Capítulo 44

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Acordei com uma baita dor de cabeça, estava em um lugar abafado e escuro. Levei a mão até meus cabelos para descobrir que sangrava, soltando um gemido baixo de dor ocasionado pelo toque. 

- Ora, ora, veja quem acordou - a voz vinha do canto do lugar, sua identidade oculta pelo breu do local, mas eu não precisava vê-lo para saber quem era. -

 Seu desgraçado - me coloquei de pé e antes que eu voasse em seu pescoço, descobri meus tornozelos presos em correntes. 

- Achou mesmo que o deixaria livre para que pudesse me matar? Não sou nenhum idiota, é maior e mais forte que eu - deu uma risada sardônica enquanto caminhava lentamente em minha direção - agora sente-se - não vi quando um punho veio em minha direção, fazendo com que eu voltasse a minha posição inicial, sentado no chão. 

- Onde ela está? - perguntei entredentes, limpando com as costas de uma mão o sangue que agora escorria de meus lábios. 

- Não sei como, mas a pequena idiota escapou em um bote - deu de ombros - nesse momento deve estar perdida no mar ou...morta. 

A imagem de Lucy piscou em minha mente: sozinha em um pequeno bote, sem comida, sem bebida, presa em alto mar. Engoli em seco.

- Mas não me importa mais, eu já tenho quem eu realmente queria - aproximou-se da porta e encostou o ombro na mesma, fora do meu alcance; caso contrário, eu o enforcaria sem piedade, afinal, ainda tinha as mãos soltas. Como se estivesse lendo meus pensamentos, assobiou e a porta se abriu, dois homens surgindo com uma corrente parecida com as que estavam presas em meus tornozelos, o tipo que abria apenas com chaves. 

Os homens me empurraram no chão, prenderam minhas mãos nas costas e logo foram embora. Um silêncio aterrador pairou entre nós e eu tinha certeza de poder ouvir as engrenagens em sua cabeça funcionando. Então ele se aproximou de mim e outro murro voou em meu rosto e esse iria me proporcionar um olho roxo. 

- Você acabou com a minha vida - gritou, sua voz embargada pela cólera, perdendo a compostura - nós nem nos conhecíamos e você me tomou a minha mulher. Já fazia um tempo que ela não me beijava mais, não dormíamos mais juntos, ela estava estranha e distante. 

- Bem, ela não me parecia casada e nem usava nenhuma aliança enquanto corria atrás de mim como um cachorrinho - e então outro murro, agora no estômago, que roubou-me o fôlego e me fez inclinar pela dor. 

- Há quanto tempo estavam transando? - ele perguntou bem perto de mim, seu rosto era uma máscara sombria. 

- Aquela foi a primeira vez - respondi.

- Mentiroso - bradou, seus olhos vermelhos pela fúria. 

- Ela me perseguiu durante muito tempo, mas eu não me dava muito bem com as francesas. 

- Mas naquela noite da festa me pareceu que se deram muito bem. 

- Ela me alcançou, encurralou-me e eu não podia dizer não. Era uma mulher bonita e desimpedida e...

- Até que eu lhe dei um tiro na cabeça - esbravejou, andando de um lado para o outro como um animal enjaulado - acontece que ela não era desimpedida, era casada, comigo. Ela usava aliança. 

- Perto de mim isso não acontecia.

- Claro, porque é só você passar que as mulheres caem aos seus pés - disse ironicamente - mas não duvido disso. Sabe quanto tempo demorei para que Marion aceitasse ficar comigo? Não era a mulher mais fácil de se conquistar e todos haviam me avisado. Entretanto, isso apenas me fez querê-la mais, o desafio me fascinava e também a ideia da vitória por ter conseguido. 

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