Enquanto eu arrumava o cabelo de Crystal, contei tudo para ela sobre minha crise. Ela me ajudou com meu vestido, um preto um pouco acima dos joelhos com a saia feita por várias rendas, escolhi uma sandália baixa.
— Fannie, vamos encontrar ele, precisa acreditar - ela falou, me passando um grampo.
— Sei que preciso. Mas eu me sinto tão mal. Sinto tanta falta dele - prendi o grampo em seu cabelo e dei mais alguns retoques.
— Também sinto. Mas eu acredito que ele está vivo e que vamos encontrá - lo. Tudo vai dar certo, Fan.
Terminei de fazer o penteado de Crys, que era um coque um pouco mais trabalhado e ficou tão fofo nela. No meu cabelo, fiz um tipo de "tiara de trança embutida" e ficou melhor do que eu esperava. Calcei minhas sandálias e Crys pegou um sapato meu que eu nem lembrava que tinha mais, um verde água para combinar com seu vestido - também um pouco acima dos joelhos.
— Vamos? - ela sorriu e estava deslumbrante.
— Sim, vamos. Só preciso pegar o presente de Lolita - me inclinei e subi na cama para pegar a caixinha azul marinho escuro de veludo e coloquei dentro da minha bolsa.
Quando chegamos na casa de Lolita, as pessoas gritavam e cantavam "Habits" junto com a Tove Lo enquanto bebiam doses absurdas de diferentes tipos de álcool.
Lolita sorriu e nos abraçou, Crystal a entregou o presente que eu não fazia ideia do que era e depois eu entreguei o meu: o conjunto de colar e brincos com uma pedrinha vermelha que eu imagino ser rubi, e por ela ser ruiva, acho que talvez combinasse muito com ela. Como fui avisada em cima da hora, não tive muito tempo para pensar no que comprar mas espero que ela goste.
— Obrigada meninas, entrem - ela abriu mais a porta e apontou para dentro. Estava muito linda com os cabelos jogados para o lado em perfeitos cachos, usava um vestido vermelho tomara que caia que a deixava mais jovem do que já era.
Nos sentamos juntas com Gen e Charlotte que para minha surpresa estava lá.
— Onde está o Dave? - perguntei, ajeitando meus brincos de pérolas.
— Está lá em cima, arrumando não sei o quê - ela fez um bico e ficou de cara fechada por um tempo até um garçom chegar e servir bebida.
Pensei em recusar mas depois pensei melhor e estou em uma festa e desejo muito me divertir, então, por que eu não beberia? Peguei a garrafa de Heineken e assenti, agradecida. Todas me olharam surpresa e eu levantei a garrafa, pedindo um brinde e todas bateram sua garrafa na minha.
— Podemos ir até o barzinho - Genevieve apontou para um canto onde parecia ter um bar montado, como em uma balada.
— Algo me diz que vamos precisar de tequila - Crystal falou e suas sobrancelhas dançaram. Eu ri e dei meu último gole na cerveja para acabar com ela e assenti.
— Tudo bem, vamos tomar tequila - dei de ombros, me levantando.
Pedimos três doses, uma para cada - Charlotte não quis e ficou na mesa que estávamos. Segurei aquele copinho com o sal na borda e o limão em cima e chupei o limão primeiro, fazendo caretas. Depois, nós brindamos e viramos de uma só vez, as três.
Senti aquele líquido rasgando a minha garganta e abri a boca fazendo uma careta e pedi mais uma dose. Logo, Gen e Crys pediram mais também. De repente, começou a tocar "We Can't Stop" da Miley Cyrus e isso me lembrou um aniversário de April em que eu e Parker subimos para o quarto dele para "nos divertirmos" e era possível ouvir "We Can't Stop" sendo abafada por causa da porta fechada. Senti uma leve vontade de chorar, mas, ao invés disso, nós três brindamos antes de mandar a bebida para dentro, virando de uma só vez. Apertei os olhos - porque novamente desceu queimando a garganta - e me lembrei dos beijos quentes de Charles no quarto naquela noite. Pedi mais uma dose e depois mais uma e mais uma e depois mais uma, pedi mais até quando minhas amigas já tinham parado. Cada vez que o líquido descia como se estivesse rasgando a minha garganta e eu apertava os olhos, eu me lembrava de cada toque, de cada beijo e de cada arfada de Charles em mim aquela noite ao som da mesma música que está tocando agora. Pedi mais duas doses e a música acabou. Abri os olhos que aposto que ficaram vermelhos e chacoalhei a cabeça e apertei os olhos mais uma vez antes de me levantar com minhas amigas.
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Between Mysteries and Freedom (Livro 1)
Mystery / ThrillerO desaparecimento do namorado. Foi isso que levou Fannie Thompson às aventuras arriscadas ao longo de meses. Charles Parker desapreceu em uma noite fria qualquer de novembro, enquanto as folhas eram derrubadas pela brisa forte no...