Capítulo 47

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WILLIAM

Uma intensa luz penetrava o ambiente onde eu estava e tentei abrir os olhos, rapidamente os fechei, parecia que o próprio sol estava perto e queimava-os. Fui deixando minhas pálpebras subirem devagar, pareceram horas até que se acostumaram com a claridade, como se eu tivesse dormido uma vida inteira. Virei minha cabeça para olhar ao redor e... onde diabos eu estava? O lugar era um cubículo, parecia-me uma espécie de tenda ou barraca. Tentei me sentar, mas minha cabeça deu uma pontada e com um gemido deitei-me novamente. 

- Eu não faria isso se fosse você - uma voz soou no lugar. Próximo estava um homem moreno, vestia uma camisa amarrotada dobrada até os cotovelos, uma calça jeans e foi apenas isso que a minha virada de cabeça me proporcionou. 

- Onde estou? - perguntei. 

- Ilha Cumberbatch - ele anunciou, umedecendo uma toalha e colocando na minha testa.

- Ah, eu deveria saber - resmunguei.

- Está desacordado já faz um mês, nós estávamos preocupados - ele disse casualmente, molhando o pano e passando na minha fronte.

- Nós? 

- Sim, eu e seus amigos piratas que o trouxeram aqui.

- E onde estão todos?

- Do lado de fora - respondeu - estávamos preocupados que não acordasse mais, apesar que todos os seus ferimentos já foram curados e cicatrizados. 

- Um mês? Por isso parece que eu coloquei fogo em meus próprios olhos e minha cabeça dói como se tivesse participado de uma briga de merda. 

- Uma briga? Arriscaria dizer que esteve em uma guerra - ele disse com um sorriso torto. E então tudo o que ocorreu vieram à tona: o navio, Ryan, o tiro e eu caindo do navio. O tiro. 

- Droga - levei minha mão no ombro pela lembrança.

- Não se preocupe, já removi a bala, suas costelas já estão curadas, seu olho voltou ao normal e o corte em sua testa foi menos fundo do que imaginávamos. Está novo em folha - disse o homem desconhecido - agradeça, você praticamente nasceu de novo. 

- Espero que com um pouco mais de sorte - resmunguei. 

- Mais? Você tem uma sorte que eu apeteço para mim. 

- Tem certeza que está falando de mim?

- O tiro passou raspando em uma artéria vital, pode-se chamar isso de sorte.

- Ou o atirador não tinha uma boa mira.

- Ou isso - ele riu e estendeu a mão - agora será bom que se levante, já passou muito tempo deitado. 

Agarrei a mão estendida e logo estava de pé, estendendo e estralando meus músculos que pareciam estar atrofiados de permanecer em uma mesma posição tanto tempo. 

- A propósito - ele disse e estendeu sua mão - John. 

- William - balancei a minha mão na sua.

- Quando estiver mais disposto, saia um pouco e veja o ambiente lá fora.

- Tudo bem - acenei com a cabeça e quando ele estava quase saindo, o gritei - ei, agradeço por ter me ajudado.

Ele assentiu com a cabeça e partiu. Fiquei lá dentro observando os inúmeros medicamentos e plantas medicinais que havia ali dentro. Estava explicado o porquê de eu ter sido curado rapidamente. 

- Isso cura até mesmo defunto - murmurei. 

Então cansado de ficar mais tempo ali e louco para ir embora, para onde quer que fosse, atravessei a tenda, porém congelei quando meus olhos bateram do lado de fora. Lucy. Estava sorrindo ao lado do homem que eu havia conhecido como John e um alívio transbordou de dentro de mim. Ela estava viva. Lucy era uma garota esperta, eu tinha certeza que ela conseguiria alcançar essa ilha, não iria desistir e deixar-se levar, nem mesmo pelas tempestuosas águas do mar. 

ღ Perigosa AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora