CAPÍTULO 4

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No outro dia:

Nunca acordei com a sensação de estar sendo observado, mas pelo visto hoje algo resolveu ser diferente. Quando abri meus olhos tive a visão privilegiada de Melissa, que estava deitada com seu habitual pijama e um dos seus milhares de ursos, seus olhos me observavam com curiosidade e sua boca estava levemente torcida como se pensasse em algo que não tinha totalmente certeza.

— Porque seus olhos são iguais aos meus? —Tá legal, sua pergunta me pegou completamente desprevenido, me fazendo querer abrir um buraco no chão e me esconder nele, sou homem e nunca tive essa sensação, mas parece que hoje a vida tirou o dia apenas para fazer eu sentir coisas que jamais pensei sentir.

As palavras de Victor veio à minha mente como uma avalanche e minha vontade de falar para aquela garota loira que provavelmente seria por eu ser o pai dela estava grande. Então o ser dentro de mim apareceu e gritou bem alto 

"AS CHANCES DELA SER SUA FILHA SÃO NULAS SEU BABACA."

— Talvez porquê geralmente algumas pessoas tem algumas características parecidas com as das outras — Ela me encara ainda mais curiosa e confusa, então começa seu interrogatório.

— Porquê?

E é aí que eu fico sem saber o que responder e tentando acabar com aquele assunto chato.

— Me responde uma coisa? — Ela concorda com a cabeça e eu continuo. — O que está fazendo no meu quarto a essa hora?

Ela se cala por alguns minutos e nesse meio tempo foi inevitável não pensar que eu poderia estar dormindo pelado como algumas das vezes em que bate a preguiça de se vestir depois do banho, o que me faz ver que não poderei mais fazer isso até que ela vá embora.

— Mamãe saiu pra comprar pão e ainda não voltou, então eu fiquei com medinho de ficar sozinha, aí vim pra cá.

— Sua mãe é LOUCA?

Praticamente grito ao ouvir o que a ratinha loira disse fazendo com que a mesma se assustasse e se afastasse bruscamente de mim. Me sento na cama e passo as mãos no cabelo tentando ficar calmo pra não agredir verbalmente Cristina na frente de Melissa que ainda me encara de olhos arregalados e dessa vez ao invés de querer revirar os olhos como todas as outras vezes eu sinto uma imensa vontade de puxar ela para um abraço e falar que não precisa ficar com medo.

Mas ao contrário do que eu realmente quero fazer eu apenas me levanto, suspiro e digo para a mesma ficar quietinha na cama que eu já volto. Depois de ligar a TV e por em um desenho qualquer pra ela eu vou pro banheiro, fecho a porta e tomo um banho frio pra relaxar meus músculos, quando saio do banho devidamente vestido encontro a ratinha loira toda encolhida na cama enquanto dorme, cubro a mesma e vou pra sala a tempo de encontrar Cristina chegando cheia de sacolas, minha raiva antes contida toma conta de todo o meu corpo e eu parto pra cima dela a chamando de várias coisas principalmente de irresponsável.

— Olha não aconteceu nada e minha filha sabe que quando eu não estou perto dela a mesma não deve ir ou mexer em coisas que pode lhe trazer perigo, eu mesmo a ensinei isso, só não imaginava que ela iria acordar mais cedo hoje e que o mercado estaria lotado.

— Me poupe de suas descupinhas esfarrapadas. EU NÃO ACREDITO EM NENHUMAAA DELAS!

A essa altura Cristina e eu já estávamos gritando um com o outro fazendo com que de repente Melissa entrasse na sala com os olhos vermelhos e um bico na boca, ela correu pros braços da irresponsável a minha frente e falou baixinho:

— Eu tive um pesadelo mamãe.

Cristina passou a mão por sua costa e começou a se afastar com a mesma em seu colo enquanto falava que foi apenas um sonho ruim e que ela estava ali.Tudo bem que talvez ela não seja TÃO irresponsável assim, mas se Melissa fosse minha filha eu não...

Ela é a minha RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora