Capítulo 30 - I will love her unconditionally

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Acordei por volta das oito - alguns minutos depois das oito, para ser mais exata - e fui direto para o chuveiro. Deixei a água morna cair pela minha nuca enquanto me apoiava na parede fria para chorar. Aproveitei para lavar o cabelo e fiquei mais tempo do que costumava ficar no banho.

 — Fannie, vamos nos atrasar! - ouvi a voz de meu pai bem distante porque eu estava no banheiro na suíte e ele batia na porta do meu quarto.

— Não vou demorar - funguei e afastei as lágrimas antes de gritar de volta.

O enterro será às nove e meia mas meu pai quer chegar antes para poder ficar um tempo com o caixão e o corpo sem vida da minha mãe. Eu me poupei desse sofrimento.

Me enrolei na toalha enquanto pegava o meu vestido para enterros no guarda - roupa. Era um pouco abaixo dos joelhos, tinha um casaco - também preto - e eu o usaria completo. Peguei meu salto preto, liso, um que eu nunca usei antes mas minha mãe insistia em dizer que seria útil algum dia, uma pena que tenha sido útil para o enterro dela. Olhei meu reflexo no espelho enquanto terminava de pentear as ondas do meu cabelo, por atrás de mim - ainda no reflexo - pude ver ele. O meu bom e velho violão. De alguma maneira aquilo me fez sorrir e tive a brilhante ideia de levar para o cemitério e tocar. Não para as pessoas que vão estar sendo falsas lamentando a perda mas sim para a minha mãe, porque ela gostaria que eu tocasse e porque vou me sentir bem fazendo isso.

Peguei duas mechas de cabelo - uma mecha de cada lado - e depois as juntei, prendendo em uma só atrás. Meu pai amava quando minha mãe fazia esse penteado em mim e em Lucy quando éramos crianças.

  — Vamos, Lucy já chegou. Está nos esperando - Tyler entrou no quarto, usando o seu terno.

Peguei meu violão e sorri assentindo. Não tive tempo de passar maquiagem - além de um batom da cor dos meus lábios -, mas nem se eu tivesse tido tempo, eu usaria.

No cemitério haviam muitas pessoas. Pessoas que eu nunca vi antes, pessoas que trabalharam com a minha mãe e pessoas que provavelmente não eram próximas a ela. Até Maya Parker estava lá e agradeci por sua filha não estar.

Haviam cadeiras em volta do caixão e me sentei bem à frente, ao lado de meu pai e meus irmãos, olhei para trás para ver se reconhecia mais alguém na multidão de pessoas falsas lamentando a perda e vi os olhos cor de lago de Crystal. Ela estava chorando. Não viu que eu olhava para ela, então desviei o olhar. David e Genevieve não estavam ali na multidão. Vi Charlotte e ela assentiu sorrindo forçado, retribuí.

O padre falou algumas baboseiras nas quais não prestei muita atenção, só quando ele chamou meu nome:

— Agora vamos ouvir algumas belas palavras de uma das filhas amadas de Ashley Martin, Stefannie Thompson Martin - o encarei e ele soltou um sorriso fraco e forçado retribuí e assenti, pegando meu violão e me levantando para ir até lá.

Fiquei em pé atrás do caixão da minha mãe e apertei os olhos para não chorar. Olhei para a multidão e sorrir aliviada quando Crystal assentiu para mim e abriu um de seus sorrisos sinceros, aqueles que faziam seus olhos brilharem e ganharem mais vida.

— A minha mãe... Ashley Martin Thompson, ela tinha uma doença... -engoli seco e funguei antes mesmo de começar a chorar. — Cardiopatia isquêmica. Ela... ela foi um caso extremamente raro. Geralmente a doença é silenciosa e você só sabe que a tem quando está morrendo ou quando... quando já se está morto. Mas minha mãe não, ela conseguiu lutar contra isso durante alguns meses e eu sei que ela se foi e... é o melhor para ela - comecei a chorar e vi meu pai olhando para baixo apertando os olhos diversas vezes para segurar as lágrimas. Tyler e Lucy balançavam a cabeça e forçavam um sorriso em meio as lágrimas quando eu olhava para eles e isso me fazia prosseguir. Enxuguei as lágrimas para continuar. — E... meus pais me ensinaram uma coisa, não só a minha mãe mas meu pai também. Eles sempre disseram que você não pode ser tão ingrato a ponto de chorar por perder alguém - abri um sorriso largo. —, você deve gargalhar até a barriga doer só pelo fato dessa pessoa especial ter aparecido na sua vida e a mudado. A minha mãe mudou a minha, mesmo que por vinte e dois anos. E... e não importa se ela estiver aqui ou em Marte, ou...ou a sete palmos do chão, ela sempre será a minha mãe e eu sempre, como todo meu coração e todo meu ser, vou amá - la. Eu vou amá - la incondicionalmente.

Between Mysteries and Freedom (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora