- Quase dá para ver as engrenagens funcionando em sua cabeça - ele disse suavemente e sorriu. A única coisa que consegui fazer foi olhar para ele com olhos arregalados, não dizia uma só palavra e não atrevia-me a mexer um músculo sequer.
- Como soube? - perguntei, chegando a conclusão que negar seria inútil, Julian é um cara muito esperto.
- Bem, passamos longos momentos juntos depois que chegou no navio - ele deu de ombros como se essa explicação bastasse como resposta, porém para mim não o ocorria. E a expressão que devia estar no meu rosto deve ter me entregado, pois logo ele continuou - você não é o tipo de garota que passa despercebida se observada atentamente. Você exala feminilidade.
Seu tom era divertido e descontraído e isso tirou-me um pouco o nervosismo, e naquele momento, olhando para ele, eu soube que meu segredo estava guardado com ele.
- Apenas não deixe que os outros homens se aproximem muito de você ou acabarão descobrindo também - ele continuou quando eu continuei calada. Honestamente, eu não sabia o que dizer. E de repente, aquela situação pareceu-me um tanto patética e uma risada inevitável e um pouco nervosa soou através de mim.
- Isso foi estúpido da minha parte, não? - perguntei, limpando, com as costas da mão, a umidade que surgiu no canto dos meus olhos por conta da risada.
- Não, não, você deve ter tido seus motivos - comentou em meio um sorriso radiante - e não pude deixar de pensar qual seriam eles.
- Bem, contei minha história para um cavaleiro e o cavalo dele chorou - uma gargalhada escapou da garganta de Julian e me peguei sorrindo também.
- Tudo bem, tudo bem, não pedirei para que me conte pois estou sem um lenço, mas pode me dizer qual seu nome? De verdade.
- Luciana - saiu rapidamente. Incrível como para ele, a palavra escapou tão facilmente e eu me sentia bem com ele. Julian era muito diferente do irmão, tanto na aparência como em personalidade; principalmente que era fácil aproximar-se de Julian, pois era gentil e carismático, o tipo que poderia apresentar para o pai. Enquanto que Willian fazia de tudo para afastar todos ao seu redor. Mas talvez isso fosse o que o fazia ainda mais atraente, claro, tirando a beleza assombrosa, o sorriso fácil e o jeito cruel de ser.
- Prazer, Luciana - o homem ao meu lado afastou-me de meus pensamentos e esticou a mão.
- Igualmente Julian - sorri e depois que a tensão finalmente passou conseguimos conversar direito antes que um bando de homens ébrios surgissem apoiados uns nos outros e cantando em um idioma um tanto peculiar. Vieram em nossa direção, nos puxaram para o abraço de urso em que estavam e antes que nos dirigíssemos seja para onde estavam nos levando, olhei para Julian e mexi os lábios formando "obrigada", ele apenas assentiu mostrando seus dentes perfeitamente retos e assim começamos a caminhar.
⚈ ⚈⚈⚈
Três meses depois eu já havia me acostumado com a vida que eu tinha escolhido para mim. O movimento do navio já não me causava enjoos, a tripulação horrenda já haviam se tornado grandes amigos e eu estava cada vez mais próxima de Julian, que era meu confidente e ajudava-me a escapar para enviar cartões postais para Diana. E em todo esse tempo eu não havia tido nenhuma notícia de William.
Agora estávamos ancorados em Veneza. ITÁLIA! Apenas em meus sonhos mais loucos eu pensaria conhecer a Itália, ou qualquer outro lugar do mundo, é claro. E eu estava fascinada com tudo isso, tudo estava indo as mil maravilhas. Até agora.
Estava limpando o chão perto da proa da embarcação quando Joe grita:- O capitão, o capitão - congelei até os ossos com essas simples palavras. William? Seria ele? Como seria vê-lo novamente depois de tantos tempo? Três meses. A próxima coisa que aconteceu foi homens correndo de um lado para o outro e então enfileiraram-se no meio do convés. O que diabos estava acontecendo? Nunca foram tão formais assim. Me coloquei de pé e não foi um loiro gato que surgiu, mas sim um homem baixo, barbudo e rabugento, que eu ainda não conhecia.
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ღ Perigosa Atração
RomanceLuciana Hamilton, filha do poderoso duque de Westwick, era a favorita do papai e por isso sempre foi mantida presa na enorme casa da família ou vigiada de perto por inúmeros guardas-costas, longe dos olhares famintos dos homenzarrões da cidade. Poré...