25. Condenado

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"Não tenha medo, eu levei minha surra. Compartilhei o que consegui, eu sou forte na superfície, não através do caminho todo. Eu nunca havia sido perfeita*, mas você também não então, se você me perguntar, eu quero que você saiba. Quando minha hora chegar esqueça os erros que cometi ajude-me a deixar pra trás algumas razões que deixem saudades. Não fique ressentido* comigo, quando se sentir vazio*"

Leave Out All The Rest- Linkin Park

Milla

Eu tinha certeza absoluta de que não era um sonho, e muito menos a realidade. Era apenas um lugar no meio do nada, um palpite talvez, estava começando a acreditar que era o limbo. Meu caminho até o purgatório era devastado pela escuridão.

A grama rebelde espetava meus pés descalços, como pequenos cacos de vidro.

Procurei por qualquer sinal de vida, mas eu estava totalmente sozinha naquele lugar. O som de um bipe ecoava distante no meio do breu, forcei meus pés doloridos a correrem o mais rápido possível. Um vulto passou perto de mim, parei imediatamente.

Não sabia o que era, mas dava para sentir o mal se espreitando em algum lugar. Corri novamente, mas algo me arremessou para longe.

-VOCÊ NÃO PODE CORRER MAIS DO QUE EU! -meu coração estava quase saindo pela boca quando escutei a voz dele. Alto como um rugido de leão, e com ódio em sua entonação.

Senti o vento do vulto passado novamente perto de mim. Dessa vez pude ver em meio as sombras seu rosto pálido e seus olhos escuros, como o de um tubarão.

O medo fez minhas pernas travarem.

-NEM É MAIS FORTE DO QUE EU! -ele bradou novamente. Seguido por uma risada maléfica.

Fechei os olhos tentando acordar, estremeci com a respiração atrás de mim.

-Você é uma garota interessante, Milena. -ele disse com uma voz arrastada- Sempre quis saber como você podia ter um coração tão bom a ponto de perdoar quem lhe faz mal.

-Eu perdoei Mike não por causa dele, mas por minha causa. Aquilo ia me corroer por dentro.

-Não estava me referindo a ele... Estou falando de mim.

Os lábios frios dele tocaram minha nuca. Com um movimento ele me fez ficar de frente para ele. Pude reparar que seus olhos eram tão escuros que pareciam apenas dois buracos, e ao olhar para eles não vi nada além de morte. Ele não tinha uma alma.

-Está assustada? -ele riu mais uma vez- Deveria ter prestado atenção aos avisos, não é tão esperta quanto pensava.

-Isso não importa mais, eu estou morta.

-Não teria tanta certeza se fosse você. -ele se afastou.

-Como não? Fui castigada a passar a eternidade nessa prisão tendo você como carcereiro.

-Está escutando isso?

Fiz silêncio para me concentrar ao bipe. Parecia vir de alguma máquina, porém, uma distante e inalcançável para mim.

-O que tem? Por que não abre o jogo de uma vez, Edward? Por que não acabamos com essas mentiras e segredos? Já que vou passar tempo indeterminado com você.

-Não está em posição de dar ordens, como você disse, eu sou seu carcereiro. Eu faço as regras aqui... e uma delas é: você nunca vai escapar.

Olhei para meus pulsos, estavam acorrentados ao chão. Entrei em desespero puxando a todo custo, mas eram resistentes demais.

-Você é mesmo uma tola, nunca vai escapar daqui. E enquanto você morre lentamente eu vou poder provar uma coisa que sempre quis. Seu sangue.

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