Capítulo 46

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Entretanto, John não havia desistido. A cada instante que ele via uma oportunidade ele me abraçava ou roubava-me um beijo rápido, recebendo um tapa no braço como recompensa. Eu não poderia negar que estava me sentindo livre e feliz naquele lugar longínquo, onde celular não havia sinal e um sinal de fumaça seria desnecessário, pois eu não havia avistado nenhum avião, helicóptero ou até mesmo um teco-teco sobrevoando por ali. Eu realmente não sabia como sair dali. Apesar de gostar do lugar e da sensação de liberdade que proporcionava, eu estava com saudade da civilização, de voltar para a cidade, com saudade de Diana, de Júlia e estava realmente pensando em visita-la caso já tenha voltado da viagem que fez para visitar minha irmã, conforme lhe pedi.

Então, de tempo em tempo, eu me dirigia até a praia, ficando atenta a qualquer sinal de um navio. Enquanto isso não acontecia, eu aprendi algumas palavras como "obrigada" e "galinha" na língua indígena, aprendi a cozinhar suas receitas típicas e... bem, estava trocando algumas salivas com um gato moreno. Era uma tarde de muito calor e estava desesperada para tomar um banho em uma cachoeira que John me apresentou há alguns dias. Avisei John para onde estava indo e antes que pudesse me afastar, puxou-me pela mão, grudou meu corpo no seu e tomou minha boca na sua em um beijo quente.

- Gostaria de me unir a você, mas nesse momento é impossível - torceu o nariz e eu ri.

- Não se preocupe com isso, logo estarei de volta - selei seus lábios longamente e fui embora. O sol estava escaldante sobre minha pele e eu corria procurando uma sombra sob as copas das gigantescas árvores a caminho do meu destino.

Fiquei nadando lá por um tempo ou apenas de molho, então resolvi me enxugar e do mesmo jeito que vim, voltei. Quando alcancei a barraca de John, havia uma multidão de nativos reunidos e eu franzi o cenho, estranhando a situação. Eu não poderia perguntar para ninguém ali o que estava acontecendo, pois ainda não entendia o que falavam e todos ali pronunciavam suas falas rapidamente como um trava-língua e enrolado como se estivessem com uma bolacha na boca. Costurei entre as pessoas para encontrar John procurando algo em sua mochila na entrada da tenda.

- O que está acontecendo? - perguntei, confusa.

- Piratas - respondeu sem tirar os olhos do que estava fazendo.

- Ai meu Deus, estão saqueando o lugar? - foi meu primeiro pensamento.

- Não, apenas estavam navegando em auto mar e aqui era o lugar mais próximo com terra firme.

- E o que estão fazendo?

- Pararam para procurar ajuda - John ficou de pé com uma garrafa com água em mãos e um pano limpo - há um homem ferido com eles.

- O que aconteceu com ele? - eu não conseguia manter-me calada.

- Levei um curandeiro para me ajudar e parece ter costelas fraturadas ou apenas uma luxação, seu lábio inferior está cortado, um olho roxo, um corte fundo na testa e um tiro no braço - John me explicou - parece que teve uma luta feia com alguém, porém deu sorte que o tiro não atingiu nenhuma veia ou artéria importante.

- E eu posso... ajudar em algo? - perguntei um pouco receosa. Eu realmente não estava entusiasmada em ver um pobre homem em uma situação visivelmente nefasta.

- Chamarei se precisar, tudo bem? - John perguntou, inclinando-se para beijar-me os lábios e eu acenei com a cabeça e ele desapareceu. Sentei-me em um tronco ali e fiquei horas escutando um nativo ancião falando pelos cotovelos coisas que eu não entendia um A.

- Lucy? - pronunciaram meu nome atrás de mim e virei-me para dar de cara com um cabeludo conhecido.

- Stefan? - franzi o cenho, mas me levantei e o abracei - o que está fazendo aqui?

ღ Perigosa AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora