Capítulo 60

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                                                                                 LUCIANA 

Quando a festa havia acabado e todos os convidados partiram, fui arrumar a bagunça apesar de ter alguém para fazer isso. Eu estava angustiada e ficar quieta apenas faria minha cabeça funcionar, me forçaria a pensar em coisas que realmente não me animavam. Estava jogando pratinhos sujos no lixo e quando me virei dei de cara com um homem encostado no portal, seus braços cruzados sobre o peito, despreocupadamente. 

- Você parece agitada - comentou, sorrindo de lado. 

- Onde está Diana? - perguntei, esquivando-me de seu comentário. 

- Está na sala, assistindo televisão com os meninos - Julian desencostou do vão da porta e veio ficar o meu lado perto da pia, onde eu havia me apoiado - quer conversar sobre o que a preocupa?

Na verdade, eu não queria, mas eu sabia que manter isso para mim mesma apenas me sufocaria e seria ainda pior. Me voltei para Julian e suspirei algumas vezes, baixando a vista.

- Os meninos não são filhos do Michael - sussurrei e quando ergui meus olhos, o homem estava com os olhos amplos. 

- Como é? - ele perguntou, sua testa vincando.

- Eu já estava grávida quando voltei para casa, Julian - continuava falando em voz baixa - William é o pai dos meninos. 

Seus olhos ampliaram ainda mais, como se isso fosse possível, e seu queixo caiu. 

- E ele sabe?

- Soube hoje, assim como Michael - respondi - por que acha que eu estou tão atormentada? Eu não sei o que fazer, não sei como as coisas vão ser daqui para frente. 

- Como não sabe? William terá que reconhecer a paternidade, ora - falou bravamente - eu irei obriga-lo se for preciso.

- Não, na verdade, fui eu quem disse para ele sumir e esquecer de nós. 

- E acha que ele fará isso?

- De verdade? Não penso assim. 

- Deixe-nos a sós, Julian - uma voz soou da porta, assustando-nos. Olhamos e o assunto da conversa estava parado na entrada. Julian olhou dele para mim e vice-versa, antes de caminhar para fora. Porém, antes de sumir, ele sussurrou:

- Não seja um idiota.

William manteve-se imóvel perto da porta, apenas observando-a mesmo depois que o irmão havia desaparecido há algum tempo, antes de voltar seus olhos cor de safira para mim. Antes eu estava ansiosa e querendo que ele me olhasse, mas agora que eu tinha sua atenção voltada para mim, eu almejava que a porta fosse seu alvo. Não aguentando aquele silêncio e seu olhar de lince sobre mim, voltei a organizar a bagunça da festa.

Enquanto dobrava os pratinhos descartáveis e colocava na sacola de lixo, notei, através da minha visão periférica, William enfiando as mãos nos bolsos da frente do seu jeans e com longas pernas parou ao meu lado, mas não disse nada.

- O que quer? - perguntei, visivelmente impaciente. 

- Conversar com você - sua voz estava rouca e profunda, enviando calafrios pelo meu corpo. 

- Isso eu já sei - falei, tentando manter meu tom casual e desinteressado - sobre o quê?

- Você sabe sobre o que. 

- Não faço ideia do que mais temos que conversar - joguei os garfos de plástico dentro da sacola. 

- Como assim não temos? - perguntou, seu tom subindo um nível - claro que... pelo amor de Deu,s Lucy, pare de mexer com isso e vire-se para mim. 

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