LUCIANA
Fazia muitos dias que eu não saía do quarto, Stefan ou Julian sempre traziam algo para comer, havia banheiro que, para minha felicidade, os homens haviam deixado para meu uso exclusivo, então eu não precisava de mais nada. Eu dizia que não queria sair pois não queria dar de cara com o capitão, mas era William quem eu estava evitando e quanto mais eu tentava esquecê-lo, mais a noite em seu quarto reavivava em minha mente. Percebi que mentia para mim mesma, eu necessitava de algo sim, percebi que nesse momento eu precisava muito de Diana. Como estaria?
- Oh minha irmã - suspirei e me afundei na cama. Era hora de dormir, ou pelo menos tenta-lo. Acordei sobressaltada, uma mão cobria minha boca e meus olhos estavam arregalados pelo susto de acordar assim tão abruptamente. Porém, não havia temor igual quando vi quem era dono da dita mão.
- Shh, venha comigo e não grite - sussurrou em meu ouvido - ou a matarei - acrescentou e eu realmente não duvidei disso. Então, ele afastou sua palma e eu me coloquei de pé, acompanhando-o para fora. Eu queria gritar, correr, fazer qualquer coisa, mas eu não podia, eu estava tremendo de medo. Nos encontrávamos do lado de fora do quarto e Orion virou-se para mim.
- Agora moça, pegue suas coisas e saia do navio - falou sucintamente e aquilo pegou-me desprevenida. Antes de que todos adormecessem, a parada misteriosa era o assunto da conversa de todos ali e agora eu sabia qual era o motivo. Eu. Eu estava sendo expulsa dali. Para onde iria agora? Mas talvez fosse algo bom - vamos, apresse-se e agradeça por não tê-la matado.
- Obrigada - sussurrei - necessito apenas de pegar algumas coisas e...
- Nada disso, não levará nada daqui - ele disse e cruzou os braços sobre o peito. Mordi o lábio para não me debruçar em lágrimas e assenti, já me virando para ir.
- Não esqueceu-se de nada? - ele perguntou quando eu mal havia levantado o pé para dar o primeiro passo. Me voltei para ele e franzi o cenho em desentendimento. Ele me proporcionou um sorriso maléfico que me fez tremer o corpo inteiro e apontou com a cabeça para mim mesma. No começo não entendi o que ele queria dizer, olhei para baixo e nada, olhei de novo e... O significado me acertou como um raio. Estava apontando para minhas roupas.
- O quê? - perguntei no susto.
- As roupas ficam - disse e escorou na porta - talvez sinta-se envergonhada de tirar na minha frente, virarei de costas se desejar. Agora algumas lágrimas escorriam por meus olhos, assenti para sua oferta e ele se virou. Humilhada, era assim que eu estava me sentindo, terrivelmente humilhada. Mas isso não ficaria assim, não mesmo.
- Pronto? - ele perguntou, humor estampado em sua voz.
- Não - falei baixo e ele continuou de costas. Olhei para um lado e então para o outro, a rampa já estava baixa. - Apresse-se ou virarei antes que termine - falou, tirei as botas e antes que eu pudesse pensar em mais alguma coisa, corri. Corri, escutei sua voz me chamando e seus passos atrás de mim, mas eu era mais jovem e magra, então ele não me alcançou. Parei apenas quando já não conseguia mais respirar e estava longe o suficiente. O que eu faria agora? Estava sozinha. Talvez fosse hora de voltar para casa.
WILLIAM
Acordei na manhã seguinte com um reboliço acontecendo do lado de fora, Orion estava gritando para que desancorassem que estávamos de partida. E assim foi feito, logo estávamos novamente no mar. Por que ancoramos então? Para passar a noite em algum lugar que não fosse flutuando em uma imensidão isolada? Isso nunca incomodou ninguém. E essa questão ficou na minha cabeça a manhã inteira. Estava sentado na cama da cabine do capitão conversando com ele e tomando um copo de uísque.
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ღ Perigosa Atração
RomanceLuciana Hamilton, filha do poderoso duque de Westwick, era a favorita do papai e por isso sempre foi mantida presa na enorme casa da família ou vigiada de perto por inúmeros guardas-costas, longe dos olhares famintos dos homenzarrões da cidade. Poré...