WILLIAM
Uma intensa luz penetrava o ambiente onde eu estava e tentei abrir os olhos, rapidamente os fechei, parecia que o próprio sol estava perto e queimava-os. Fui deixando minhas pálpebras subirem devagar, pareceram horas até que se acostumaram com a claridade, como se eu tivesse dormido uma vida inteira. Virei minha cabeça para olhar ao redor e... onde diabos eu estava? O lugar era um cubículo, parecia-me uma espécie de tenda ou barraca. Tentei me sentar, mas minha cabeça deu uma pontada e com um gemido deitei-me novamente.
- Eu não faria isso se fosse você - uma voz soou no lugar. Próximo estava um homem moreno, vestia uma camisa amarrotada dobrada até os cotovelos, uma calça jeans e foi apenas isso que a minha virada de cabeça me proporcionou.
- Onde estou? - perguntei.
- Ilha Cumberbatch - ele anunciou, umedecendo uma toalha e colocando na minha testa.
- Ah, eu deveria saber - resmunguei.
- Está desacordado já faz um mês, nós estávamos preocupados - ele disse casualmente, molhando o pano e passando na minha fronte.
- Nós?
- Sim, eu e seus amigos piratas que o trouxeram aqui.
- E onde estão todos?
- Do lado de fora - respondeu - estávamos preocupados que não acordasse mais, apesar que todos os seus ferimentos já foram curados e cicatrizados.
- Um mês? Por isso parece que eu coloquei fogo em meus próprios olhos e minha cabeça dói como se tivesse participado de uma briga de merda.
- Uma briga? Arriscaria dizer que esteve em uma guerra - ele disse com um sorriso torto. E então tudo o que ocorreu vieram à tona: o navio, Ryan, o tiro e eu caindo do navio. O tiro.
- Droga - levei minha mão no ombro pela lembrança.
- Não se preocupe, já removi a bala, suas costelas já estão curadas, seu olho voltou ao normal e o corte em sua testa foi menos fundo do que imaginávamos. Está novo em folha - disse o homem desconhecido - agradeça, você praticamente nasceu de novo.
- Espero que com um pouco mais de sorte - resmunguei.
- Mais? Você tem uma sorte que eu apeteço para mim.
- Tem certeza que está falando de mim?
- O tiro passou raspando em uma artéria vital, pode-se chamar isso de sorte.
- Ou o atirador não tinha uma boa mira.
- Ou isso - ele riu e estendeu a mão - agora será bom que se levante, já passou muito tempo deitado.
Agarrei a mão estendida e logo estava de pé, estendendo e estralando meus músculos que pareciam estar atrofiados de permanecer em uma mesma posição tanto tempo.
- A propósito - ele disse e estendeu sua mão - John.
- William - balancei a minha mão na sua.
- Quando estiver mais disposto, saia um pouco e veja o ambiente lá fora.
- Tudo bem - acenei com a cabeça e quando ele estava quase saindo, o gritei - ei, agradeço por ter me ajudado.
Ele assentiu com a cabeça e partiu. Fiquei lá dentro observando os inúmeros medicamentos e plantas medicinais que havia ali dentro. Estava explicado o porquê de eu ter sido curado rapidamente.
- Isso cura até mesmo defunto - murmurei.
Então cansado de ficar mais tempo ali e louco para ir embora, para onde quer que fosse, atravessei a tenda, porém congelei quando meus olhos bateram do lado de fora. Lucy. Estava sorrindo ao lado do homem que eu havia conhecido como John e um alívio transbordou de dentro de mim. Ela estava viva. Lucy era uma garota esperta, eu tinha certeza que ela conseguiria alcançar essa ilha, não iria desistir e deixar-se levar, nem mesmo pelas tempestuosas águas do mar.
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ღ Perigosa Atração
RomanceLuciana Hamilton, filha do poderoso duque de Westwick, era a favorita do papai e por isso sempre foi mantida presa na enorme casa da família ou vigiada de perto por inúmeros guardas-costas, longe dos olhares famintos dos homenzarrões da cidade. Poré...