46. Correndo atrás do que é meu, ou do que era para ser

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Oi pessoas lindas! Dessa vez temos um POV do Jake, espero que gostem. 



Jacob

Antes de qualquer coisa, eu sei que esse não é um comportamento que as pessoas esperariam de mim.

Desde que entrei nesse mundo de coisas sobrenaturais e me tornei um guerreiro Quileute, tudo o que meu pai –e todos na Reserva- esperavam é que eu fosse Jacob Black, filho de Billy e futuro líder da matilha, supostamente. Aposto que surpreendi a todos quando renunciei esse cargo, dando ao Sam Uley o título de líder. Mas o cargo não era para mim, não sei se conseguiria liderar todos aqueles garotos, era uma responsabilidade que eu não estava pronto para ter. E agora, tenho que me submeter ao Sam.

Meu pai ficou decepcionado, mas de certo modo aceitou. E, tenho que confessar, que de todas as decisões que já tomei e que me fizeram parecer um rebelde sem causa, essa é a pior de todas, na visão dos outros da matilha.

Confraternizar com o inimigo.

Eu não usaria essa palavra, talvez "uma trégua temporaria" ou algo do tipo, mas nunca confraternizar. Ainda sinto uma vontade enorme de vomitar e desgosto quando estou perto deles. É como se aquele cheiro irritamente doce entrasse nos meus pulmões e depois causasse uma tonteira.

Irritante.

Infelizmente não posso fazer nada sobre isso, porque terei que aguentar esse cheiro durante algumas horas. É, meu pai definitivamente ficaria desapontado comigo se soubesse que nesse exato momento estou em um avião com alguns Caras-Pálidas.

Tenho certeza de Leah está cuidando para que ninguém desconfie de nada, vai ser só mais uma caminhada solitária e que leve dias talvez. O fato é que eu não podia deixar eles irem atrás dela sozinhos. Já machucaram Milla demais e seria um choque para ela vê-los assim.

-Desejam alguma coisa? -a aeromoça perguntou com um sorriso no rosto.

-Não, obrigada. -escutei a voz de Alice no banco de trás.

Talvez uma taça com sangue. Pensei irônico. Ainda bem que o sanguessuga do Edward não estava aqui, não aguentaria ficar a viagem inteira guardando meus pensamentos.

-E você? -ela se virou para mim.

-Refrigerante, por favor. E se vocês tiverem sacos para vomitar, eu aceito.

-Claro, vou trazer para o senhor.

Tentei me acomodar na poltrona enorme. Eles não economizaram dinheiro com essa simples viagem, para eles, essas cabines particulares da primeira classe davam toda privacidade que precisamos para discutir o assunto.

A aeromoça trouxe o copo com refrigerante dentro, no mesmo instante que Alice se levandou e me chamou.

-O que aconteceu? Teve outra visão? -perguntei deixando o copo em cima do apoio.

-Ainda não, mas Rosalie me ligou. Estão quase no meio do país.

Tinha alguma coisa errada.

-E por que isso não está parecendo uma notícia tão boa? -perguntei desconfiado.

Ela hesitou.

-Na visão que eu tive, a Milla estava em um lugar fechado, uma balada eu acho. E elas geralmente abrem ao anoitecer.

-Daqui à algumas horas... -disse pensativo.

-Então não temos muito tempo. -Esme disse preocupada.

-De qualquer jeito, chegaríamos depois do Edward e os outros. Minha preocupação é que eles chegem a tempo. -Carlisle disse- Já está escurecendo.

Tentei ligar no celular da Milla pela sétima vez, mas ninguém atendia. Eu tinha que tomar alguma atitude, não podia deixar que a visão de Alice se cumprisse. Então lembrei que tinha anotado o número de Tessa no meu celular e disquei o número.

-Alô? -ela atendeu.

-Sra. Parker, sou Jacob Black. Amigo da Milla, lembra de mim?

-Como não lembrar? Você foi um dos melhores amigos que ela fez em Forks. -ela disse simpática- Como está?

-Bem. -menti- Me desculpe por incomodar a senhora, é que eu preciso muito falar com a Milla.

-Não é um incomodo, mas a Milla não mora mais conosco. Ela está com o pai agora.

-Sei disso, eu tentei ligar para o celular dela várias vez, mas parece que está desligado ou sem sinal. Será que tem outro número que eu consigo falar com ela?

-Tem sim.

Anotei o número o mais rápido possível e agradeci a Tessa.

O número era da casa do pai da Milla, chamou algumas vezes e logo alguém atendeu.

-Residência dos Arcker, com quem eu falo? -uma mulher atendeu.

-Oi, meu nome é Jacob. Será que eu poderia falar com a Milena Arcker?

-Jacob...

-Black, Jacob Black. Um amigo dela.

-A srta. Milla saiu com a família. Foram comemorar o aniversário dela.

-E você sabe onde foram?

-Infelizmente não estou autorizada a dar essa informação.

-Como se chama?

-Helena, sou a empregada do Sr. Arcker.

-Olha, Helena, eu preciso muito saber, é uma questão de vida ou morte. Milla pode estar correndo risco.

-Isso é algum tipo de brincadeira?

-Não.

No mesmo instante as mãos geladas de Alice pegaram o celular da minha mão.

-Deixa que eu cuido disso. -ela sussurou.

Isso já estava me irritando. Por que eles sempre tinham que aparecer, como se eu não conseguisse fazer as coisas sozinhas, como se eu não conseguisse ajudar Milla. Só porque Edward disse ter uma conexão com Milla, ou porque eles simplesmente "agarraram" do mundo, acham que têm algum tipo de direito.

Milla ainda é humana e pode escolher muito bem o que quer. E principalmente, sabe de tudo agora, a escolha foi dela ao decidir que queria se afastar dos Cullen e ir embora de Forks.

Acha que se ela quissesse ficar com eles teria ido embora? Não. Ela não iria se quissesse tanto ficar com seu precioso Edward. Talvez aquela confusão toda tenha mostrado a ela toda a verdade sobre os vampiros.

Foi uma escolha dela. Milena escolheu isso.

Não consegui tirar isso da minha mente durante a viagem. E se tudo o que ela quer é ficar sozinha? Eu estou levando eles até ela novamente por quê? Já está muito claro que eles só fazem mal a ela. Isso seria traição da minha parte.

Leah não devia ter feito me influenciado naquela hora, eu poderia muito bem ir atrás da Milla e ajudar ela.

Ela teria preferido isso, ao invés de ter que ver Edward novamente.

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