Capítulo 49

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Na manhã seguinte, eu estava sentada no colchão, olhando para o relógio e tentando decidir o que fazer da minha vida. Tic tac, tic tac. E o ponteiro mudou, marcando 06:40. Então, me coloquei de pé, peguei as minhas coisas e sai da tenda. John já estava do lado de fora, sentado em um pequeno pedaço de madeira, seus joelhos separados e os cotovelos apoiados nas coxas. Ele ergueu a cabeça e endireitou as costas quando me ouviu aproximar. 

- Não acho que seja uma boa ideia que se vá - ele disse com a voz rouca, embargada por uma preocupação que eu não compreendia. 

- Por quê? - questionei franzindo o cenho. 

- Fui acordado à noite e descobri que alguns índios estavam com febre e um pouco delirantes - explicou - ainda não sei o que pode ser, mas talvez seja contagioso. E se estiver infectada?

- Eu estou me sentindo bem, John - o tranquilizei - e qualquer coisa, estou indo para a cidade.

Parei por um momento, encarando seus olhos verdes cheios de ceticismo em relação ao que eu havia dito.

- Mas e se você ficar doente? - perguntei quando a questão surgiu em minha mente. 

- Tenho remédios de todos os tipos, ficarei bem. 

- Você tem certeza? Acho que deveria vir conosco e...

- Fique tranquila, Lucy, eu estarei bem - ele afirmou. 

- Então prometa-me que vai me visitar ou mandar avisar-me se algo lhe acontecer. Por favor, prometa-me.

- Eu prometo - ele segurou minhas mãos e as ergueu até seus lábios, beijando as costas de cada uma.

- Devo ir agora - falei. 

- Sabia que não ia convencê-la a ficar - falou e aproximou-se de uma sacola que estava ao lado de onde ele estava sentado anteriormente - então, pelo menos, leve isso. São alguns remédios que ajudarão caso tenha febre ou algo mais, antes de chegar na cidade. 

- Obrigada - agradeci, beijei-lhe os lábios laconicamente e fui embora. Um aperto no coração já indicava que eu sentiria sua falta. 

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Estava ofegante quando alcancei o navio, pois vim correndo com medo de ficar para trás e fiquei aliviada por ainda encontra-lo atracado. A rampa de madeira que levava para cima da embarcação já estava abaixada, subi e a única pessoa que encontrei foi o homem loiro, inclinado sobre a beirada na proa da embarcação. Meu coração bateu descompassado e eu queria amaldiçoar por essa reação. Será que ainda não se deu conta que ele não é para mim? questionei o maldito que pareceu bater ainda mais rápido, se isso fosse possível. 

William parecia não haver notado minha presença, tirei meus chinelos e fui me aproximando dele devagar. Passei por sua cabine e quando avistei a cama, minhas bochechas ficaram carmesins ao me lembrar do que eu havia feito com ele a última vez que eu havia entrado ali. Eu realmente tinha amarrado ele na cama? Antes que eu continuasse, captei as horas no relógio digital sobre sua mesa: 07:10. Quando o alcancei, pensei se inclinava-me do mesmo modo em que ele fazia ou talvez tocasse seu ombro para que soubesse da minha presença. Porém, ao invés disso, eu disse:

- São 07:10 - ele virou-se rapidamente com o som da minha voz - achei que já teriam ido. O que está esperando?

- A verdade? - ele perguntou depois de um tempo em silêncio.

- A verdade - cruzei os braços sobre os meus seios, atraindo seu olhar para eles quando ficaram ainda maiores. 

- Eu estava te esperando, sabia que viria comigo - falou, um sorriso de satisfação surgindo em seus belos lábios. Sua arrogância e auto suficiência deixou-me furiosa e logo eu estava a apenas um passo de distância dele. 

ღ Perigosa AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora