Revisado✍✍
— Caralho, inferno! — murmuro apertando a buzina do meu carro.
Como eu posso ser tão atrapalhada assim? Estou muito atrasada, Sr. Gustavo vai me comer viva, triturar os meus ossos e fazer uma sopa para os mendigos. Olho no meu celular que está no porta luvas, e já se passaram das 7:50am, e ainda nem estou na metade do caminho. Para dizer a verdade eu não sou culpada, né? Culpe o trânsito carioca, não a mim. Eu trabalho no Leblon, moro na zona oeste, duas horas de carro, é muito longe. Percorrer o mesmo caminho todos os dias, cansa! Eu acordei 5:30am e eu estou toda atrapalhada com o engarrafamento.
Tenho somente vinte e um anos, estou pensando em alugar um apartamento perto do Leblon com isso eu acordo mais tarde, mas quem disse que eu tenho dinheiro para pagar um? Não tenho, estou mais fodida que formiga quando é pisoteada. Às vezes penso, por quê eu não nasci rica? Minha consciência sempre me responde: porque você nasceu pobre.
Desde que completei meus dezenove anos venho socializando o trabalho e estudo, antes eu vinha de ônibus. Até o Sr. Clark o dono da empresa me ajudar com a carteira de motorista, mas ele voltou para New York, e eu fiquei como secretária de Gustavo. Tenho uma carga horária de oito horas por dia, ou seja, eu trabalho de oito da manhã até às três da tarde. Mas, como eu tenho um chefe muito gente boa, eu fico sempre até às quatro sem hora extra. Faço faculdade na zona oeste - campo grande, caminho dá minha casa, depois eu vou pra casa dormir. Muito cansativo e exaustivo, mas vale a pena.
Toda vez que recebo o meu pagamento e compro presentes para meus irmãos, pago minhas contas, ajudo minha avo dentro de casa. É satisfatório, quando eu vejo o sorriso de alívio nos lábios dela. Minha avó precisa muito de mim, eu sou a única que a ajudo em casa, de todos os seus netos eu sou a única que vê ela todos os dias. Eu a amo demais, ela é tudo para mim.
O meu único problema é roupas que tenho que comprar todo mês para vim trabalhar, ela é muito rigorosa. Tenho que vir sempre se saía lápis, blusa social branca ou preta, uma azul escuro passa batido. Terninho. Às vezes venho com uma regata, como hoje, estou com uma regata branca.
Mas o que me mata mesmo, é te que usar saltos altos. Nossa como eu odeio usar esse troço de quinze centímetros.
Saio dos meus devaneios quando ouço a voz da Beyonce cantando Crazy in Love, olho para frente e percebo que o trânsito está ficando mais tranquilo, bem pouquinho mesmo. Atendo a chamada colocando no viva voz, sem nem mesmo ver o abençoado que está me ligando à essa hora da manhã.
— Está atrasada. — a voz de Gustavo preenche o silêncio. — Quantas vezes tenho que te dizer que eu a quero aqui, antes das oito da manhã? — sua voz soa mais impaciente.
— Sr. Gustavo, me perdoe. Eu estou no meio do engarrafamento, ainda. — sussurro transparecendo meu nervosismo.
— Estou farto dessas suas desculpas bobas. Se você não chegar em 20 minutos, estará demitida. — rosna a frase do outro da linha logo em seguida desligando na minha cara.
— Estou ferrada — falo pra mim mesma.
Quinze minutos depois chego na empresa, deixo meu carro no estacionamento da presidência, pois é eu tenho essa prioridade apenas por ser a secretária. Entro correndo na recepção vendo minha amiga Manuela me encarando, sempre impecável. Estou dando uma de recalcada agora, eu sei. Mas não estou mentindo. Ela tem quadris largos, cintura fina, olhos azuis e um cabelo ruivo totalmente natural. Ela é linda, e sem contar na pele bronzeada dela.
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(Concluído) O Indecente do meu Chefe
Romance#21Loucuras - 29 setembro Andrew Clark, quais são às palavras que definem este homem? Com certeza, compaixão não é uma delas. Ele é prepotente, indecente, imoral, devasso, arrebatador, marcante... São milhares de palavras que definem um único homem...