Capítulo 16

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- Oh, somente está sendo melodramático - ela disse e bateu com a mão no ar, desdenhando a ideia.

- Não sei o que verdadeiramente significa essa palavra, mas garanto que não estou sendo - ela riu e o som ecoou por todo o ambiente fechado, não consegui me conter e sorri abertamente, algo que, devo admitir, não tinha por hábito fazer. Mas essa mulher despertava algo em mim que eu não conseguia entender.

- Gosto do seu senso de humor, não sei por quê gosta de ficar tão sério e... - ela calou-se de repente.

- Já me viu sério alguma vez? - senti minhas sobrancelhas unindo-se.

- Bem, é, não, mas tem cara de ser assim - ela disse e tocou meu rosto. 

Esperta, desviando o assunto, mas funcionou. Ela ficou me olhando por trás daqueles malditos óculos escuros. Apesar de que a moça na minha frente havia me encantado na outra noite, se me perguntasse que cor eram seus olhos, não saberia a resposta. E pensando nisso agora eu tinha que descobri-lo e tinha certeza de que os reconheceria onde quer que eu fosse. Mas não queria assusta-la e arriscar que fugisse novamente.

- Para onde vão afinal? - o motorista perguntou, quebrando o encanto do momento.

-Apenas dirija - anunciei sem tirar os olhos da bela mulher a minha frente.

- Sabe que deixou algo comigo? - perguntei sorrindo de lado.

- Sim, e terá que devolvê-lo, são meus preferidos - ela disse com uma pitada de jocosidade em sua voz.

- Pois terá que vir comigo se os quiser de volta.

- Oh, e não quererá me manter cativa ?

- Magoa-me profundamente sua desconfiança - eu disse também em tom de brincadeira, mas isso era realmente o que eu queria fazer com ela. Ela apenas riu e antecedeu um novo silêncio que precisava ser preenchido; como ela não fez nenhuma menção de que o faria, eu fiz.

- Diga-me seu nome, preciso saber quem é - sussurrei e levei minhas mãos até as pernas dos óculos.

- Luciana - ela sussurrou respirando depressa e me fazendo parar.

- Perdão, o que disse? - perguntei franzindo o cenho.

- Luciana - ela disse em um tom mais alto.

- Luciana - repeti, satisfeito com a vitória e voltei para a tarefa de tirar-lhe os óculos. Mas antes que conseguisse tirar mais que um milimetro, ela enroscou as mãos em meus cabelos e puxou-me, plantando sua boca na minha. 

Seus lábios eram macios sobre os meus, como eu me lembrava, me aproximei mais dela e serpenteei um braço por sua cintura e a outra mão foi para sua nuca. Lucy gemeu abafado e eu passei minha língua lentamente sobre seu lábio inferior, antes que ela colocasse a dela para fora, acanhadamente, para que encontrasse a minha. As mesmas brincavam em uma sintonia perfeita e eu queria mais, muito mais.

Porém, de repente ela se afastou e eu não consegui ver o que havia em seus olhos com aquele óculos os tampando. Maldição.

- O que há? - perguntei. Ela ficou em silêncio um tempo.

- Eu preciso ir - ela disse.

- Eu já ouvi isso antes - anunciei e antes que eu pudesse agarrá-la, ela já tinha pulado para fora do carro que começava a ficar em movimento. Ela havia percebido que o carro parara e abriu a porta enquanto nos beijávamos. Havia planejado tudo. E antes que mais alguma coisa acontecesse, eu estava dentro de um táxi enquanto ela fugia de mim... de novo.

LUCIANA

Isso era ruim, muito muito ruim. Eu não deveria ter me encontrado com ele hoje, era para ele ter ficado no navio. Porém, ali estava eu, correndo o máximo que eu podia tentando chegar a loja para me trocar e voltar. Sabe qual a minha sorte? Quando me empurrei para fora, a sacola onde estava minha roupa caiu para fora do táxi e bastou apenas me abaixar para pega-la e sair correndo, caso contrário, teria ficado dentro do carro e...

ღ Perigosa AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora