Capítulo 37

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Já estava suada como um porco, nunca entendi essa expressão, mas voilà, e resolvi me sentar em um banco ali perto, limpando o suar do rosto e pescoço com uma toalhinha que havia pego e bebi um gole de água.

- Olá - disse uma voz feminina ao meu lado e quando virei o rosto, bem, não fiquei mais animada do que eu já estava.

- Oi - não fiz questão de parecer simpática, afinal, eu havia notado a antipatia em sua voz apesar dela tentar esconder. Nina sentou-se ao meu lado sem ser convidada e cruzou as pernas fazendo o pedaço de pano que ela chamava de saia subir ainda mais, quase mostrando... a perseguida.

- Olha, estou aqui apenas para dizer uma coisa - ela disse, seu sorriso falso já havia desaparecido há algum tempo.

- Então diga rápido, você está esquentando minha água - falei tranquilamente sem encara-la, apenas olhando para as pessoas que passavam por ali. Eu quase ouvi seus dentes rilharem uns nos outros, e eu não consegui esconder um sorriso.

- William é meu, sempre foi - disse perigosamente baixo e perto, virei meu rosto e arqueei uma sobrancelha.

- E o que eu tenho a ver com isso? - perguntei, ainda com um tom relaxado, mas por dentro eu queria soca-la.

- Não finja-se de desentendida, eu vi como você olha para ele, como se o quisesse para você - ela deu de ombros - já vi essa mesma expressão muitas vezes no rosto das mulheres antes dirigida para William, então aprendi a identifica-la.

- Principalmente no seu rosto - resmunguei, dando uma risada sardônica.

- Enfim - continuou como se eu não tivesse dito nada - nos conhecemos desde sempre, sei todos os seus gostos, suas manias, eu fui seu primeiro beijo e sua primeira vez, e sabe como é o primeiro a gente nunca esquece.

Com cada palavra que ela dizia minha mandíbula apertava mais e meus dentes estavam começando a doer, não estava conseguindo controlar meu desconforto por sua presença e minha raiva. Não acredito que William tinha se entregado para essa mulher odiosa e eu estava sendo uma masoquista por ficar pensando nessas coisas. Eu tinha que dar um jeito de seguir com a minha vida.

Coloquei-me de pé e virei para encarar a víbora que estava com um sorriso malicioso em seus lábios. Eu queria desintegra-lo com um murro certeiro e quebrar todos seus dentes perfeitamente retos.

- Isso não me importa - coloquei os fones de ouvido novamente - façam o que quiserem e, aliás, vocês se merecem. Apenas não me atormente mais ou essa sua carinha ficará mais deformada do que já é.

- Olha a violência - ela ergueu as mãos em sinal de rendição - achei que você fosse a filhinha boa do papai. Um duque, não é? - seus olhos brilharam com pura maldade e eu sabia o que ela estava pensando, que William lhe contava tudo. E eu não podia imaginar o que falaram sobre mim e nem queria pensar nisso. Aproximei-me dela e inclinei-me, obrigando ela a encostar no banco e seus olhos arregalaram-se em precaução.

- Não, não sou - disse e surgiu um sorriso nefasto em meus lábios, que eu nunca havia direcionado para ninguém - para isso tem minha irmã. Então, é melhor dormir com um olho aberto pois mexeu com a garota errada.

- Está me ameaçando?

- Eu nunca ameaço - garanti e sai dali, com a dignidade intacta e com uma pitada de glória. E como eu esperava, quando a tarde chegou, William estava na porta da casa de Júlia chamando por mim.

- Ameaçou Nina hoje? - perguntou assim que eu coloquei o pé do lado de fora. Claro que ela iria correndo contar para ele, vadia.

- Eu? - perguntei, inocentemente.

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