Capítulo 29

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LUCIANA

Maldito porco no cio. 

O efeito da metade da garrafa de tequila que eu havia bebido estava, finalmente, passando. A raiva tomou conta de mim quando William surgiu atrás de mim e cuspi as palavras em seu rosto, porém, não disse tudo que eu estava pronta para dizer-lhe. Por um momento, eu queria esbofeteá-lo, ou melhor, eu queria mata-lo. Será que alguém perceberia? 

Estávamos sozinhos nessa ilha, o mar era imenso e violento; eu poderia praticar o homicídio, jogar seu corpo na profundeza ciano e nunca mais ouviria-se falar dele. E eu não me sentiria culpada, pois ele estava merecendo isso.No momento, eu estava juntando minhas coisas, resmungando, enquanto meu novo amiguinho me olhava com a cabeça pendurada de um lado.

 - Você foi um bom companheiro hoje - comentei, enquanto zipava minha mala - não me olhe assim, nos veremos de novo.

Não é como se eu fosse voltar para casa. Eu arrumaria um celular, mandaria uma mensagem para Diana e avisaria que estava bem. Entretanto, já que estava livre por uns tempos, eu daria um jeito de aproveitar, mesmo que eu estivesse sem dinheiro e sem um teto sobre minha cabeça. Suspirei e sentei-me na cama, segurando o macaco em meus braços.

A porta irrompeu-se de uma vez, assustando-me. William surgiu, encostou no batente da porta e olhou sob seus longos cílios dourados. 

- Arrepende-se? - murmurou em um fio de voz. 

- O quê? - questionei apenas para ganhar tempo, sua pergunta pegou-me desprevenida. 

- Não se faça de desentendida - depois de um silêncio constrangedor, ele acrescentou apenas para deixar tudo em pratos limpos - arrependeu-se de dormir comigo? 

- Não - soltei, fechando os olhos ligeiramente para apaziguar a dor laçante que envolveu meu peito quando a nossa bela noite de amor surgiu em minha cabeça, bem, pelo menos foi para mim. Coloquei-me de pé, soltando Jack, sim, eu havia mudado o nome dele, combinava bem mais, e me aproximei dele com o queixo erguido, juntando o resto de dignidade que eu consegui - não me arrependi, mas ainda assim foi um erro. 

Peguei minha mala e me voltei em direção à cama.

- Adeus coleguinha peludo - acenei e tentei passar pela porta, mas um corpo masculino enorme bloqueava minha passagem - deixe-me passar. 

- Não pode ir embora - ele falou seriamente.

- Sim, posso - não havia nem um pingo de ânimo em meu tom.

- Então você fez a sua escolha? - William perguntou, mordendo o lábio inferior. 

- Não, William - o empurrei para fora e passei - você o fez por mim.

E com isso, me afastei da cabana, de Jack e de William. Mas não dei muitos passos antes que uma mão agarrasse meu pulso e me puxasse, deparando-me com um peito duro. 

- Não pode ir - ele sussurrou em meu ouvido e grudou minhas costas em uma árvore - não vá, Lucy - beijou-me o pescoço e por um instante eu queria esquecer tudo e jogar-me em seus braços de novo. Apenas para me machucar... de novo.

- William, não - coloquei minhas palmas em seu peito e o afastei - quero lhe dizer que tenho sentimentos, um beijo para mim já é alguma coisa, imagina o que fizemos na noite anterior. E o que você fez? Você me abandonou, como uma qualquer. Mas vou lhe dizer uma coisa, isso eu não sou. 

 - Lucy, eu sei que eu errei, mas...

- Não, eu não vou te perdoar, William - me afastei novamente, mas parei quando escutei sua voz.

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