu plano, e eles concordaram plenamente. O único problema foi que eles tiveram o filho e me esconderam. Eu fiquei furioso e fui atrás deles, peguei a criança a força e quando eles relutaram eu os amaldiçoei, falei que o próximo filho que tivessem, seria uma aberração, metade vampiro e metade lobisomem. Eu não queria causar isso, eu só estava frustado pelo meu relacionamento ter acabado e por seus pais terem mentido para mim. E antes de ir embora totalmente da vida deles, eu contei aos pais da Sarah que ela estava tendo um relacionamento com um lobisomem. E depois de um tempo eu descobri que sua mãe e seu pai se separaram, com certeza porque eu os entreguei de bandeja, porém eu já sentia que Sarah estava grávida, os feiticeiros tem esse poder."

 "Sua mãe casou com o Heitor, ele já tinha dois filhos, a Alexa e o John, que eram de outro casamento. Depois de alguns meses você nasceu, mas para isso sua mãe quase morreu, sim, Emilly, mesmo sendo imortal ela quase morreu, quando ela estava durante o parto, você quebrou quase todos os ossos do corpo dela, e quando um vampiro é ferido repetidas vezes sem dar tempo de se curar, ele pode vir a morrer. Porém você conseguiu nascer, você foi um milagre e uma maldição, algo impossível, que nunca poderia ter acontecido, Emilly."

"Mas aconteceu, depois de alguns anos sua mãe e Heitor tiveram o Christian e a Isabel, e foi difícil para a sua mãe e para o seu pai esconder os sentimentos que ainda nutriam um pelo outro. Eles nunca deixaram de se amar."

Mesmo diante da dificuldade e dos obstáculos, os meus pais nunca deixaram de se amar.

Mesmo tendo a distância e todos contra eles.

Eles enfrentaram as barreiras, uma a uma e hoje estão juntos.

Tiveram um relacionamento totalmente errado e contraditório, e o pior, tiveram um fruto desse amor.

Não só um, como dois.

E ainda tiveram que esconder isso de todos, esconder de mim, esconder a verdade.

Eu não sabia e nunca adivinharia que John e Alexa não eram meus irmãos de verdade.

Mesmo assim os considero.

— Emilly, mesmo sem querer, você pôs tudo nos eixos. Você derrotou o Heitor, você juntou a sua família, juntou os seus pais, e também conseguiu ficar com a pessoa que você tanto ama. Mesmo sendo errada, você acertou — diz com um tom de orgulho — E o que me ajuda a tirar a culpa que eu carrego por tudo que fiz, foi pensar que você acertou onde eu errei, que você concertou o que eu quebrei —diz emocionado e me abraça.

Eu não esperava por tanto sentimentalismo de sua parte, mas o abraço de volta. Sinto que ele diz a verdade, não sei porque, mas acredito em suas palavras.

—A mulher era a minha tia não era? — pergunto baixo.

Ele me olha surpreso e confirma com um balançar de cabeça.

— Nós nos amávamos, mas eu estraguei tudo — diz triste.

Quando minha tia falou sobre o feiticeiro, ela se referiu a ele pelo seu nome, e isso é algo que só pessoas íntimas fazem, eu deduzi que eles se conheciam. Muito mais que isso, eles se amavam. Porém o egoísmo e o orgulho do feiticeiro os fez se separarem.

Isso me lembra que deixei o Harry para fazer essa viajem por egoísmo.

—Muito obrigada, feiticeiro, você não sabe o quanto me ajudou. Eu hoje sei, que não sou uma heroína, contudo que mesmo assim salvei a todos — digo calmamente e me desvencilhando de seu abraço — Mas, o que vai querer em troca? — pergunto preocupada.

— Nada.

— Como assim nada? — indago nervosa.

— Você me ajudou a enxergar tudo claramente, Emilly. Falar sobre o que aconteceu no passado, me ajudou a me livrar da raiva e da magoá que eu nutria por mim mesmo— diz de forma doce.

— Tudo bem,  porém o que irá acontecer? — pergunto preocupada.

Agora que eu sabia a verdade, e que ele havia se perdoado, o que iria acontecer?.

— Eu sinceramente não sei. Pela primeira vez na minha existência, eu não sei a resposta da sua pergunta.

— Você... poderia voltar comigo. Não tem mais razão para viver aqui sozinho, e eu sei que minha tia ainda te ama.   —peço suplicante — Porém sabe que ainda tenho mais algumas perguntas, certo?

— Sim, responderei a elas imediatamente — responde com um pequeno e sincero sorriso no rosto.

Finalmente a pergunta que mais afligia o meu coração iria ser resolvida.

— A visão do Daniel era verdadeira? Quero dizer, minha mãe irá mesmo desaparecer? — pergunto preocupada e ansiosa.

Ele respira fundo e me olha com pesar.

— Sim — diz tristemente — Uma parte da visão é verdadeira.

Não podia ser verdade.

Mas qual parte da visão era verdadeira?.

E o que iria acontecer com a minha mãe?!.