Capítulo 15

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E naquele momento eu quase cai para trás e engoli em seco. Ele estava me procurando e eu achando que ele nem se lembraria de mim na manhã seguinte. Minha vontade era de sair gritando que era eu e me jogar em seus braços, mas a prudência me impedia de fazê-lo e continuei ali escutando. Um humm malicioso e coletivo soou no lugar.

- Tirarão fotos de todas as ruivas bem arrumadas, jovens e bonitas que vocês virem, entenderam? - ele perguntou e todos assentiram, logo todos zarparam dali. Ainda bem que eu estava bem escondida nesse navio, sozinha com Willian. Engoli em seco.

No outro dia, finalmente, pediram-me para que fosse comprar algumas coisas para completar o estoque, já que todos estavam muito ocupados com a tarefa dada à eles, e Stefan me permitiu sair um pouco e conhecer a cidade. Pela manhã estava escondida e consegui ouvir para onde cada um ia e para minha felicidade iam para longe pois já tinham procurado por aqui perto, então peguei o vestido que estava usando antes de me vestir de rapaz, uma sandália de salto e sai furtivamente sem que ninguém me visse.

Entrei em uma loja disfarçadamente e troquei de roupa, estava cansada de calças, esse chapéu idiota e meu cabelo necessitava de ser solto um instante, coloquei um óculos de sol no cocuruto e me olhei no espelho, sorri para minha imagem; estava com saudade de ser uma mulher, mas situações desesperadas pedem medidas desesperadas, mas hoje eu ganhei um passe livre e ia conhecer alguns lugares. Sai da loja e esbarrei em alguém.

- Me desculpe - falei e ergui a vista para encontrar um par de olhos azuis me olhando, baixei os óculos e fiquei paralisada. Willian apenas acenou distraidamente e entrou na mesma loja em que eu estava saindo. Ele não me reconheceu. Estava caminhando um pouco mais rápido agora, quando ouço uma voz rouca gritando.

- Ei - olhei para trás e era Willian. Ai merda. Me virei e continuei andando - Ei, você - ele gritou novamente e essa foi minha deixa para tirar os sapatos e sair correndo dali. O trânsito não estava tão intenso, então quando ele já estava quase me alcançando eu assoviei e um táxi parou.

- Vai dirigindo - falei quando entrei e ele colocou o carro em movimento. 

Olhei para o lado e Willian havia parado, seus olhos fixos em mim por um tempo. Isso não durou muito, pois assim como ele abriu os olhos como se fossem pratos, eles voltaram ao normal e Drake parou um táxi também. Ai merda. Merda, merda. Repeti, porque logo mais a frente havia um congestionamento e eu tinha que fugir dali de qualquer jeito. Quando o carro parou, joguei o dinheiro no motorista, agradeci e sai dali abaixada, engatinhando entre os carros e entrando em um que estava mais a frente... e me peguei olhando para um senhor com a cara de alguém que viu uma assombração.

- Desculpe-me - falei sem graça e assim como entrei, me arrastando, eu sai e continuei engatinhando até encontrar um novo táxi, o que ali não faltava e entrei. Vago.

- Graças aos céus - exclamei - vai dirigindo - falei a mesma coisa que disse para o outro e me acalmei um pouco. Ele havia me reconhecido, seus olhos esbugalhados haviam o denunciado e eu estava... a abertura da porta do outro lado do táxi nublou meus pensamentos e um homem loiro e enorme entrou, fechou a mesma em seguida e virou-se para mim.

- Você - ele disse e eu não conseguia mais respirar.

WILLIAN

De uma coisa eu estava certo: não iria desistir facilmente de encontra-la. Ela havia me enfeitiçado de tal maneira que eu não conseguia pousar a cabeça no travesseiro sem que ela apossasse dos meus pensamentos. Estava pondo-me louco.

