CAPÍTULO 2

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O que fazer com uma criança chata, irritante e teimosa? Que não sai do seu pé nem você sendo o mais grosso possível?

* Matar?

* Talvez, a questão é que não estou afim de ir pra cadeia ou ter que aguentar a fúria de uma mãe revoltada.

* Trancar em um quarto escuro e dizer pra ela que existem bichos naquele lugar e que eles vão arrancar seus membros um por um?

Ótima idéia.

Quer dizer, seria se...

Ela acredita - se em monstros, na verdade ela acabou de me dizer que é amiga de um deles e que um dos melhores está sentado bem ao meu lado, eu não tenho medo, mas estou altamente surpreso com o tamanho da imaginação de uma criança de apenas quatro anos.

— Mamãe diz que pensar de mais faz com que nosso cérebro entre em combustão e exploda.

Tá bom, não sei se fico surpreso ou assustado, talvez os dois ao mesmo tempo? Sim, afinal, ela só tem quatro anos e fala uma frase completa sem erros e com palavras um tanto complexas, o que inevitavelmente faz com que um sorriso brote em meus lábios ao pensar que meu filho poderia ser inteligente assim, o filho que nunca terei a oportunidade de conhecer tudo por causa daquela vadia que sumiu no mundo sem deixar rastros. Da mesma forma que surgiu meu sorriso foi embora sorriso dando lugar a uma carranca. Estou odiando o fato de que essa coisa ao meu lado que não cala a maldita boca um minuto se quer me faça lembrar tanto de um maldito passado que eu com certeza prefiro esquecer, o que prevejo não ser possível nesses três meses futuro.

Respiro fundo tentando manter a paciência, mas levado pela raiva cometo a besteira de gritar com a ratinha loira, ao mesmo tempo que falo um palavrão e se erros matassem eu já estaria morto, a sete palmos da terra, olhando do céu toda essa patifaria.

Se é que irei para o céu mesmo!

SERÁ QUE DA PRA CALAR A BOCA UM MINUTO SE QUER ? CARALHO DE GAROTA CHATA. —Seus olhos se arregalaram vinte vezes mais do que o normal, o esperado era ela abrir a maldita boca pra chorar feito um bezerro, entretanto para a minha surpresa o resultado foi pior que isso.

 — Mamãe sempre fala que palavrões são palavras feias que não devem ser pronunciadas e você disse um. Isso é muito feio titio Nico. Vou chamar a minha mãe e ela vai te dar umas boas palmadas viu seu malcriado. — Agora quem ficou com os olhos arregalados fui eu, caramba, o que deram pra essa garota em?

Enquanto eu pensava ela gritava chamando a louca da mãe dela e quando a mesma apareceu, apontou pra mim e disse

 — Ele falou um palavrão muito feio mamãe e me chamou de chata! — Olho pra ela e a mesma faz um bico que se não fosse pelas circunstâncias acharia muito fofo, mas quando a tal Cristina volta seus olhos pra mim a diabinha faz o mesmo, dessa vez com um sorriso maldoso nos lábios. Além de chata, irritante, faladeira e teimosa a desgraça é manipuladora.

Dou de ombros sobre o olhar julgativo da mãe da coisinha e quando faço menção de me levantar pra ir tomar um banho relaxante ela começa o discurso.

 — Olha eu sei que você não gosta da gente e não queria que estivéssemos aqui, nem eu queria estar aqui, mas a questão é que você não pode... — Interrompo e tomo partido da conversa.

 — Você tem toda razão, por causa de vocês estou abrindo mão do que eu mais gosto: A solidão de um apartamento vazio, só eu e Deus, e vocês preenchem esse vazio de uma forma irritante e sinistra. Ficam falando por aí a todo vapor e sua filha nem ao menos se quer consegue manter a boca fechada por pelo menos cinco minutos.

Ela é a minha RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora