Capítulo 21

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WILLIAM

Fiquei deitado em minha cabine o dia inteiro pensando na mulher que estava lá em baixo. Finalmente eu a havia encontrado, porém não foi como eu fiquei imaginando em minha cabeça. Quando eu vi aqueles olhos, o primeiro pensamento foi que eu nunca havia visto nada tão bonito quanto eles, duas grandes esferas envoltas por um azul profundo, então desci a vista para seus lábios e para o resto dela. A compreensão bateu como um soco no estômago e eu não consegui controlar-me, quando vi já estava em cima dela, beijando-a.

Não tivemos uma conversa agradável, então quando os raios do sol cederam lugar para a claridade lunar, resolvi me levantar e descer para vê-la. A cena que encontrei lá em baixo criou um nó em minha garganta e estava começando a ver vermelho; era meu pai, com a boca na mandíbula de Luciana e a mão subindo por sua barriga.

- Pai - falei em um tom sério e os dois me olharam surpreendidos - preciso falar com você.

- Não vê que estou ocupado, William? - perguntou com uma carranca, passou por mim e se dirigiu até a chave para trancar a porta principal - Suba e conversamos depois - ri sem humor, o peguei pelo braço e o arrastei para fora.

- O que pensa que está fazendo? - o homem rugiu e se soltou.

- Sabe, é meu pai e o respeito - comecei devagar.

- Sim, eu sei, mas não sei onde quer ir com essa conversa.

- Falarei apenas uma vez - falei me aproximando dele - não quero que toque nessa garota - ele ficou em silêncio por um tempo e depois riu.

- E por que não? - perguntou cruzando os braços.

- Não tenho que dar explicações, apenas quero que todos aqui fiquem cientes disso - aproximei-me ainda mais, perigosamente - não quero que ninguém toque nela.

- Ora, sou seu pai e não permito que fale assim comigo ou...

- Ou o quê? Irá me matar como faz com todos os que o desacatam? Seu sangue está correndo em minhas veias e posso ter um gênio bem parecido com o seu quando quero. Então pai, deixe a mulher em paz, volte para sua cabine e nem pense em voltar a persegui-la, ou...

- Ou o quê? - repetiu o que eu havia dito e não havia mais nenhum humor em sua voz. - Ou teremos que ver quem puxa o gatilho primeiro e pode ter certeza que não serei misericordioso - Orion Drake ficou apenas me olhando com os olhos estreitos e os lábios formando uma fina linha.

- Quer a moça, William? - perguntou, desconfiado.

- Não irei respondê-lo.

- Nem é preciso - ele suspirou, tocando meu ombro - é meu filho favorito e sabe disso. Mas não aproveite-se disso.

- E não estou, mas não me responsabilizarei por meus atos se desacatar o que lhe peço.

- Está praticamente exigindo - ele explodiu.

- Que seja - aumentei o tom também - apenas não se aproxime dela.

- Tentarei - falou dando de ombros.

- E é melhor que tente fervorosamente - me afastei, preparando-me para descer e encontrar o objeto de nossa conversa - e consiga - acrescentei e sumi.

LUCIANA

Os minutos foram passando e juntamente com efeito da bebida. Claro que não totalmente, pois eu não estava acostumada e havia bebido uma garrafa sozinha, mas a dormência que eu sentia estava sendo ocupada por um pânico que consumia-me a alma. A abertura do quadrado engradado onde eu estava havia ficado descerrada e era a minha chance de tentar escapar dali, esconder-me em algum cômodo e me trancar até que a embarcação ancorasse; e essa não era uma má ideia pois eu poderia enfim dormir em um colchão, apesar de ter passado apenas uma noite, dormir no chão não fez boas coisas para minhas costas. 

ღ Perigosa AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora