Crystal me ligou pelas nove da manhã perguntando a que horas ela poderia passar aqui para irmos até a delegacia. Agora são 9:30 e estou me arrumando para 10:30, o horário que combinamos.
Não contei para meu pai que alguém o atropelou de propósito. Não contei que recebi uma ameaça em russo e não contarei. Tudo que fiz foi ligar para Lucy, a única da família para quem contei tudo isso.
— Quer que eu vá com vocês? - ela perguntou.
Estalei a língua e pensei um pouco. Talvez ela pudesse ajudar e sei que agora posso confiar nela.
— Se não tiver problemas para você, quero sim.
— Tudo bem, estarei aí em alguns minutos. Ligarei para Daniel cuidar da cafeteria, me arrumarei e já estarei indo.
— Certo, estou esperando.
Vesti uma calça jeans escura e coloquei uma camisa qualquer com uma jaqueta por cima, passei pouca maquiagem, ajeitei o cabelo o deixando com ondas e já estava pronta. Desci e me sentei no sofá para esperar por Lucy. Fiquei batendo os pés no chão e limpando o suor das mãos nos joelhos enquanto olhava a hora em meu celular a cada minuto. Quando o mesmo vibrou, eu dei um pulo, mas era Jared ligando. Achei estranho. Ele não me ligou desde que chegou na Califórnia, nos falamos apenas por mensagem.
— Alô? - falei, pigarreando.
— Bom dia - podia vê-lo sorrindo só pelo seu tom de voz. — Dormiu bem?
— Ahn... Dormi? - respondi franzindo a testa. Realmente era muito estranho ele me ligar. — E você?
— Maravilhosamente. Bem, eu ligue porque minha mãe quer muito falar com você e tem me enchido com isso desde que coloquei meus pés aqui - ele soltou uma risada e ouvi a mãe dele dizer "é verdade". — Será que pode falar com sua sogra para ela me deixar em paz?
— Ahn... na verdade, eu... - eu ia falar que estava de saída mas a mãe de Jared queria falar comigo, então tudo bem. — Claro.
Ouvi alguns barulhos do outro lado da linha até que consegui ouvir a voz da senhora Williams.
— Fannie, certo? Oi.
— Certo - soltei uma risadinha. — Oi. Jared está dando muito trabalho, não é?
— Nem imagina - ela riu. Era uma risada escandalosa e exagerada, porém verdadeira. — Ele dá trabalho para você também?
— Às vezes. Ele sabe que eu sou quase pior do que uma mãe - soltei uma gargalhada e conferi o relógio, só tinham se passado três minutos.
— Ele não para de falar de você aqui.
— Devem estar cansados de ouvir o meu nome e histórias sobre mim - falei e ela deu uma risadinha.
— Que nada, querida. Parece uma ótima pessoa.
— Ah, obrigada - senti meu rosto esquentar. — Mas aposto que Jared exagera.
— De qualquer forma, você parece uma pessoa ótima para o meu filho, fico feliz em saber que foi ideia sua que ele nos procurasse. Jared sempre foi tão... - ela abaixou o tom de voz quase sussurrando e disse: — sabe, complicado. Conseguiu fazer ele parar de fumar, isso me deixou feliz, sabe? Ele fuma desde a adolescência. Dá para imaginar a confusão que era, certo? As crises e dificuldades da adolescência e o vício dele... Obrigada mesmo.
— Não foi nada. Eu amo seu filho. Amo de verdade, farei de tudo para ele ter uma boa vida - falei, mesmo sabendo que ele não tinha parado de fumar por minha causa. Quando nos conhecemos ele não estava fumando e disse que fazia isso só às vezes.
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Between Mysteries and Freedom (Livro 1)
Mystery / ThrillerO desaparecimento do namorado. Foi isso que levou Fannie Thompson às aventuras arriscadas ao longo de meses. Charles Parker desapreceu em uma noite fria qualquer de novembro, enquanto as folhas eram derrubadas pela brisa forte no...