Capítulo 45 - Russian April

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Crystal me ligou pelas nove da manhã perguntando a que horas ela poderia passar aqui para irmos até a delegacia. Agora são 9:30 e estou me arrumando para 10:30, o horário que combinamos. 

Não contei para meu pai que alguém o atropelou de propósito. Não contei que recebi uma ameaça em russo e não contarei. Tudo que fiz foi ligar para Lucy, a única da família para quem contei tudo isso.

  — Quer que eu vá com vocês? - ela perguntou.

Estalei a língua e pensei um pouco. Talvez ela pudesse ajudar e sei que agora posso confiar nela.

— Se não tiver problemas para você, quero sim.

— Tudo bem, estarei aí em alguns minutos. Ligarei para Daniel cuidar da cafeteria, me arrumarei e já estarei indo.

— Certo, estou esperando.

Vesti uma calça jeans escura e coloquei uma camisa qualquer com uma jaqueta por cima, passei pouca maquiagem, ajeitei o cabelo o deixando com ondas e já estava pronta. Desci e me sentei no sofá para esperar por Lucy. Fiquei batendo os pés no chão e limpando o suor das mãos nos joelhos enquanto olhava a hora em meu celular a cada minuto. Quando o mesmo vibrou, eu dei um pulo, mas era Jared ligando. Achei estranho. Ele não me ligou desde que chegou na Califórnia, nos falamos apenas por mensagem.

  — Alô? - falei, pigarreando.

— Bom dia - podia vê-lo sorrindo só pelo seu tom de voz. — Dormiu bem?

— Ahn... Dormi? - respondi franzindo a testa. Realmente era muito estranho ele me ligar. — E você?

— Maravilhosamente. Bem, eu ligue porque minha mãe quer muito falar com você e tem me enchido com isso desde que coloquei meus pés aqui - ele soltou uma risada e ouvi a mãe dele dizer "é verdade". — Será que pode falar com sua sogra para ela me deixar em paz?

— Ahn... na verdade, eu... - eu ia falar que estava de saída mas a mãe de Jared queria falar comigo, então tudo bem. — Claro.

Ouvi alguns barulhos do outro lado da linha até que consegui ouvir a voz da senhora Williams.

— Fannie, certo? Oi. 

  — Certo - soltei uma risadinha. — Oi. Jared está dando muito trabalho, não é?

  — Nem imagina - ela riu. Era uma risada escandalosa e exagerada, porém verdadeira. — Ele dá trabalho para você também?

— Às vezes. Ele sabe que eu sou quase pior do que uma mãe - soltei uma gargalhada e conferi o relógio, só tinham se passado três minutos.

— Ele não para de falar de você aqui.

  — Devem estar cansados de ouvir o meu nome e histórias sobre mim - falei e ela deu uma risadinha.

  — Que nada, querida. Parece uma ótima pessoa.

— Ah, obrigada - senti meu rosto esquentar. — Mas aposto que Jared exagera.

— De qualquer forma, você parece uma pessoa ótima para o meu filho, fico feliz em saber que foi ideia sua que ele nos procurasse. Jared sempre foi tão... - ela abaixou o tom de voz quase sussurrando e disse: — sabe, complicado. Conseguiu fazer ele parar de fumar, isso me deixou feliz, sabe? Ele fuma desde a adolescência. Dá para imaginar a confusão que era, certo? As crises e dificuldades da adolescência e o vício dele... Obrigada mesmo.

— Não foi nada. Eu amo seu filho. Amo de verdade, farei de tudo para ele ter uma boa vida - falei, mesmo sabendo que ele não tinha parado de fumar por minha causa. Quando nos conhecemos ele não estava fumando e disse que fazia isso só às vezes.

Between Mysteries and Freedom (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora