Capítulo 14 - Elissa is a nightmare

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Por ordens dos policiais, nosso acampamento foi suspenso por tempo indeterminado e Sr. Gonzalez vai ser investigado. Eu realmente precisava de um tempo fora daquele acampamento. Toda vez que eu fechava meus olhos, via aquela cena de suicídio de Elissa.

Me levantei da cama e senti uma tontura mas passou rápido. Entrei para meu banheiro e deixei que a roupa caísse no chão enquanto eu ligava o chuveiro. A água que caiu em meu ombro direito fez arder um pouco e quando olhei, tinha um pequeno arranhão. Mais um galho, provavelmente. Amanhã talvez, já tenha saído.

Apoiei minha cabeça naquele azulejo frio e tentei colocar as ideias no lugar enquanto fechava os olhos, mas a cena de Elissa naquela tronco de árvore veio novamente então desligo o chuveiro e me enrolo na toalha imediatamente. Peguei a primeira roupa que vi no guarda - roupa, um vestido que eu nem lembrava que existia.

— Posso entrar - minha mãe disse sorrindo, depois de bater na porta.

— É claro - eu estava terminando de secar o cabelo e enrolei a toalha na cabeça.

— O que aconteceu lá, para dispensarem vocês tão rápido?

Respirei fundo enquanto olhava para ela. Eu não aguentava mais lembrar daquilo, lembrar toda vez que fechava os olhos já era vezes demais.

— Uma garota - fechei os olhos e suspirei depois fui desfazendo as malas —, Elissa, suicidou. Ela se matou. Enfiou o seu próprio corpo bem no tronco de uma árvore.

— Santo Deus! - ela soluçou e seus olhos começaram a lacrimejar, enquanto ela levava a mão até a boca.

— Vamos ficar sem acampamento por tempo indeterminado e vão investigar o Sr. Gonzalez. Provavelmente terá mais um interrogatório para nós - bufei e me sentei na cama, praticamente em cima da mala. — Minha vida é uma droga!

— Não diga isso - ela se abaixou e forçou um sorriso, pousando a mão em meu ombro. — A sua vida é ótima, só está complicada agora. Tudo vai voltar a ser normal de novo e vai voltar a amar a sua vida.

A encarei e me lembrei de que a vida dela que era uma droga, pois ela estava morrendo e me arrependi do que acabei de dizer.

— Tem razão, me desculpa. Eu só... - fechei os olhos e massageei minhas têmporas. — Não quero ter mais um caso para resolver. Não quero ter que responder mais perguntas sobre algo que não sei o porquê de ter acontecido.

— Essa garota... Elissa, tinha algum motivo para se matar? - minha mãe finalmente se sentou.

— Ela tinha problemas psicológicos e usava drogas, é tudo que sei - dei de ombros e tirei mais roupas da mala.

Ficamos em silêncio por um longo tempo enquanto minha mãe me ajudava a guardar as roupas.

— Linda pulseira! - ela disse, tirando uma pulseira prateada com vários pingentes.

Sorri fraco e segurei para não chorar.

— Charles me deu na... - olhei para cima tentando lembrar. — Na sexta série. É... na sexta série!

— E guarda até hoje? Que coisa linda.

— É - peguei da mão dela e forcei um sorriso. — Vamos terminar de guardar isso.

* * *

David e eu decidimos ir até a The Warehouse antes de eu ir ajudar minha irmã Lucy em sua cafeteria. Eu precisava me desculpar com Charlotte pelas acusações e também tinha mais perguntas para fazer.

Na TV do Café, Elissa era destaque em todos jornais. Fechei os olhos e suspirei.

— Não aguento mais isso! Por que nossas vidas tem que se tornar uma enorme bagunça?

— Charles diria que ele sempre gostou de uma bagunça - Dave soltou uma risadinha e acabei sorrindo. — Mas eu realmente não sei. Talvez esse seja o sentido da vida.

— Uma bagunça? - ergui a sobrancelhas e depois balancei a cabeça e vi Charlotte entrar e colocar seu uniforme e me levantei imediatamente. — Vou lá falar com ela.

— Fannie! - ela abriu um sorriso sincero ao me ver enquanto fazia um coque com o próprio cabelo.

— Charlotte, será que tem um tempinho - umedeci os lábios com a língua.

— Tenho sim, vamos nos sentar... - ela procurou uma mesa totalmente vazia e me puxou para ir até lá. — Aqui. Certo, o que quer?

— Primeiro de tudo: me desculpar. Eu acusei você sem ter provas, eu estava tão certa de que era você - ela me encarava enquanto eu gesticulava para falar. — Eu estava tão obcecada em achar o culpado pelo desaparecimento de Parker que eu queria que fosse alguém, queria que fosse...

— Eu? - ela perguntou.

— É... Acho que foi isso.

— Olha... - ela sorriu e caramba, como ela era bonita. — Tudo bem, de verdade. Eu teria feio a mesma coisa no seu lugar. Entendo você e está tudo bem. Talvez a gente não tenha uma amizade forte como tem com seus amigos mas... Fannie, pode confiar em mim agora. Nem falei para você mas, April não é mais minha amiga, ela nunca foi.

— Terminaram a amizade? Mas, por quê?

— Nem era amizade. Ela me usou só enquanto precisava mas depois quando decidi ser sincera, ela me descartou.

— Ela faz isso com todos - sorri fraco, a assegurando. Eu nem havia percebido mas estávamos segurando as mãos uma da outra.

— Qual é a outra coisa que quer me falar? Pois eu preciso trabalhar.

— Ah, claro - balancei a cabeça e sorri, nervosa. — Só queria dizer que uma garota se matou no acampamento, não sei porque ia querer saber disso mas...

— É, eu a conhecia - ela me interrompeu. — A mãe dela era uma grande amiga da minha mãe. Elissa, não é esse o nome dela?

— É. É sim.

— Ela já me ofereceu maconha - deu de ombros e riu. Nossas mãos ainda estavam entrelaçadas e acho que isso a deixava mais segura. — Eu recusei, claro. Já sou louca e não preciso de drogas - ela riu. — Terá outro interrogatório. É isso?

— Não sei se vou precisar ir, mas é bem provável que sim, pois vi a cena e disse isso aos policiais. Todos viram. Não vimos ela se matar mas vimos ela morta naquele tronco... - fechei os olhos e balancei a cabeça. — Não quero falar mais disso, desculpe.

— Tudo bem, agora eu preciso mesmo voltar ao trabalho.

— E eu preciso ir ajudar minha irmã - falei me levantando e ajeitando a cadeira. — Bom trabalho!

— Boa ajuda - ela riu e acenou.

Chamei David para irmos embora e eu peguei um táxi para ir para casa, já que Lucy disse que tinha pouca movimentação no Café hoje.

Assim que cheguei, subi correndo para meu quarto para tentar dormir um pouco finalmente,mas quando fechei meus olhos a cena toda se repetiu e eu não consegui.

Flash back on 

Quando chegamos perto da entrada das trilhas, nós todos quase engasgamos com o susto. Eu estava quase vomitando com o que meus olhos estão vendo.

— Meu Deus - levei a mão na boca e comecei a chorar desesperada.

Elissa estava em cima de uma árvore com uma corda amarrada no pescoço. A corda estava pendurada em um galho mais alto enquanto um galho mais baixo e mais largo e longo, estava atravessado em sua barriga.

Ela havia se matado. Marcas de enforcamento no pescoço e o corpo todo ensanguentado.

Flash back off 

Acordei gritando em desespero enquanto não parava de chorar.

Between Mysteries and Freedom (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora