Milla
Mesmo sendo baixo, o salto começava a me incomodar. Tentei convencer a mim mesma de que para uma ocasião especial como essa valeria à pena usar uma roupa mais sofisticada do que as que geralmente eu uso.
Esse jantar era especial para mim, não porque era meu aniversário, mas porque era o primeiro aniversário que eu realmente comemorava com Frank, Sarah e Nancy. Durante todos esses anos, desde que fui morar com meus tios tive que me contentar com uma ligação ou uma rápida visita de Frank, mas agora estava aqui e isso fez dessa noite muito importante para mim.
Fui direto para meu quarto quando chegamos em casa, já que meu pai levou Nancy –que adormeceu no carro- para o quarto e Sarah foi se trocar.
Havia decido usar o colar que Edward deu de presente, combinava com o azul marinho do vestido. E também era uma forma de tê-lo comigo. O Edward bondoso que eu sempre amei ainda existia, em algum lugar no meio de todo esse caos será que ele ainda estaria pensando em mim?
A melodia calma e suave que emanava do pequeno pingente em forma de coração trazia a tona todos os bons momentos que Edward e eu passamos. O dia em que nos conhecemos, quando ele disse que me amava, nosso primeiro beijo e a última vez que pude abraçá-lo.
Momentos perdidos no tempo, e que talvez eu nunca mais recupere.
Guardei o colar rapidamente assim que escutei batidas na porta.
-Milla, sou eu. Posso entrar? –era Sarah.
Levantei-me da cama para ir abrir a porta.
-Desculpe incomodar você, ainda mais depois do dia animado que tivemos. Mas Isabel está aqui, e ela pediu para falar com você.
-Que Isabel?
-Isabel Lee, vocês eram amigas se lembra?
-Sim, eu me lembro. Onde ela está?
-Esperando na sala de visitas.
-Obrigada, Sarah. –dei um pequeno sorriso
-De nada, vou estar no quarto se precisar de mim e seu pai está no escritório.
-Okay, tenha boa noite.
-Pra você também.
Me surpreendi ao vê-la novamente, Isabel Lee era minha melhor amiga quando criança. Sempre brincávamos juntas, mas depois que me mudei fomos perdendo o contato até não nos falarmos mais.
Lá estava ela, de pé perto dos porta-retratos quando entrei na sala. Completamente diferente da última vez que a vi, os cachos sedosos e suéteres de gatinho deram lugar à maquiagem pesa e roupas marcantes. Temos a mesma idade, mas comparado a mim, ela parecia uma mulher madura.
-Oi. –eu disse sem graça.
-Milla, é você mesma? –ela veio em minha direção- Você parece ótima.
-Obrigada, você está... Diferente.
-Eu sei, é estranho como as coisas mudam né?
-Sim, como soube que eu estava aqui?
-Eu vim fazer uma visitinha aos meus pais, quando vi vocês saindo do elevador. Identifiquei Frank, mas quando você passou fiquei com um pouco de dúvida. Então decidir ver se você realmente tinha voltado. Veio pra ficar?
-Talvez... –esbocei um pequeno sorriso- E você? Parece que muitas coisas aconteceram depois que eu fui embora.
-Você nem imagina. –ela sorriu– Eu gostaria de te contar tudo agora, mas tenho que está em um lugar antes das onzes horas. Aliás, quero te convidar para ir ao show da banda que eu faço parte. Quer ir?
-Você é de uma banda? Isso é incrível, sempre foi seu sonho.
-Sim, se chama The Zombies, tocamos um rock meio punk. Vamos fazer um show hoje em um lugar aqui perto.
-É hoje? Não sei se vai dar, tenho que perguntar ao meu pai.
-Vou esperar bem aqui. –ela disse rindo.
Frank estava saindo do escritório quando cheguei.
-Pensei que já estava dormindo. –ele disse brincando.
-Não. Na verdade eu estava indo dormir, mas Isabel Lee veio me ver.
-Isabel? Achei que ela tivesse se mudado.
-Ela me disse que veio visitar os pais e nos viu.
-Uma visita a essa hora da noite?
-Não é bem uma visita, eu queria saber se a Milla pode ir comigo a um lugar? –Isabel apareceu no corredor.
-Oi Isabel, como está? –meu pai perguntou.
-Estou bem Sr. Arcker, e o senhor?
-Digo o mesmo. A qual lugar você se referiu?
-Minha banda vai fazer um show pequeno em uma boate, não é muito longe daqui. E eu ai amar se a Milla pudesse ir, não nos vemos há anos.
Em minha mente eu dizia "Não, eu estou cansada e não quero sair". Mas Isabel parecia empolgada com essa ideia, e mesmo depois de anos alguns traços da "antiga" Isabel ainda estavam intactos, como a persistência.
Minha esperança era que Frank não deixasse, era quase onze horas da noite e eu nunca voltei pra casa depois das oito horas. Mas isso era com Tessa e Joe, e não com Frank que se mostrava mais liberal agora que eu acabara de completar dezoito anos.
-Que horas vocês vão voltar? –ele perguntou.
-Vai ser um show curto, voltamos até as duas da manhã. Prometo.
Ele pensou um pouco antes de dizer.
-Milla pode ir, mas quero o telefone ligado. Assim vou poder manter contato.
Droga.
-Muito obrigada, Sr. Arcker.
-E cuidado, vocês duas.
-Vamos ter.
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Espelhos da Alma
FanfictionDistância era tudo o que precisávamos, mas nem ele e nem eu conseguimos parar depois que a obsessão começou. Ele aprecia todas as noites em meu quarto e espantava os pesadelos, as incertezas... o medo. Nos braços dele eu me sentia segura e amada, eu...