20. Pretexto

234 15 0
                                    


"Se tudo o mais perecesse e ele ficasse, eu continuaria, mesmo assim, a existir; e, se tudo o mais ficasse e ele fosse aniquilado, o universo se tornaria para mim uma vastidão desconhecida, a que eu não teria a sensação de pertencer."

Catherine Earnshaw, O Morro dos Ventos Uivantes- Emily Bronte

Milla

Jacob seguia na frente, andando com cuidado entre as árvores altas da reserva.

Leah havia me levado para conhecer outros lugares legais, mas teve que ir para casa devido a uma emergência, e acabou pedindo para Jacob Black me levar de volta a praia.

Nessa pouco tempo que passamos caminhando percebi duas coisas. Primeira: ele conhecia a floresta como se fosse a palma de sua mão. Tirei essa conclusão levando em conta as circunstancias que nos encontrávamos, se eu fosse a guia, ficaríamos perdidos ou andando em círculos. E segunda: nós tínhamos mais coisas em comum do que eu podia imaginar. O que tornou o percurso até agradável, já que sempre tínhamos assunto para conversar.

Antes de dormi fiz uma imaginária de todas as coisas negativas e positivas que poderiam acontecer.

NEGATIVAS Encontrar Mike Newton; Ser chamada na direção por ter brigado com Jessica;

Ter outra crise;

Sair correndo antes de entrar na escola;

Passar vergonha por causa do visual novo;

Não aguentar ficar perto de Edward,

e acabar beijando ele na aula.

POSITIVAS

Edward Cullen.

Eu tinha motivos suficientes para fingir um mal-estar ou qualquer coisa para evitar ir à escola. Mas o único motivo positivo era realmente bom, e me encorajava a ir. Estar perto dele novamente era algo indiscutível, ganharia de todos os motivos negativos, mesmo que fossem mil.

No dia seguinte as coisas eram outras, uma crise de pânico começava a se formar quando o despertador tocou, me deixando assustada. E se Mike estivesse lá? Não conseguiria olhar para ele sabendo que foi capaz de tanta crueldade, e muito menos ficar no mesmo ambiente que ele. Infelizmente, a maioria das nossas aulas eram juntas. Pensei também na discursão que tive com Jessica, e conhecendo-a muito bem, tinha certeza de que ela não deixaria que eu a enfrentasse sem se vingar.

Era essa vingança que eu temia. Ser julgada por todos e vista com maus olhos, mesmo que a história fosse o contrário dos rumores que Jessica havia espalhado.

Tomei coragem e me levantei da cama. A roupa que Alice preparara para mim estava em cima da minha escrivaninha. Me troquei e fui até o banheiro dar um jeito no meu cabelo e tentar não parecer apavorada. Meu cabelo ficou volumoso e com brilho depois que as Cullen me levaram no salão de beleza em Seattle. Deixei ele solto.

-Bom dia, srta. Riquinha. -tio Joe brincou enquanto saboreava seus waffles- Tem certeza de que não foi abduzida durante a noite?

-Está mais para Alice Cullen e seu senso de moda sofisticado demais para mim.

-Que isso, Milla, você ficou ótima assim. Como se tivesse nascido para vestir roupas de grife e andar em carros luxuosos. -Tessa disse colocando uma tigela de cereal matinal a minha frente.

-Ainda bem que eu deixei o estilo luxuoso do papai, para viver no estilo hippie de vocês.

Eu disse sorrindo. Era um alívio mesmo, eles levavam a vida de uma forma mais simples e apreciavam cada detalhe dela. Diferente do meu pai, que sempre estava ocupado com reuniões e indo a festas na empresa. Ser criada por Tessa e Joe me fez ser que eu sou, e isso eu não poderia mudar. Nem com roupas caras e maquiagens elaboradas.

Espelhos da Alma Onde histórias criam vida. Descubra agora