Por que eu? Era a pergunta que não queria calar na minha cabeça.
Eu era uma medrosa de carteirinha, eu nunca havia feito nada aventureiro até o dia em que resolvi pegar minhas trouxinhas e viajar pelo mundo. Eu não tinha coragem nem de ir em uma montanha-russa monstruosa de um parque de diversões que havia na cidade onde morava. Bem, pelo menos para mim era monstruosa, parecia ter inúmeras curvas e giros e eu sabia que iria vomitar assim que pisasse em terra firme. E uma vozinha na minha cabeça havia me avisado para permanecer em casa e ser a esposa prendada que meu pai queria que eu fosse para um homem detestável como Michael Philips.
Deveria ter esquecido essa viagem absurda. E agora, aqui estava eu, presa...de novo. E eu sei a resposta da questão anterior. Por que eu? Apenas uma coisa: azar. É, azar era meu sobrenome, tipo Luciana "Azar" Hamilton. Creio que quando Deus distribuía a sorte e chegou a minha vez, olhou-me e disse: desculpe-me, acabou, vai ter que ir sem. E, tcharan, santa azarada.
Devo ter cochilado perdida em meus pensamentos, pois acordei quando a porta se abriu e Pedro entrou. Às vezes, ele tinha um olhar tão transtornado no rosto que eu ficava com pena dele e me fazia pensar no que havia acontecido para que ele fosse assim.
- Coma - ele falou e colocou um prato na minha frente. E eu já falei o quão cansada eu estava de comer sanduíche? Parece que era a única coisa que ele sabia fazer.
- Não sinto minha circulação, poderia soltar um pouco? - apontei com a cabeça para meu braço algemado. Ele pareceu refletir um pouco e com um suspiro, cedeu. Provavelmente por causa da cara de cachorro que caiu da mudança que eu havia feito. Meu braço estava livre e não perdi tempo para esfregar o meu pulso dolorido.
- Acho que está na hora de dar um alô para seu namorado - ele falou e puxou um celular do bolso.
- Ele não é meu namorado - falei, pela milionésima vez.
- Não importa - ele deu de ombros - mas se o tom dele pelo telefone for uma indicação, ele vai fazer qualquer coisa para livra-la daqui.
Eu preferia que ele estivesse errado. Eu amava William e preferia que eu estivesse nas mãos desse garoto ao invés dele.
WILLIAM
- Você está enlouquecendo, William, tente se acalmar - Julian falou, exasperado.
- Como quer que eu me acalme? - questionei, irado.
- O homem está apenas te torturando, por isso não entrou em contato ainda.
- Acha que eu não sei disso?
- Quer saber o que eu acho? - perguntou, sentando-se no sofá - acho que você deve descansar um pouco, fazer a barba e... - ele inalou na minha direção - tome um banho, você fede a bebida. E mamãe está me deixando louco, quer vê-lo e ver os meninos de qualquer forma, assim como sua irmã. Lembra-se delas?
- Oh, droga - me joguei no sofá e bati na minha testa - você nos envolveu nessa, agora aguente.
- Eu... - a frase dele foi interrompida com o som do meu celular tocando sobre a mesa de centro. Julian me encarou e se esticou para pega-lo, porém, fui mais rápido e logo já estava com o aparelho no meu ouvido.
- Alô? - minha voz estava tensa até para meus ouvidos.
- Drake - engoli em seco, eu havia escutado aquela voz apenas uma vez mas a reconheceria em qualquer lugar.
- Quem é você? - questionei entredentes.
- Ora, desculpe-me os maus modos - ele limpou a garganta antes de responder - meu nome é Pedro Village.
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ღ Perigosa Atração
RomanceLuciana Hamilton, filha do poderoso duque de Westwick, era a favorita do papai e por isso sempre foi mantida presa na enorme casa da família ou vigiada de perto por inúmeros guardas-costas, longe dos olhares famintos dos homenzarrões da cidade. Poré...