CAPÍTULO 3

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Café, emprego, escola, escola de balé, matar duas pessoas, um trabalho digno, sol e um bom pote de sorvete...

E ISSO É TUDO O QUE MAIS DESEJO assim como tudo o que menos tenho ou melhor

TUDO O QUE EU NÃO TENHO.

Lá fora o maior temporal está  caindo, isto é apenas PORQUE EU DECIDI LEVAR MINHA FILHA HOJE PARA CONHECER A BENDITA PRAIA, mas tudo bem coisas como essas acontecem, assim como o fato de que hoje o meu corpo resolveu entrar na TPM, como Nicolas resolveu passar o dia no apartamento atormentando minha filha e a fazendo chorar de trinta em trinta minutos.

E quem dera fosse só isso, Louis acabou por decidir se canditar a ficar por mais alguns LONGOS MESES, sendo assim o prazo pra mim ficar na casa desse ser ambulante se estendeu, fazendo com que meu ódio por eles crescessem na mesma proporção que um elefante. Não me julguem por estar sendo EXAGERADA, apenas respeitem essa mulher que está na TPM e com uma cólica de dar nos nervos. Puxo o ar com força e mordo minha mão direita para não soltar um grito de agonia, se tem uma coisa que adimiro muito é o fato de eu ser uma daquelas mulheres que morrem de dor, mas não deixa os outros perceberem e talvez às vezes isso seja um erro, lembro me das muitas vezes em que me vi pagando de forte mesmo quando todos os muros dentro de mim desabavam com uma força descomunal, quando as lágrimas eram levadas para o fundo da minha alma apenas para que ninguém visse aquela garota loira e gordinha chorar, pra alguns a escola era o refúgio para outros suas próprias casas, mas para mim nem um dos dois valia, então eu criei o meu próprio dentro de mim e sempre que podia dividia minhas mágoas, angústias e tristezas com Deus e tudo que posso dizer é que cada momento em que falei com ele valeu apena.

E eu acredito que como um agradecimento por eu confiar nele o mesmo me deu Melissa, uma garota esperta, arteira, teimosa, às vezes mandona outras pidonha de mais, porém aquela criança é tão  maravilhosa que no final conquista seu coração de uma forma ou de outra, assim como conquistou o meu, pra ser realista nunca tinha se quer imaginado eu sendo mãe e quando fugi aos dezesseis anos de casa não esperava que minha vida mudasse tanto, não sou tola e nunca acreditei em contos de fadas talvez pelo fato de que aquela mulher que me pois no mundo nunca deixou, ela me mostrou o pior lado da vida e quando Deus me deu a minha filha de presente foi como conhecer o melhor lado da vida, o lado que te fascina, te prende e te mostra que a vida tem seus altos e baixos, mas que no final talvez tudo acabe bem. Amanda nunca me contou sua história de vida ou quem era o pai biológico de Melissa, na verdade ela apenas me pediu uma coisa quando nos conhecemos:

— Não me faça perguntas sobre o meu passado, por favor!

E bom, eu não fiz e nos poucos meses de convivência, eu vi uma garota extraordinária, faziamos planos para a criança que estava para nascer e eu tinha dito alguns dias antes de ela entrar em trabalho de parto para que me deixasse ser tia do bebê, prometi que seríamos uma família feliz e ela obviamente deixou, mas sabe eu vi nos olhos dela aquele dia lágrimas de alguém que estava sentindo que iria acontecer alguma coisa, dito e feito, no dia do parto eu entrei junto com ela, segurei sua mão e disse que tudo ficaria bem, mas naquele momento em que ela me olhou, sorriu e disse:

— Eu sei que você será como uma mãe para minha filha e que não deixará ela desamparada!

Eu vi que nada seria igual depois daquele dia, obviamente ela sabia que dali apenas uma sairia viva e só depois eu fui descobri que ela já sabia daquilo a mais de duas semanas, mas preferiu me poupar, então depois daquilo eu plantei em meu coração o fato de que muitas vezes é necessário morrermos para dar a vida a outra pessoa, que foi o que ela fez, ela se foi apenas para deixar minha pequena Mel vir ao mundo e esse foi o ato mais bonito que um dia eu pude presenciar o ato de uma mãe dando a própria vida para salvar a de seu filho.

Sou cortada dos meus devaneios com Melissa me encarando com preocupação, o silêncio é rapidamente cortado pela sua voz doce que me pergunta ainda mais preocupada.

— Mamãe porque está chorando?

— A mamãe só está emocionada filha, nada de mais.

— Vou chamar o tio Nico pra vim cuidar de você.

Arregalo meus olhos ligeiramente e não contenho o sorriso ao perceber o quão boa minha baby é.

— Não precisa chamar ele meu amor. Eu estou bem. — Limpo às lágrimas que caem sobre meu rosto e beijo sua testa.— Que tal a gente ir fazer um daqueles baldes enormes de pipoca e colocarmos um daqueles filmes melosos que você adora? — Ela me encara brava e bufa.

— Eu - não - gosto - de - filmes - melosos - mamãe! — Dou risada de sua cara fofa e concordo com a cabeça, nos levantamos e fomos para a cozinha, prendi meus cabelos em um coque nada perfeito e comecei a estourar a pipoca. Após isso fomos para sala onde começamos a assistir um filme de ação que não era tão violento pra ela. Em pouco tempo Nicolas chegou, deu tchau pra minha filha e saiu, sabe se Deus pra onde. Depois que ele falou aquelas coisas pra mim não nos falamos mais, isto já tem uns bons seis dias que a gente nem se quer pronúncia um Oi ou algo do tipo, não que eu ligue, na verdade estou pouco me lixando, porém a vontade de fazer ele ver do que a gorda retardada aqui é capaz está ALTAMENTE ENORME.

01/09/2016

Ela é a minha RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora