Cap. 46: Versos De Um Segredo

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Eu andava, perdida, pelo gramado da Academia.

A conversa com Luigi, na noite anterior, ainda me arrepiava, pois não fazia ideia do que ele pretendia (e provavelmente não seria algo que me agradasse). Tossi, sentindo o pulmão chiar, logo antes de entrar no edifício. Era um dia frio, tanto que sentia os dedos dos pés formigarem.

Caminhei pelos corredores, observando enquanto os demais membros da Sociedade entravam. Eu andava um pouco à frente, evitando o grupo. Provavelmente Rubi estava lá, e se estivesse...

- Bom dia, musa. - disse Ônix, alcançando-me e tocando de leve meu braço.

Assim que o vi, lembrei imediatamente do olhar que me lançara na noite anterior, sob a luz amena das velas. Naquele dia, ele estava como de costume, cabelos lisos penteados para trás e roupas formais. Porém, ainda assim, me fez estremecer. E aquele tipo de arrepio era absolutamente diferente do que sentia com Luigi. Ou do que seria indicado sentir com um bambolotto.

- Bom dia. - respondi, ainda perdida em suas íris profundas, relembrando toda a preocupação que esboçavam na noite anterior.

Ônix, de repente, parou-me no caminho e olhou profundamente em meus olhos, desconfiado.

- Por que será que não senti tanta firmeza nesse bom dia? Algo a atrapalha? - perguntou, arqueando uma sobrancelha.

Corei intensamente. O que me atrapalhava, na realidade, eram as batidas estranhas que meu coração dava em sua presença. Obviamente, eu não iria lhe dizer isso.

-Ah, nada. Só estou um pouco... distraída. - afirmei, fazendo-o revirar os olhos e rir baixinho.

×××

Apoiei meu queixo na mão, esperando que a aula de Literatura começasse. O olhar de Leo pesava sobre meus ombros, por isso não podia virar para trás.

- Bem, alunos. - disse a senhora Jakes, mais séria que o normal - a partir de hoje, nós iniciaremos um projeto imensamente importante, que resultará em vários pontos para o final do ano.

Bastaram estas simples palavras para que o burburinho iniciasse.

- Em parceria a todas as outras turmas desta Academia de artes, faremos um espetáculo em breve. Não se enganem pensando que são coisas bobas, pois muitas pessoas importantes virão assistir, para assim verificarem que aqui se formam profissionais em cursos técnicos amplamente qualificados. - eu gostaria de estar terminando o ensino médio, e não fazendo cursinhos, pensei, maldosamente - então, peço encarecidamente que não arranjem confusão, pois os alunos serão selecionados.

O burburinho explodiu em reclamações.

- Por favor, façam silêncio! - Senhora Jakes insistiu, pondo um dedo sobre os lábios - por favor, colaborem!

Hesitantes (e com caras nada boas), aqueles que reclamavam calaram-se, provavelmente curiosos para saber o que aconteceria. A professora suspirou, pigarreando em seguida.

- Muito bem... - pegou um pedaço de papel que estava em cima de sua mesa - irei ditar os nomes desta equipe por ordem alfabética, e logo combinaremos um dia para organizar as coisas. Peço que os demais não tumultuem, pois podem ser chamados pelos professores de outros Cursos. - ajeitou os óculos no nariz, iniciando a leitura - Ada Hovers... Alana South... Alessa Fragnello... Alley Scott... Dru Thompson... Erin MacMills e... Finnigan Blake.

Meus 6 colegas escolhidos ficaram surpresos, alguns até felizes. Já eu, fiquei chocada.

Senhora Jakes me olhou brevemente, com as sobrancelhas franzidas, antes de precisar acalmar o resto dos alunos. Eles pareciam crianças birrentas, e não adolescentes quase adultos. Cheguei até a sentir olhares queimando em minha direção, assim que virei para trás rapidamente.

- Senhora, eu... - não terminei a frase.

- Peço aos escolhidos que me aguardem lá fora. - a professora exclamou, tentando falar mais alto que os demais.

Todos levantaram-se, seguindo para a porta. Entre eles, reconheci apenas um bambolotto que, ao contrário de mim, parecia tranquilo. Cerrei os punhos e suspirei, levantando-me para seguí-los até o corredor.

A última coisa que vi na sala, ao olhar para trás, foi Leo (que afinal não estava bravo) sorrindo para mim de leve. Neste momento, senti-me imensamente culpada, por tê-lo ignorado sem motivo.

×××

- Muito bem, queridos. - disse a Senhora Jakes, assim que fechou a porta - pedi para que viessem ao corredor apenas para acalmar os demais, pois o assunto de hoje é breve.

Assentimos em sincronia, esperando que continuasse.

- Eu chamei-os porque, no espetáculo de final de ano, o principal acontecimento será um musical. E, como são bons escritores, gostaria que me ajudassem no roteiro.

Meu queixo caiu. Eu, uma boa escritora? O roteiro do principal espetáculo da Academia?! Achei que fosse desmaiar.

- Desculpe, senhora. - falei imediatamente - acho que não poderei...

- Você, Alessa. - interrompeu-me, pela segunda vez - Você, principalmente. Desde que escreveu aquela poesia, fiquei pensando, até que resolvi: o musical será baseado nela.

Congelei no lugar.

- Senhora...

- Imagine só, se houvessem bonecas que durante a noite se transformassem em gente - continuou, perdida em devaneios - e se um colecionador cruel as mantivesse presas, para que trabalhassem em seus propósitos.

Era assustadoramente parecido com minha realidade, o que quase me fez gritar.

- Senhora...

- Vai ser genial! - finalmente, olhou-me nos olhos, com um sorriso infantil - podemos contar com você?

Olhei para o outro bambolotto, que continuava tranquilo. Meu desespero nem sequer o afetava.

- Eu...

- Maravilha! - exclamou, interpretando minha falta de reação como um sim - começaremos os ajustes da peça na próxima semana. Já fiz uns rascunhos, agora cabe-lhes apenas compor as músicas. Precisaremos correr contra o tempo, por isso aproveitem bem o final de semana!

Pensei em impedí-la, mas ela já havia entrado na sala novamente.

Como uma idiota, travei no lugar, enquanto os outros seguiam a idosa.

- Não se preocupe. - sussurrou o bambolotto, parecendo finalmente notar minha perturbação - a Sociedade sabe disso. Tem seus próprios propósitos.

O que era para ser um consolo, tornou-se uma punição.

×××

Andei lentamente até a entrada da Sociedade. Por ter me atrasado, eu pegara um carro sem nenhum conhecido, com apenas membros que não conversavam. Fora melhor, pensei. Assim pude pensar na encrenca em que havia me metido.

- Alessa! - ouvi o grito de Rubi, antes que me puxasse para trás.

Virei e vi seu rosto animado, de alguém que ainda não sabia dos problemas que estavam por vir. E da minha culpa no meio deles.

- Rubi...

- Anime-se, Ale! - exclamou, agarrando meu cotovelo e arrastando-me para dentro - vá arrumar suas malas! Vamos ver nossas famílias!



Oi gente!!! O que acharam? Bom, espero que estejam gostando.

Nós agora estamos entrando na última parte da história (pois é!!!). Estou tentando me adiantar, para que este livro não fique muito comprido. É que teremos o segundo, e preciso equilibrar as histórias.

#1 Em Fantasia!!!! Morri aqui!!!! Vocês são demais!!!!!!!!!!

P.s.: Para quem quiser, fiz uma entrevista mais completa sobre mim, no livro do Projeto Escritores de Ouro. O perfil onde está é @rwoficial. Espero que gostem também, kkkkk.

Bjsss, eu amo vocês!!!














Porcelana - A Sociedade Secreta (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora