POV Tyler Thompson
Estávamos na sala de espera da ala hospitalar - minhas irmãs, meu pai e eu. Fannie conseguiu ficar mais calma, mas às vezes suas crises de choro voltavam e ela demorava para parar de soluçar. Ela estava no ombro de Lucy, que acariciava seu cabelo e dizia que tudo ia ficar bem. Não sei como minha irmã mais velha conseguia ser tão forte assim.
Eu já havia visitado minha mãe, depois de meu pai e agora só faltava Fannie e Lucy.
— Querem algumas coisas? - perguntei para os três. — Posso descer e...
— Não - meu pai me interrompeu, sério. E depois forçou um sorriso. — Obrigado, filho.
— Não por isso - falei com a voz falhando. Eu estava tremendo.
Ver mulheres chorando sempre acabou comigo, ainda mais quando essa mulher era Fannie. Nós já passamos por muita coisa e por causa de suas crises e pesadelos, eu a via chorando muitas vezes. Mas mesmo assim, ainda não me acostumei e nunca sei o que fazer. Lucy quase nunca chorava perto de nós, ela poderia ter perdido a pessoa que mais amava mas nós nunca a veríamos chorar por isso. Nunca.
A minha irmã mais nova, Fannie, sempre dizia que era só eu a abraçar que tudo se resolvia, acho que vou tentar isso agora.
Lucy se levantou e disse que precisava de um pouco de ar, nós assentimos. Menos Fannie, ela estava olhando sem piscar para o chorão enquanto as lágrimas caíam. E aposto que Lucy irá chorar longe de nós agora.
— Ei, está tudo bem mana - tentei sorri quando sentei ao lado de Fannie e ela imediatamente deitou a cabeça em meu ombro e enlaçou seu braço em volta da minha cintura e eu dei um beijo em sua cabeça. — E se não estiver tudo bem, vai ficar. Sempre fica.
— O que a mamãe disse... - ela começou a falar, ainda chorando e com a voz fraca. — Ela disse alguma coisa para você?
— Não, ela estava dormindo - eu assenti e ela forçou um sorriso, sem sucesso. Depois se deitou em meu ombro de novo.
Ver Fannie chorando sempre foi de cortar o coração. Sempre que ela chorava, eu via aquela garotinha insegura que apanhava das garotas do ensino médio por querer proteger alguém e isso me fazia querer chorar, mas eu nunca podia. Por ela. Pela minha irmãzinha. É assim que eu a vejo e vou querer bater e quebrar a cara de qualquer pessoa que ferir os sentimentos dela, não importa se for um amigo ou um namorado ou... qualquer pessoa.
— Senhorita Thompson - uma mulher chamou e leu alguma coisa em seu computador. Fannie ergueu a cabeça, se levantando. — Lucy Thompson?
— Não - ela fungou, indo até a moça. — Não, eu sou a Fannie Thompson. Minha irmã está lá fora.
— Está bem... Espere mais alguns minutinhos, está bem? - a moça era muito doce. Cabelos e olhos claros e com algumas rugas. Devia ter a idade de minha mãe.
Fannie não respondeu só assentiu e voltou para meu lado. Seu nariz provavelmente estaria vermelho se ela não fosse morena, porque sua voz já saía anasalada.
Ficamos mais um tempo ali, em silêncio. Meu pai era o que mais estava em choque e preocupado. Ele já não falava muito e em situações assim, não falava nada mesmo. Ele também já estava mais velho mas tinha menos rugas que minha mãe mas já começava a nascer fios de cabelo branco e em sua barba a mesma coisa, mas ele sempre tirava.
— Fannie Thompson? - a moça simpática chamou minha irmã que se levantou devagar e um pouco sonolenta.
Ela olhou para mim e eu forcei um sorriso e assenti, assegurando -a de que estava tudo bem.
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Between Mysteries and Freedom (Livro 1)
Mystery / ThrillerO desaparecimento do namorado. Foi isso que levou Fannie Thompson às aventuras arriscadas ao longo de meses. Charles Parker desapreceu em uma noite fria qualquer de novembro, enquanto as folhas eram derrubadas pela brisa forte no...