Capítulo 42

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WILLIAM

Miserável.

Estava sentindo sair fogo pelas minhas ventas enquanto eu puxava as cordas, tentando rompê-las e soltar os nós; entretanto, as malditas apenas apertavam ainda mais e estava começando a sentir minha circulação interrompendo-se, adormecendo-me os músculos dos pulsos. 

- Maldição - esbravejei, deixando minha cabeça cair no travesseiro, em derrota. A maçaneta tremulou e Stefan entrou, seu rosto pálido como uma folha de papel e uma faca em uma das mãos.

- Capitão - disse com a voz falhada. 

- Eu sei, apenas me solte daqui - resmunguei, impressionando-me por ter conseguido manter a voz passiva. Logo Stefan estava ao meu lado, partindo as cordas, liberando meus pulsos e tornozelos. 

- Capitão, Lucy... - ele começou, mas engoliu em seco. 

- Aquela pequena idiota, onde está? Vou mata-la - agora eu estava vendo tudo vermelho novamente, um tom rouco pela fúria escapando por minha garganta - O que deu na cabeça dela, afinal? Não tenho sangue de barata, irá pagar-me. 

Passei por Stefan sem prestar atenção quando ele tentou falar comigo e caminhei para a cabine próxima. Abri a porta no chute, meu rosto provavelmente vermelho pela ira e a procurei em todo o quarto.

- Onde está se escondendo? - resmunguei entredentes. Stefan parecia ainda mais pálido do que quando o vi entrando na habitação adjacente - o que aconteceu? - perguntei cautelosamente, estreitando os olhos. O marujo ficou mudo, apenas me mirando. Sem paciência, dei longas pernadas em sua direção e o sacudi pelos ombros.

- Abra a boca Stefan, onde está Lucy? 

- Ela foi levada - disse em um fio de voz. 

- Levada? Para onde? Por quem? - repentinamente, uma angústia apertou o meu peito.

- Ryan Monsem - disse rapidamente. O sangue que corria em minhas veias congelou e eu fiquei paralisado no lugar. 

- O que você disse? - perguntei, confirmando se eu não havia ouvido equivocadamente. 

- Ryan Monsem - repetiu, sua voz mais nítida e firme.Oh, merda.

LUCIANA

- Eles estão logo atrás de nós, vocês não vão se safar dessa - rosnei. 

Eu havia sido jogada em um lugar imundo, escuro e congelante; olhando ao redor parecia com a cela que havia no navio de Orion Drake, porém parecia mais assustadora e solitária, apesar de alguns amiguinhos roedores que faziam barulho para que notassem sua presença. 

- Quer saber como eu e William nos conhecemos? - o moreno, que descobri chamava-se Ryan, questionou, ignorando minha afirmação. Eu estava louca para saber o porquê eu vim parar aqui, mas mesmo assim respondi:

- Não.

- Nos encontramos em uma de suas "expedições" - começou - o alvo era a mansão de um dos homens mais ricos da França. Christian Deneuve estava dando uma enorme festa de gala em sua casa, em Sceaux. Como sempre, William conseguiu ser convidado, juntamente com seu irmão; eu já havia os visto antes em algum outro evento, porém não chegamos a nos comunicar um com o outro. E nem havia motivo para isso, eramos dois desconhecidos em um mesmo local - sua expressão de jocosidade foi alterada, uma fúnebre ocupando seu lugar. 

- Mas na festa do francês, fui obrigado a conhecê-lo. Já comentei que eu era casado? Seu nome era Marion, ainda é pois acredito que não morreu. Enfim, eu era um homem americano tranquilo, com uma bela casa, uma linda esposa francesa e muitos planos para o futuro. Marion resolveu retocar a maquiagem e eu continuei ali, sentado em um dos cantos do imenso salão, lotado de pessoas. Porém, sua demora começou a preocupar-me e resolvi procura-la. 

ღ Perigosa AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora