Capítulo 28 - Back to camping

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Estou na delegacia, em um tipo de sala de espera, mas não tenho ideia de como vim parar aqui. Me lembro do meu vômito sujando o uniforme de Rivers e me lembro de ser colocada dentro de uma viatura e é só isso. Eu devo ter apagado no caminho pois não lembro de nada.

Rivers trouxe um cobertor para mim porque não paro de tremer, não só pelo frio, mas por essa situação.

— Quer chocolate quente? - pergunta esfregando as mãos em meus ombros, tentando me esquentar.

— Quero, por favor - forço um sorriso, sem sucesso. Estou tremendo demais para isso.

Ele força outro sorriso, melhor que o meu e se levanta. Logo depois que ele sai, April Parker se senta ao meu lado. Só aí percebo: onde está Crystal? Ela não veio comigo? Não me lembro de nada.

— É ele? - pergunto, ainda tremendo, me virando para April. — É o corpo de Charles?

Ela dá uma olhada nas unhas, fazendo um bico, sem olhar para mim.

— Não mesmo - ri de um jeito irritantemente irônico. — Minha mãe ainda quer ter certeza e ficar lá dentro sofrendo com o corpo de outra pessoa.

Rivers voltou com uma caneca de chocolate quente e sorriu, se abaixando para me entregar. April suspirou, levantou e saiu andando.

— Posso perguntar uma coisa? - raspei a garganta e olhei para o policial Rivers depois que ele se sentou.

— É claro - ele sorriu.

— Minha amiga, Crystal, ela veio comigo? Não consigo me lembrar de nada depois que vomitei em você... digo, no senhor - ri.

— Pode me chamar de você, já nos conhecemos há um bom tempo - ele piscou e riu, se apoiando na minha coxa. Isso me deixou desconfortável. — E sua amiga veio, ela está lá dentro com a senhora Parker. Ela disse que seria melhor que ela fosse reconhecer o corpo e eu concordei. E só mais uma coisinha: pode se acalmar, não é ele.

— O que? - falei baixinho.

— Aquele corpo não é de Charles, eu já sabia mas, meus colegas insistiram tanto... - ele deu de ombros e finalmente tirou a mão da minha coxa. — O que eu posso fazer?

Ele se levantou e me disse para aproveitar o chocolate.

— Espera - suspirei e ele se virou. — Sinto muito pelo seu uniforme.

— Não se preocupe, senhorita Thompson, eu tenho vários outros - respondeu e saiu sorrindo.

Rivers é muito charmoso, tem mais ou menos a idade de meu irmão, cabelos bem pretos e a pele clara, olhos castanhos que ficam mais claros no sol e eu me lembro bem deles na luz. Ezra Rivers já me ajudou bastante e foi mais do que um amigo em muitas vezes.

Um tempo mais tarde, quando eu já estava mais calma, Crystal voltou sorrindo e eu podia ver em seu rosto o quanto ela estava aliviada.

— Não é ele, Fan! - ela sorriu, levantando os ombros. — E eu notei algo entre você e o Rivers. Por acaso vocês falaram sobre...

— Não - a interrompi, seca, quase gritando. — E você também não deve falar disso, ainda mais na delegacia.

— Tudo bem, mas não se esqueça que policiais são humanos e tem relações com outros humanos, mas tudo bem, não toco mais no assunto.

— Não tivemos um relacionamento - sussurrei, perto de seu rosto. — E eu não quero causar problemas para ele. Para ninguém.

— Certo - ela assentiu e se recostou na cadeira, ficando um tempo em silêncio. — Bem, suspenderam o acampamento porque nós nem dormimos então não é justo, não é?

Between Mysteries and Freedom (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora