Capítulo 34 - The Rivers help

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— Foi horrível, Fannie - Crystal balançou a cabeça, olhando fixo para algum lugar para não deixar as lágrimas caírem. — É uma coisa que não desejo a ninguém.

Ela me ligou três horas atrás e disse que queria desabafar sobre ser torturada e eu ao ouvirei com todo prazer, mesmo que, talvez, eu não saiba o que dizer. Ela pode chorar até meu quarto virar um mar e afundar toda a casa que eu não vou me importar, se isso a ajudar.

— Sabe, eu queria esquecer tudo isso. Tudo - ela mordeu o lábio e balançou a cabeça enquanto cobria seu rosto com as mãos. — Mas tem essas marcas e elas... Seria impossível esquecer com essas malditas marcas aqui.

— Quer saber de uma coisa? - mordi o lábio e enxuguei as poucas lágrimas que rolaram pelas suas bochechas. Ela me encarou, um pouco confusa e eu apontei para as marcas espalhadas pelo seu corpo. — É uma boa coisa. Sabe por quê?

— Uma boa coisa? - ela franziu a testa e balançou a cabeça negativamente. — Por que isso seria uma boa coisa.

Eu sorri e me sentei ao lado dela, deitando sua cabeça em meu ombro e apoiando minha bochecha nos seus cabelos macios.

— Porque com essas marcas, você vai poder contar histórias - ela riu, fraco. Ainda não tinha entendido o que eu queria dizer. — Essas marcas servem para te fazer lembrar o quanto você foi forte, Crys. O quanto... o quanto você suportou.

— Não, Fan. Eu sou fraca! - falou e começou a chorar.

— Se alguém já disse isso para você, essa pessoa mentiu descaradamente - dei um beijo em sua cabeça. — Você aguentou aquela tortura, Crystal! Susan praticamente fritou você viva e olha, você continua aqui. Continua viva. Se isso não é ser forte, eu não sei o que é. E se alguém, alguma vez, te disser que você é fraca, mande ela tomar um café no inferno.

Ela soltou uma gargalhada, como uma criança e eu ri junto com ela.

— Tomar um café no inferno? - ela levantou sua cabeça de meu ombro para rir mais um pouco.

— Lucy dizia isso para mim, quando as meninas mais velhas me batiam na escola - parei de rir. — Ela dizia que da próxima vez que elas me batessem, eu deveria convidá - las para tomar um café no inferno.

— Eu não sabia que você se dava bem com sua irmã - ela sorriu de canto e parecia ter pena de mim. Não queria isso.

— Nunca nos demos muito bem, mas eu sei que ela ainda cuidava e cuida de mim do jeito dela. Ela é forte e admiro isso nela - olhei para cima e depois para Crystal, que estava girando na minha cadeira da escrivaninha. —  Queria ser forte como ela.

Crystal parou de girar na cadeira e me encarou, suspirando.

— Ela que deveria querer ser forte como você.

— O que? - comecei a rir. — Não sou forte. Nem um pouco.

Mordi o lábio e de repente, tudo passou pela minha cabeça como flahsbacks:Charles me beijando enquanto eu estava sentada no tronco da árvore no chão e minutos depois a notícia de que ele tinha desaparecido, Lolita quase perdendo o pé para um tigre, Elissa com uma corda no pescoço e o tronco de árvore atravessado no corpo,a morte de minha mãe, Angeline respirando com dificuldade até seu corpo ficar imóvel, o sangue de Susan em minhas mãos depois de eu dar cinco ou mais facadas em suas costas.

Fechei os olhos pois não queria chorar quando Crystal precisava da minha ajuda porque o que ela passou foi horrível.

— Sinto falta da minha mãe - falei baixinho. Crystal que estava digitando no meu notebook desligado, se virou para mim novamente. 

Between Mysteries and Freedom (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora