Não consegui olhar nos olhos dele, Andrew tinha que estragar tudo. Caramba, já que tinha atiçado não custava nada me deixar gozar. Ele não falou mais nada, me seguiu, entramos em várias lojas. Eu não estava nem ligando, o negócio é gastar o dinheiro dele mesmo. Ninguém mandou ser estraga prazeres. Levanto os meus olhos para um vestido na vitrine. Ele para e me olha negando com a cabeça, mas o vestido é realmente lindo.
Entro na loja, que é um pouco mais elegante que as outras. Vejo que ele ficou atrás com as sacolas, dou de ombros. E fico ali esperando alguém me atender, e as funcionárias não vem até mim. Eu observo algumas roupas, e seus preços, elas são caríssimas.
— Olá, Boa tarde! — digo sorrindo, estendo as minhas mãos e ela não pega.
— Desculpe, mas nós não estamos contratando ninguém.
Olhei para ela e reparei fundo, o olhar dela sobre mim, transparência nojo e repulsa. Eu estou com cara de pobre e o pior, sou negra. É por isso que ela me olha assim, é por isso que acha que eu vim atrás de emprego?
— O que te faz achar que eu vim atrás de trabalho? — questionei com raiva.
Ela se inclinou sobre mim e sussurrou no meu ouvido.
— Sua raça não se encaixa no meu mundo, retira essa bunda da minha loja, antes que eu precise chamar os seguranças alegando que você estava roubando.
Eu não aguentei e acertei um tapa forte em seu rosto, e saí daquela loja correndo. Vi Andrew atrás de mim, e me segurar pelos braços. Eu odeio pessoas racistas. Odeio. Me admira que ainda aqui no Brasil tenha pessoas assim, preconceituosas.
— Ana o que aconteceu? — perguntou olhando nos meus olhos.
— E... Elas... — eu não aguentei e chorei ele me abraçou me confortando nos braços.
— Ana para de chorar e me diz o que houve? — pediu.
— Andrew, ela disse que minha raça não se encaixava no mundo dela...
Ele me puxou de volta para loja, chegando lá abriu às portas. Eu não tive tempo de fazer nada a não ser ver a cara de surpresa das mulheres e o nervosismo ao ver o Andrew.
— Carla venha aqui, agora! — chamou e a mesma mulher que eu bati veio.
Pera, como ele sabe o nome dela? Limpo às lágrimas que desceram dos meus olhos e olho para ela.
— Sim, senhor Clark? — ela disse.
— Peça perdão a minha namorada, agora! — gritou para ela, chamando a atenção dos outros que estava ali.
— Senhor, eu não sei do que o senhor... — ele a interrompeu com raiva.
— Não vou falar de novo. — então ela se virou para mim.
— Desculpa, senhorita! — ela pediu seus olhos estavam fumegando de raiva.
— Pronto, agora você está demitida. Por justa causa, agora saía da minha frente antes que eu ligue para o meu advogado e te enfie na cadeia por racismo. — Carla arregalou os olhos e saiu correndo.
Andrew voltou os olhos para mim e sorriu, eu retribui, na verdade eu não sabia que ele tinha lojas de roupas femininas ainda mais aqui no Brasil.
— Você é o dono? — perguntei.
— Sim, eu a inaugurei mês passado. São roupas de uma amiga minha. Venha vai querer aquele vestido da vitrine?
— Eu quero ir para casa.
— Não vai querer nem experimentar? — perguntou limpando algumas lágrimas que cairam dos meus olhos.
— Ok, tudo bem! — digo só para ele não ficar insistindo.
Ele fez sinal para uma das meninas que vieram, com seus olhos arregalados pela beleza de Andrew. Eu a fuzilei com os olhos, e antes que Andrew dissesse algo eu o interrompi.
— Não quero amor! Não gostei dessa loja, me desculpe eu sei que é sua. Mas tem que escolher melhor os seus funcionários. — digo olhando a vadia de cima a baixo.
— Feche a loja, amanhã farei uma reunião com todos nove da manhã, sem atrasos. — ele disse, colocou os braços entorno do meu ombro e me puxou para fora dali.
Fomos para casa, eu fiquei o tempo todo calada, mesmo ele insistindo para eu falar, fiquei calada. Por quê as pessoas são tão racistas? Só porque eu fui vestida assim?
— Ana por favor fale alguma coisa? — pediu.
— Falar o que Andrew? Que isso é a última vez que acontece? Mas eu já estou cansada de pessoas racistas. Estou cansada de viver em um mundo hipócrita, eu fui muito humilhada, e consegui superar, mas sempre vem um e nos lembra o que nós somos...
— Humanos, não são diferentes de nós. — tentou me confortar acariciando o meu rosto.
— Não Andrew, para pessoas como você, eu e todos que levam uma cor escura na pele, somos o que mesmo? Ah, ladrões... Deixa eu ver, macacos, para pessoas como da sua gente nós somos o lixo do lixo. Somos tratados como bixos, ainda acham que a migalha que recebemos é muito. Lutamos contra o racismo, queremos igualdade... Mas a verdade é que o mundo é racista e ele nunca vai mudar. — falo as palavras chorando, vejo que minha mão ainda está trêmula.
Estávamos na garagem de casa, ambos sentados nos bancos da frente.
— Pessoas como eu? — perguntou. — Por um acaso eu te chamei de ladrona, por um acaso eu te chamei de macaco? Não, Ana. Eu nunca faria isso. Eu te amo! Caralho. Não quero que nada nesse mundo atrapalhe a nossa vida... — eu o interrompi sentindo um nó na garganta.
— Não posso fazer mais isso, Andrew. — digo. — Chega de mentir para nós dois que isso vai dar certo, pois não vai. Somos diferentes. Você é rico e eu não, tem muita coisa em jogo. E eu não quero mais fugir da realidade para viver uma loucura com você, eu não posso.
— Não faz isso Ana, por favor... Eu te amo. Não faz isso comigo com a gente. — pediu e eu senti o desespero em sua voz.
Sai do carro, e fui caminhando para fora da garagem, e senti sua mão me puxar para o corpo dele.
— Respeita meu tempo, And. Por favor, estou confusa é muita coisa para eu assimilar. Não quero te perder, mas também não quero e nem posso fingir que isso é um contos de fadas. Aonde o Príncipe encontra a pobre moça do vilarejo, que não tem aonde cair morta... E eles vivem felizes para sempre? Isso aqui é a minha realidade. Eu sou uma garota que nunca deveria ter entrado no seu caminho.
Ele me abraçou chorando, ele estava chorando? É isso? Ele me prende e seus braços com força, eu tento me afastar sentindo meu coração arder por causa dessa decisão que estou tomando.
— Ana por favor, eu larguei tudo por você. Larguei meu casamento de sete anos, para você fazer isso. Não eu não vou permitir.
— Não, eu não quero mais. Chega por favor, não insiste em nós dois... — ele me calou com um beijo.
— Uma última vez, só para eu provar para você o quanto eu te amo. E o quanto nada nesse mundo me faria te abandonar. Eu não me importo com nada só com você... — pediu.
— Só mais uma vez, depois disso... — ele me interrompeu.
— Deixa acontecer, Ana...
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Continua...
Estamos em mais da metade, leia com atenção siga o mesmo raciocínio que o meu. Vocês vão querer me matar que eu sei, amo vocês.
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(Concluído) O Indecente do meu Chefe
Romans#21Loucuras - 29 setembro Andrew Clark, quais são às palavras que definem este homem? Com certeza, compaixão não é uma delas. Ele é prepotente, indecente, imoral, devasso, arrebatador, marcante... São milhares de palavras que definem um único homem...