Então quando todos a estavam procurando nos cantos mais afastados da cidade, resolvi sair para esfriar um pouco a cabeça. Disse que ficaria no navio, mas a ideia de andar por ai pareceu-me mais atrativa. Então me vesti, calcei minhas botas, peguei o chapéu e sai dali. Estava precisando de algumas roupas novas, então resolvi parar em uma das primeiras lojas que encontrei, fiquei um tempo observando a vitrine e quando resolvi entrar, uma moça esbarrou com tudo em mim.

- Me desculpe - a moça pediu, abaixou os óculos e eu apenas acenei com a cabeça despreocupadamente e entrei no estabelecimento. Estava distraído demais na hora, mas quando cai em mim os cabelos ruivos da mulher surgiram como em um passe de mágica. Poderia ser ela? Não custava verificar. Sai rapidamente e olhei para os lados, quando a vi mais a frente na calçada.

- Ei - gritei mas ela apenas olhou para trás e continuou andando - ei, você - clamei novamente caso ela não tenha entendido que era com ela que eu estava falando. Porém, ao contrário do que eu imaginava, ao invés de parar, ela tirou os sapatos e começou a correr. E eu fiz o mesmo. Quando já estava a alcançando, ela assoviou e entrou dentro de um táxi.

- Merda - fiquei ali parado como um néscio, apenas observando o táxi colocar marcha e partir; mas o carro passou por mim devagar e arregalei os olhos quando eu tive minha confirmação. Era ela e eu não a deixaria fugir de novo. Peguei um táxi logo em seguida.

- Siga aquele carro - falei rapidamente e contive o fôlego. Eu precisava alcança-la e vi minha oportunidade um pouco mais a frente quando nos enfiamos em um congestionamento por um semáforo demorado.

Joguei o dinheiro no motorista e sai depressa do táxi. Abri em seco a porta do carro onde ela estava, ansioso para vê-la novamente, mas para meu desespero ela não estava ali. Eu não era um homem baixo e apesar de que ela o seja, não me impediria de vê-la caso ela estivesse de pé, o que queria dizer que ela estava abaixada por ai. Dei a volta e sorri, adorava quando acertava em cheio. 

A moça que habitava meus pensamentos estava ajoelhada, em uma posição que atiçava bastante a imaginação, e arrastou-se para dentro de outro automóvel negro. O semáforo ficou verde finalmente, mas havia uma fila na frente, o que impediu que o carro passasse por ele antes que fechasse novamente. Sem mais delongas, caminhei em sua direção, abri a porta direita e regozijei-me com sua expressão de puro espanto quando me viu.

- Você - não acreditava que a tinha encontrado. Puxei a porta, fechando-a com um baque e foi o único som que se ouviu durante um longo tempo.

- Por que fugiu de mim aquela noite? - quebrei o silêncio incômodo.

- E-eu não... - ela titubeou e aquilo colocou-me um tanto nervoso. Tentava negar. - Não negue, sei que é você - eu estava certo disso, pelo menos. 

Os óculos cobriam-lhe a face como uma máscara, permitindo uma comparação mais certa, e aqueles lábios... ah, nunca me esqueceria deles. Sem poder resistir, estiquei um braço e acariciei-lhe uma mecha solta de seus cabelos acobreados que brilhavam com a luz solar que penetrava pela janela aberta - por quê?

- Porque não queria que soubesse quem sou - ela disse sinceramente.

- Por quê? - repeti soando como um eco.

- Porque... porque... - gaguejou e virou o rosto para fora da janela. Ela estava me evitando por algum motivo, então esqueci minha pergunta, toquei seu queixo e o virei suavemente para que me olhasse.

- Eu a procurei desesperadamente - sussurrei.

- Está exagerando - ela disse e sorriu, um sorriso meigo e um pouco tímido - apenas se passou um dia.

- Já foi o bastante para que me pusesse louco - devolvi um sorriso genuíno e galante.

- Não parece o tipo de homem que coloca-se louco tão fácil.

- E que tipo de homem pareço? - arqueei uma sobrancelha.

- O tipo que não necessita disso por uma mulher que acabou de conhecer, pois tem todas as outras desmaiando em seus calcanhares, implorando por atenção.

- Que reviravolta então, porque aqui estou, implorando por sua atenção. 

ღ Perigosa AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora