Capítulo 3

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É claro que ele estava honrado, ele ia se casar com a filha de um duque, iria possuir uma boa quantia em dinheiro - Eu sempre fui apaixonado por sua filha e a tratarei como uma rainha.

Fala sério, eu queria vomitar e se esse miserável abrisse a boca novamente, eu o esbofetearia.

- Sei disso, estou confiando minha princesa a você. - meu pai falou seriamente, de modo que faria qualquer um tremer na base - Se não a tratar como ela merece, as coisas não ficarão boas para o seu lado, senhor Philips.

Apesar de pensar palavrões que assustariam Diana até a alma, eu fui educada para não confrontar a família na frente das outras pessoas, então permaneci calada até que Michael beijou minha mão, afirmando o tempo inteiro que estava lisonjeado em tomar minha mão em casamento, mas eu estava enjoada com toda a cena. Então ele se foi, deixando eu e meu pai para trás, logo dei razão a minha raiva.

- Como pode fazer isso? - gritei, erguendo as mãos para logo deixá-las cair ao meu lado.

- Fazer o quê? - ele perguntou, genuinamente confuso.

- Me comprometer com ele? Eu não vou me casar com Philips - comecei a caminhar de um lado para o outro.

- Claro que vai, já dei minha palavra e eu não volto atrás - ele manteve a voz calma, me deixando ainda mais irada.

- Já pensou que deveria ter me perguntado primeiro? Eu não o amo - bradei.

- Se continuar com isso, irá furar o piso - ele se levantou e caminhou até mim - e amor vem com o tempo.

- Não, eu quero me casar com alguém que eu amo, não com um mauricinho ridículo.

- Olhe a boca - agora ele se alterou - e você vai se casar sim, mocinha. Por bem ou por mal - e com isso ele me deixou sozinha. Desabei em uma poltrona e lágrimas escorriam por meu rosto.

Durante o dia inteiro permaneci trancada em meu quarto, morrendo apenas com a ideia de ser obrigada a me casar com um homem que eu não suportava, apenas o pensamento de seu toque sobre mim fazia com que eu tremesse em repulsa. Quando a luz da lua cheia iluminou atrás da janela diáfana do aposento, eu já estava com uma ideia fixa em minha mente. Tomei um banho, destravei a fechadura da porta dupla e desci para jantar, calmamente.

- Como foi a conversa que vocês tiveram? - minha mãe perguntou quando as empregadas já se encontravam no local para recolher os pratos e talheres sujos.

- Ocorreu tudo bem - meu pai disse distraidamente enquanto rodopiava o vinho contido em sua taça de cristal, em seguida a levou aos lábios apenas para bebericar. Bem? Foi uma tragédia, isso sim. Mantive o pensamento comigo mesma, apenas lhe lancei um olhar desdenhoso que passou despercebido ou foi ignorado, afastei a cadeira e me coloquei de pé.

- Com licença, vou me deitar. - falei firmemente - Boa noite.

Não esperei resposta de ninguém, virei em meus calcanhares e caminhei para meu quarto. Escovei os dentes, vesti minha camisola e afundei-me no colchão macio. Como eu já esperava, não demorou muito para uma batida leve soar e a cabeleira cacheada de Diana surgir atrás da porta logo em seguida.

- Conte-me o que aconteceu na biblioteca de manhã - ela pediu assim que deitou-se ao meu lado. Suspirei e lhe contei o que havia acontecido. Di ficou atônita e temerosa que a mesma coisa pudesse acontecer com ela quando tivesse idade para namorar.

- Namorar? - perguntei - Eu nem tive essa chance. Papai achou que pular para o "eu aceito" era mais importante. E em que século ele acha que vivemos para que ele escolha com quem devo me casar?

- Eu não quero me casar com um engomadinho que se acha o rei da cocada - ela falou, cruzando os braços sobre os seios.

Suspirei. Logo escolhemos deixar esse assunto de lado, lemos uma parte de um livro e quando o relógio badalou alertando a chegada das 23:00, Diana se levantou, beijou-me a testa desejando-me uma boa noite e correu para seu quarto. Esperei que a escuridão do lado de fora aprofundasse, assim como o sono de todos os moradores da casa, para que eu pudesse me levantar com mais segurança. Vesti uma calça jeans, uma blusa regata, joguei um moletom por cima cobrindo meu rosto com o capuz, joguei sobre o ombro uma mochila que havia preparado anteriormente e abri a porta cautelosamente, me lançando em meio à escuridão.

Minha mala estava um pouco pesada pois havia colocado tudo que eu achava necessário para a sobrevivência por alguns dias e claro, alguns itens pessoais, distribui uma boa quantia de dinheiro por todo lugar, mochila, botas, bolsos e até mesmo dentro do meu sutiã.

Desci a longa escadaria nas pontas dos pés, me aproximei da porta, girei a tranca e quando a abri, liberei o ar que estava segurando, juntamente com a brisa fresca do ambiente que atravessou através de mim. Quando já estava me colocando para fora senti uma mão enroscando em meu braço e eu levei minha palma até meus lábios para abafar um grito, me virando em um pulo.




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